Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 234 - de 20 a 26 de outubro de 2003
Leia nessa edição
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Tese: plano estratégico
Saúde: acidentes de trânsito
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Por que as mulheres idosas correm mais riscos que os homens

RAQUEL DO CARMO SANTOS

Rosane Carvalho (à esquerda)
e a professora Vera Aparecida Madruga Forti

As mulheres que têm entre 50 e 86 anos e que praticam atividades físicas têm maior probabilidade de desenvolver patologias como hipertensão, diabetes, obesidade, entre outras, do que homens na mesma faixa etária, segundo pesquisa feita em parques urbanos e instituições de Campinas. Essa conclusão consta da dissertação de mestrado “Perfil de aptidão física relacionada à saúde de pessoas a partir de 50 anos praticantes de atividades físicas”, apresentada, na Faculdade de Educação Física (FEF), pela especialista em gerontologia Rosane Beltrão da Cunha Carvalho, orientada pela professora Vera Aparecida Madruga Forti. O sobrepeso provocado por uma alimentação inadequada, constatou a pesquisadora, agrava este quadro.

Rosane aplicou um questionário de avaliação e vários testes de aptidão física em mais de mil pessoas, do sexo masculino e feminino, que praticam atividades físicas regularmente. No levantamento, contou com a ajuda de aproximadamente 20 estudantes de graduação, pós e de especialização da Faculdade. Em sua pesquisa, constatou também que uma grande porcentagem desse universo não-sedentário, está classificada na faixa de sobrepeso e uma taxa significativa encontra-se no grau de obesidade tipo 1, ou seja, a leve, calculados com base no Índice de Massa Corpórea (IMC).

Segundo Rosane, os dados mostraram que embora essa parcela da população pratique exercícios físicos regularmente, as mudanças nos hábitos alimentares ainda não foram incorporadas, podendo não estar adequados a essa população. A autora explica que para a manutenção de um peso ideal, apenas 20% estariam relacionados à atividade física, enquanto 80% envolvem uma dieta balanceada e apropriada.

Rosane lembra que na faixa etária estudada, as pessoas deveriam comer menor quantidade com mais qualidade devido às alterações do metabolismo. Ao invés disso, o que ocorre na realidade é justamente o contrário e, apesar de não ser o objetivo da pesquisa, Rosane identificou grande parte de idosos que moram sozinhos e com isso o fator alimentação fica muito prejudicado. É senso comum, também, a idéia de que pessoas com mais idade devem comer mais, o que agrava este quadro.

Relação cintura/quadril – Para sustentar os dados apresentados em seu trabalho, Rosane recorreu a parâmetros americanos de índices de distribuição da gordura no corpo humano ou Relação cintura-quadril (RCQ). Esta relação, segundo ela, é tradicionalmente utilizada para se prever a propensão das pessoas desenvolverem certas patologias, como por exemplo doenças cardiovasculares (DCV). Foram avaliados 979 pessoas com mais de 50 anos, sendo 734 mulheres e 245 homens.

acompanhamento: novos parâmetros

No caso das mulheres, as porcentagens de RCQ foram bastante elevadas. Trata-se de um dado preocupante no que diz respeito às patologias. Na faixa etária entre 50 e 59 anos, por exemplo, a porcentagem de mulheres com risco alto e muito alto chega a 62,92% e, entre 60 e 69 anos, o índice sobe para 65,66%. De acordo com a pesquisadora, os homens avaliados estão com a distribuição da gordura dentro das taxas aceitáveis pelos parâmetros utilizados. De 50 a 59 anos, em torno de 63% dos praticantes de exercícios físicos do sexo masculino estão fora da área de risco de desenvolver patologias. Já nas idades entre 60 e 69, a porcentagem cai para 54,88%. Rosane esclarece que foram cruzados os dados para as faixas etárias em que se possuem índices de correlação.

Se na relação cintura/quadril as mulheres estão em desvantagem, no peso as duas categorias não estão satisfatórias para os padrões americanos. O trabalho demonstrou que a maioria dos praticantes de exercícios físicos está com o peso acima do normal. Os homens lideram a contagem com 57,14% classificados no sobrepeso e 13,88% com obesidade leve. Entre as mulheres, 45,90% estão com sobrepeso e 18,98% têm obesidade leve.

Para a coleta de dados dessa pesquisa foi realizado um mutirão, entre julho e setembro de 2002, em que os estudantes foram devidamente treinados e deslocados para 17 locais entre bosques, parques e instituições ligadas à Prefeitura de Campinas. “A receptividade e o número de questionários preenchidos superaram as expectativas”, comemora Rosane.

O foco da pesquisa se concentrou nas variáveis associadas à aptidão física relacionada à saúde. São elas: força muscular – equivale a quanto se consegue executar determinado movimento –, composição corporal, resistência cardiorrespiratória e flexibilidade. Além disso, também fizeram medição de pressão arterial e freqüência cardíaca. Dessa forma os estudantes podiam orientar as pessoas que estavam com a medida da pressão arterial alterada a procurar um médico para o controle. Em relação às variáveis flexibilidade, força muscular e resistência cardiorrespiratória, os resultados alcançados pela amostra foram bastante satisfatórios, tomando-se como padrão os dados relativos à população americana.

Após a análise dos dados coletados, todos os 979 voluntários participantes da pesquisa receberam, através do correio ou da instituição à qual estavam vinculados, uma ficha técnica contendo os dados relativos à sua avaliação. Segundo a pesquisadora Rosane, o número de participantes dessa pesquisa foi bastante representativo para a literatura da área. Eles deverão contribuir para os trabalhos em andamento e servir de parâmetro para os debates da comunidade científica que ressaltam a importância da atividade física para melhorar a qualidade de vida.


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