192 - ANO XVII - 30 de setembro a 6 de outubro de 2002
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Fapesp lança livro sobre 50 anos do CNPq

Não fora o papel decisivo da Ciência e da Tecnologia na definição da Segunda Guerra Mundial - que teve ponto final com a explosão da bomba atômica - o então presidente Getúlio Vargas e as elites brasileiras dificilmente teriam se convencido da necessidade de criar o Conselho Nacional de Pesquisa, atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Na época, a política de modernização do país concebida por Vargas baseava-se na substituição de importações e prescindia da pesquisa científica e tecnológica da qual se ocupava um seleto e restrito grupo de cientistas, concentrado em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Hoje, o Brasil tem 11.700 grupos de pesquisa espalhados por todo o país, formados por 48.781 pesquisadores, trabalhando em 41.539 linhas de investigação nas diversas áreas do conhecimento.Em 1951, ano da criação do CNPq, este seria um quadro impensável, até para os mais otimistas. Parte da história deste salto tecnológico e da consolidação da pesquisa no país, está no livro “50 Anos do CNPq - Contados pelos seus Presidentes” , editado por iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e lançado no dia 17 de setembro. A organização do trabalho é de Shozo Motoyama, professor do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

O livro tem como personagens centrais os 20 presidentes do Conselho, entre 1951 e 2001. Ao longo de 717 páginas, eles falam sobre sua formação, carreira profissional, ações, dificuldades e sucessos no comando do CNPq. Motoyama e sua equipe, formada por três pesquisadores do Centro Interunidade da História da Ciência da USP - Edson Manoel Simões, Marilda Nagamini e Renato Teixeira Vargas - conseguiram entrevistar 15 deles, em diversas situações e lugares, reunindo centenas de horas de gravação que, editadas, deram forma ao livro.

Cinco dos personagens já tinham falecido e a equipe recorreu aos Anais do Conselho Nacional de Pesquisa de 1951 a 1974 para resgatar seus depoimentos. “Os Anais são um repertório inestimável para o conhecimento histórico, pois trata-se de reprodução integral das sessões do Conselho Deliberativo, órgão máximo da agremiação, durante os seus primeiros vinte e tantos anos”, explica Motoyama. Desses documentos foram selecionadas informações que ajudaram a compor o perfil profissional de cada um deles e sua visão sobre questões institucionais.

Além desses depoimentos, a equipe de Motoyama reuniu “a maior quantidade possível de documentos sobre o CNPq”, avaliou informações que permitiram traçar os contornos das políticas científica e tecnológica implementadas no período e estudou os diversos planos de desenvolvimento do país adotados pelos vários governos. O resultado é que o livro “50 Anos de CNPq”, além de um registro, ou banco oral de informações históricas sobre o órgão, faz uma análise consistente da evolução da pesquisa científica e tecnológica no país, no último meio século.