Jornal da Unicamp 187 - 26 de agosto a 1 de setembro de 2002
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A professora Denise Vaz de Macedo, coordenadora do Labex: projeto modula estresse e repousoLaboratório livra
atletas do estaleiro

ISABEL GARDENAL

O Laboratório de Bioquímica do Exercício (Labex), ligado ao Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, colhe os frutos de seu trabalho aplicado a atletas. Isso graças à avaliação física de limiar de estresse – testes que detectam, através de análise de sangue, se o atleta tem lesão grave pelo excesso de treino. Já passaram pelo laboratório nomes consagrados do esporte brasileiro como os dos fundistas Vanderlei Cordeiro de Lima, Emerson Iser Bem, Aurélio Guedes e do lutador de jiu-jitsu Daniel Cruz.

"Diante de tantas atividades e bem-sucedidas experiências, a atitude é tornar públicos alguns resultados", comemora a professora e bioquímica Denise Vaz de Macedo, coordenadora do Labex. Os louros – conta ela – vieram com os benefícios físicos proporcionados pelo projeto, financiado pela Fapesp, que modula estresse e repouso. "Os atletas, às vezes, se submetem a muito esforço, sendo impossível prever se a carga de exercícios ultrapassará o limite individual. Se o limiar for excedido, poderão sofrer lesões musculares graves, impedindo a continuidade do treinamento".

Para evitar que isso ocorra, no Labex, alguns testes são feitos justamente com o intuito de predizer o estado geral do atleta e incluem, além de exames de sangue, exercícios na plataforma de salto (tempo e altura de salto), células fotoelétricas (velocidade máxima e resistência de sprint) e lactímetro portátil (capacidade aeróbica).

Futebol - Os clubes de futebol do Corinthians (juniores) e da Ponte Preta (profissional e juniores) foram os primeiros a abraçar essa sistemática, tendo sido nova a adesão do Guarani (profissional) na pré-temporada do Campeonato Brasileiro de 2002.

Através do trabalho com a Ponte no ano passado, por exemplo, o aluno de iniciação científica – Rodrigo Hohl obteve o terceiro prêmio, entre os melhores, no Congresso Científico Internacional de Futebol, em Salamanca, Espanha. Rodrigo apresentou os efeitos do condicionamento exibido no Campeonato Paulista de Futebol, destacando algumas capacidades físicas dos jogadores. Os juniores alcançaram na temporada o terceiro lugar na Taça São Paulo e, os profissionais, o sexto no Campeonato Brasileiro (a meta era figurar entre os oito principais).

Denise acentua que o jogador deve estar muito condicionado para atender às exigências físicas do jogo e seguir a técnica orientada pelo laboratório. "É necessário suportar o esquema tático, seja qual for, e cumprir o previsto para cada posição". Sendo assim, ela buscou sustentação num estudo do professor da Unifesp Turíbio Leite, que destaca os pontos fortes das diferentes posições no jogo.

Doutorado – Armindo Antonio Alves defendeu há pouco, no IB, sua tese de doutorado com base na filosofia do Labex, orientada por Denise.

Agora doutor, ele se prepara para o pós-doutorado e aguarda resposta sobre uma patente que criou – um sensor – com o professor Lauro Tatsuo Kubota, do Instituto de Química (IQ). Este sensor dosa a atividade de uma enzima (proteína) com praticamente uma gota de sangue, ao contrário do método tradicional, que antes coletava cerca de 5 ml. A sua adoção facilitará a obtenção dos dados com os atletas no campo, em reais condições de trabalho. O projeto concorrerá ao prêmio Governador do Estado deste ano.