ANO XVII - 09 a 15 de dezembro de 2002 - Edição 201
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Oswald de Andrade

Cedae guarda acervo pessoal de Oswald de Andrade, que tanto barulho fez na literatura

Quando a vida dá um romance (ou mais)

LUIZ SUGIMOTO



Tem vida que rende um livro. Mas tem vida que rende muitos livros. É o caso de Oswald de Andrade, que viveu de 11 de janeiro de 1890 a 22 de outubro de 1954. Escritor, redator, crítico literário, benfeitor das artes plásticas, boêmio, turista cultural, polêmico, irônico, cafeicultor empobrecido pelo crack da Bolsa em 1929, Marcelo Rubéns Paiva, que participou do projeto Leituras Literárias: volta ao IEL depois de 8 anosmilitante político e, por tudo isso, um homem de profundas amizades e inimizades, ele se consagrou como um dos expoentes modernistas da literatura brasileira.

"Planejei traçar este perfil intelectual convencida de que,Marcelo Rubéns Paiva, que participou do projeto Leituras Literárias: volta ao IEL depois de 8 anos ao contrário de Flaubert, o cidadão Oswald de Andrade apresenta-se inteiramente visível na sua obra", escreve a professora Maria Eugenia Boaventura, ao apresentar seu livro O Salão e a Selva: Uma Biografia Ilustrada de Oswald de Andrade (Editora da Unicamp/Editora Ex Libris, 1995). De fato, constata-se nas ricas páginas produzidas pela pesquisadora do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, uma afirmativa que José Oswald Nogueira de Andrade, filho do escritor, fez a Antônio Cândido: "Creio que a obra de Oswald não pode ser estudada desvinculada de sua vida".

Vida atribulada e obra revolucionária, que já renderam uma infinidade de trabalhos e continuam despertando muito interesse. Para os interessados, uma fonte imprescindível é o Centro de Documentação Cultural "Alexandre Eulálio" (Cedae), do IEL, onde está preservado o arquivo pessoal do escritor, adquirido com os seus herdeiros: Adelaide Guerrini de Andrade, Rudá de Andrade e Marília de Andrade. O acervo está disponível ao público, mas a consulta deve ser feita no local.
Marcelo Rubéns Paiva, que participou do projeto Leituras Literárias: volta ao IEL depois de 8 anos

"São correspondên-cias, originais manuscritos, artigos para jornais, prosa, poesia, textos políticos, livros, documentos pessoais, enfim, um leque bastante grande com aproximadamente dois mil itens", explica Flávia Carneiro Leão, supervisora do Cedae. Ela informa que vários desses documentos, no momento, estão cedidos para a exposição "Da Antropofagia a Brasília", que vai até 2 de março no Museu de Arte Brasileira, na Faap. Esta grande exposição, organizada pelo professor Jorge Schwartz, da USP, já fez sucesso na Espanha e depois vai a Buenos Aires.

Os rumorosos casos de amor de Oswald também são registrados no acervo do Cedae. Ele casou-se sete vezes, pela ordem, com: Henriette Denise Boufleur (Kamiá), Maria de Lourdes Douzani Castro (Daisy ou Miss Ciclone), Tarsila do Amaral, Patrícia Galvão (Pagu), Pila Ferrer, Julieta Bárbara Guerrini e Maria Antonieta d'Alkmin. Sendo impraticável em única página uma boa abordagem geral do acervo, ou mesmo dos romances mais barulhentos, o Jornal da Unicamp opta pelo lúdico, reproduzindo trechos de O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo (1918). É uma obra coletiva e divertida, focada em Daisy (ou Miss Ciclone), que morreu devido a complicações de um aborto mal feito e com quem Oswald de Andrade se casou in extremis.