192 - ANO XVII - 30 de setembro a 6 de outubro de 2002
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Estandes no XII Seminário de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas - Habitats de Inovação, realizado em São Paulo: levantamento revela que 57% das incubadoras são de base tecnológica, 29% são tradicionais e 14%, mistasIncubadoras levam
processo de inovação à maioridade

Levantamento revela que o Brasil já é o terceiro maior incubador de empresas do mundo; número de unidades aumentou 220% nos últimos quatro anos

MANUEL ALVES FILHO

Se depender do ritmo acelerado na multiplicação de incubadoras de empresas, o Brasil tem tudo para garantir a consolidação do processo de inovação tecnológica. Só nos últimos quatro anos, o número delas saltou 220%, passando de 74 para 234. Essa marca coloca o País na surpreendente posição de terceiro maior incubador de empresas do mundo, atrás somente da Coréia do Sul, com 250, e dos Estados Unidos, com 1,5 mil. Desde 1998, as unidades brasileiras já movimentaram negócios da ordem de R$ 600 milhões. Juntas, elas protagonizam uma nova fase do setor produtivo, inaugurada em meados da década de 70, na Unicamp, onde surgiu a Companhia de Desenvolvimento Tecnológico (Codetec), primeira incubadora nacional. Extinta alguns anos depois, a Codetec gerou empresas pioneiras como a Nova Data, especializada em minicomputadores, e a Termoquipe, pioneira em gaseificação de madeira.

Os números foram revelados por uma pesquisa da Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (Antropec), divulgada durante o XII Seminário de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas – Habitats de Inovação, realizado de 17 a 20 de setembro, em São Paulo. O levantamento, que analisou 134 incubadoras, mostrou que 57% delas são de base tecnológica, 29% são tradicionais e 14% são mistas.

Outro dado significativo, evidenciado pela pesquisa, é que 87% das incubadoras nacionais estão vinculadas de alguma forma a universidades ou centros de pesquisas. Entre as unidades estudadas, 51% estão ligadas a universidades públicas. Mas a Unicamp é a única instituição pública de ensino superior a abrigar sua própria incubadora dentro do campus. Inaugurada há seis, a unidade abriga atualmente nove empresas. Uma delas, a Tech-Chron, já registrou cinco patentes internacionais (ver matéria nesta página).

A pesquisa também mostra que 72% dos projetos em andamento são ligados à informática, e 28% à eletrônica. As 134 incubadoras mapeadas abrigam 745 empresas, das quais 274 são de soluções para informática, telecom e e-business. No aspecto financeiro, 68,5% prevêem encerrar 2002 com um faturamento de R$ 180 mil, e 18% delas esperam terminar o ano com resultado entre R$ 180 mil e R$ 260 mil. Os investimentos nas incubadoras brasileiras chegam a R$ 20 milhões por ano.

Da Incamp para o patenteamento

Depois de apenas seis meses de "gestação" na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), a Tech Chron, empresa de alta tecnologia em instrumentalização analítica, prepara-se para iniciar a fabricação em série de seu primeiro produto, um cromatógrafo de gás para análises químicas. Comandada por dois professores aposentados do Instituto de Química e um engenheiro mecânico, a empresa já patenteou o equipamento nos Estados Unidos, Alemanha, França, Holanda e Inglaterra, além do Brasil. Atualmente, esse tipo de cromatógrafo, com aplicação principalmente na indústria química, tem de ser importado dos Estados Unidos, Europa e Japão.

"Estar incubado dentro de uma universidade como a Unicamp representou um grande impulso", diz o engenheiro mecânico Valter Matos, um dos proprietários da Tech Chron. "Afinal, aqui estão muitos dos melhores cérebros no campo da pesquisa", completa. Entre eles, Matos cita os próprios sócios, os professores aposentados Carol H. Collins e Kenneth Collins, que idealizaram o novo cromatógrafo e montaram o primeiro protótipo.

Além da Tech Chron, outras oito empresas estão incubadas desde março na Incamp. "Entre elas, sete são formadas por ex-professores ou ex-alunos da própria Universidade", conta o coordenador do Centro de Tecnologia (CT) da Unicamp, Douglas Zampieri. Com exceção da Tech Thron, todas ainda estão em fase de desenvolvimento de projeto. São elas: Inovace, TCP Telecon, Bioware, Green Technologies, Eletrovento, Ignis Comunicação, Griaule e Tech-Flex. "Acredito que dentro de mais seis meses teremos outras novidades", diz Zampieri.