Primeira assembleia extraordinária em 53 anos reúne comunidade em defesa da Ciência e da Educação

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Pela primeira vez em 53 anos de história, a Unicamp realizará, nesta terça-feira (15), Dia do Professor, das 12 às 14 horas, no Ciclo Básico do campus de Campinas, uma assembleia universitária extraordinária na qual será votada uma moção em defesa da Ciência e da Educação. O ato foi aprovado no dia 25 de setembro pelo Conselho Universitário (Consu), órgão máximo de deliberação da universidade. O objetivo é conscientizar a sociedade contra a série de ataques sofridos pelas universidades e institutos de pesquisa, caracterizados principalmente pelos cortes de bolsas e ameaças à autonomia universitária.

A última vez que a comunidade promoveu um ato dessas proporções foi em 1981, para protestar contra a intervenção do governador Paulo Maluf no campus, ainda durante o regime militar. A tentativa do governo estadual de intervir na administração da universidade gerou uma onda de protestos que culminou com um grande encontro no Ciclo Básico. Pressionados, os interventores acabaram renunciando aos cargos.

Assembleia realizada no Ciclo Básico em 1981
Assembleia realizada no Ciclo Básico em 1981

O ato desta terça-feira será realizado no contexto de uma drástica redução de recursos federais destinados ao financiamento de bolsas e demais auxílios à pesquisa, essenciais para milhares de estudantes brasileiros e para a sustentabilidade do sistema nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) registrou este ano um déficit de R$ 330 milhões, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), de R$ 800 milhões, e a Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep) está paralisada pela falta de recursos necessários para honrar compromissos assumidos. “Nenhum país em crise financeira corta recursos em educação e ciência, ao contrário, são essas áreas que permitem a recuperação e o desenvolvimento econômico”, afirma o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel.

Segundo os organizadores, a assembleia será um evento marcado pela união de toda a comunidade acadêmica na defesa da universidade pública e também um espaço de celebração da pluralidade conquistada pela Unicamp nos últimos anos. O ato foi organizado pela reitoria em conjunto com a Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp), Diretório Central dos Estudantes (DCE), Associação de Pós-Graduandos da Unicamp (APG) e Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU). O texto da moção e a programação da assembleia também foram definidos em consenso com as entidades acadêmicas.

“A participação das entidades acadêmicas na definição do texto expressa a união de todos em torno de uma causa comum”, disse Knobel. Segundo ele, a moção contempla a preocupação da comunidade com os recentes ataques sofridos pelas universidades públicas. “Nesse cenário preocupante para o país, também precisamos nos unir para a preservação da autonomia universitária como princípio constitucional”, completou.

A proposta de promover uma assembleia universitária extraordinária começou a tomar corpo a partir de uma iniciativa dos estudantes de graduação e pós-graduação, por meio de diversos centros acadêmicos, Diretório Central dos Estudantes (DCE) e da Associação de Pós-Graduação (APG), que em agosto protocolaram um documento pedindo a realização de um ato para discutir os ataques sofridos pelas universidades.

Para atender alunos, professores e funcionários que participarem da assembleia, o horário do Restaurante Universitário (RU) será estendido até às 14h30. Também haverá um reforço no número de ônibus que fazem o transporte entre as unidades de Limeira e Piracicaba para o campus de Campinas. O carro extra sairá dos dois campi com destino a Campinas às 9h. Para organizar a circulação de pedestres no local, a rua Sérgio Buarque de Holanda será bloqueada entre as ruas Josué de Castro e Lev Landau (entre o IQ e o IFGW) das 11h às 15h. Já a Rua Mendelev estará interditada desde o início do dia. Agentes da vigilância interna vão orientar o público quanto à circulação no local e também sobre onde será possível se sentar para acompanhar a assembleia dentro do prédio. Haverá, ainda, o apoio das ambulâncias do Serviço VIDAS.

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Estudantes circulam pelo Ciclo Básico, local da Assembleia Geral Unicamp nesta terça-feira

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