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......ANO XV -Nº 161 - Abril 2001

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Muito mais que o mercado


O
II Seminário Brasileiro da Nova Economia Institucional, realizado na Unicamp entre 21 e 23 de abril, reuniu mais de meia centena de debatedores que falaram sobre tecnologia, estado, desenvolvimento, governança, contratos, ética, cadeias agroindustriais, regulação de utilidades públicas, capital social e ação coletiva, entre outros temas.
Claude Menard (Universidade de Paris I), Richard Langlois (Universidade de Connecticut), Avner Greif (Universidade de Stanford) e Benito Arruñada (Universidade Pompeu Fabra-Barcelona) participaram como conferencistas.

Walter Belik, professor do Instituto de Economia da Unicamp e presidente da comissão de organização do seminário, considerou o evento um marco. Na entrevista que segue, Belik fala do papel da nova economia institucional, destaca seu aspecto pluralista e explica porque e como a corrente trata de temas ignorados pelos economistas convencionais.

 



P- Em que medida o II Seminário Brasileiro da Nova Economia Institucional debateu questões interdisciplinares inseridas no cenário econômico?
Walter Belik -Ele se alinhou com que o que está sendo discutido no exterior em relação às novas tendências de abordagem no campo da economia. Hoje a economia não pode ser vista mais como um campo de conhecimento isolado.

A economia está se aproximando cada vez mais de outros campos de conhecimento, como a sociologia, direito, administração de empresa e antropologia, entre outros. O objetivo da nova economia institucional é conseguir juntar contribuições dessas áreas para entender o papel das instituições e discutir como ela contribui para o desenvolvimento econômico de um país. Nós trouxemos alguns pesquisadores do exterior que apresentaram trabalhos nessa área. Trata-se de um leque bastante grande, que foi desde as discussões macroeconômicas – sobre desenvolvimento econômico, pobreza e crescimento - até questões microeconômicas, como relações entre agentes, questões de contratos, privatizações, sistemas de franquias, sistemas de distribuição, relação fornecedor/processador etc, além de uma série de assuntos que dizem respeito ao dia a dia das empresas e dos agentes econômicos.

P- Como a nova economia institucional vê a questão da pobreza?
R - A pobreza é discutida dentro de uma nova abordagem. A economia convencional trabalha a questão como se ela fosse uma falta de oportunidades, como se todos os agentes chegam ao mercado com as mesmas condições e que, depois disso, algumas pessoas acabam perdendo espaço. A visão que se tem da economia institucional sobre a pobreza é a de que a sociedade não criou mecanismos suficientemente bons para poder distribuir a riqueza de uma forma mais equitativa. A economia institucional tenta entender e traduzir o papel das instituições de direito - o sistema tributário, o sistema de crédito, o sistema educacional. E, também, como esses mecanismos podem promover uma sociedade mais justa. A pobreza tem de ser vista dentro da ótica da transformação ou aperfeiçoamento dessas instituições. Se você tem instituições que promovam a desigualdade, você tem que repensar o seu papel. A universidade é um exemplo. Da forma como está implantada, ela é naturalmente um filtro. Esse modelo precisa ser rediscutido enquanto alavanca de promoção social. Os sistemas de crédito e de saúde também. Da forma elitizada e excludente como estão montados, acabam só agravando o problema.

P - Quais os aspectos da privatização que a nova economia institucional considera relevantes em seus estudos?
R - A privatização precisa ser discutida levando-se em conta um complexo sistema de incentivos que possa permitir que essa nova empresa privatizada garanta acesso e permita ganhos para o Estado, de uma forma vantajosa em relação à situação anterior. Privatizar não é apenas entregar para a iniciativa privada, mas é permitir que essa nova empresa tenha um serviço melhor e que o consumidor esteja satisfeito. Como se monta um sistema de incentivo que permita tudo isso? É tarifa? Como você controla a tarifa? Como você controla os novos investimentos que vão ser feitos? Todas essas questões são extremamente complexas e levam em conta a modelagem e um instrumental que possa evitar o oportunismo e o monopólio privado dessas empresas.

P – A produção científica sobre a nova economia institucional pode ser considerada proporcional ao interesse que ela desperta?
R - É um assunto de ponta, hoje em dia a os estudos econômicos estão se voltando muito para essa área. O volume de produção científica nessa área é muito grande e ele é ao mesmo tempo é um campo bastante pragmático da economia. Ao contrário de outras correntes econômicas, existe um pluralismo nas contribuições.
Na Unicamp, a gente tem cursos na pós-graduação que trabalham com a abordagem do institucionalismo. A USP, por exemplo, criou um curso de pós-graduação em instituições. Não é um modismo, mas sim uma nova forma de ver a economia, mais afinada com a realidade.

P - Quando a corrente começou a ser difundida? Existe alguma relação com a globalização dos mercados?
R - Um trabalho pioneiro sobre economia institucional data de 1936, mas ela começou a ser debatida mais intensamente a partir da década de 70. Existe uma relação muito grande com essa nova situação que nós estamos vivendo, mesmo porque a globalização leva a mudanças nas instituições. A forma de entender o mercado começa a ser diferente. É o que a gente costuma dizer: o mercado é uma arena socialmente construída. Junto com a globalização, veio uma crítica aos que entendem existir um determinismo histórico de mercado sobre os movimentos da economia. Como se constróem os mercados? Por que existem certos procedimentos, normas e rotinas na economia brasileira que levam a determinados comportamentos? Então, a discussão sobre globalização está muito presente, porque interfere em todas essas questões, ao contrário da economia convencional, ortodoxa, que imaginava que os resultados econômicos eram decorrentes das forças exercidas por agentes isolados buscando atender aos seus interesses. A gente tenta compreender como a sociedade interage. O comportamento das pessoas é levado por condicionamentos sociais, seu passado e suas expectativas futuras.

P - Como esses aspectos são analisados?
R - A globalização, enquanto importação de comportamentos que deram certo supostamente em outros lugares para a nossa realidade, tem uma série de problemas. Esse é o caso das privatizações. Você não pode dizer que só porque a distribuição gás é privatizada na Inglaterra, o mesmo vai dar certo no Brasil. Não podemos importar o mesmo modelo apenas por causa disso. Então, a globalização está incentivando estudos desse tipo.

P – Como a economia ortodoxa é vista nesse cenário?
R - Se existe um ponto no qual a concordância é geral, é o de que esses modelos de ver a economia da forma convencional, conforme se ensina nos manuais de economia – com as curvas de oferta e demanda e das leis de mercado que parecem ser divinas – não funciona. Isso não explica nada, precisamos mudar a forma de abordar a economia. A nova economia institucional atua buscando formas de aperfeiçoar o entendimento da realidade, olhando como funcionam as relações de uma forma mais abrangente.

 

 

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