| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 376 - 15 a 21 de outubro de 2007
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Cientistas 'descobrem' poder
nutricional do camu-camu

RAQUEL DO CARMO SANTOS

Rosalinda Arévalo Pinedo: mantidos os índices de concentrações de vitamina C e de antocianinas na polpa congelada (Foto: Antonio Scarpinetti)O camu-camu, fruta pouco conhecida e originária da várzea amazônica, tem despertado interesse de pesquisadores da Unicamp por seu enorme potencial nutricional. A fruta, de cor arroxeada, possui em média o dobro de vitamina C, se comparada, por exemplo, à concentração encontrada na acerola. Em relação à laranja, a quantidade de ácido ascórbico chega a ser 60 vezes maior. A fruta é rica também em potássio, cálcio e antocianinas.

Fruta amazônica contém altas concentrações de vitaminas

O camu-camu contém, por exemplo, cerca de duzentos miligramas de antocianinas por cem gramas de polpa, quantidade nada desprezível do ponto de vista nutricional. As antocianinas são pigmentos naturais presentes em frutas de tonalidades vermelha e azul, importantes para a alimentação saudável, pois apresentam propriedades antiinflamatórias, antimicrobianas e vasodilatadoras.

“Se houvesse incentivo à produção da fruta por parte das autoridades, as exportações seriam alavancadas. O Brasil poderia ser o principal exportador de frutas tropicais do mundo”, defende a engenheira de alimentos Rosalinda Arévalo Pinedo. Ela desenvolveu pesquisa de doutorado sobre manutenção dos atributos de qualidade do camu-camu, na Faculdade de Engenharia Química (FEQ), orientada pelo professor Theo Guenter Kieckbusch.

Rosalinda argumenta que o camu-camu tem potencial para incrementar as exportações de frutas no Brasil, pois além do grande número de rios no país – fator que pesa para a sua proliferação – a fruta tem demonstrado boa adaptação à terra firme. A pesquisadora cita o exemplo do Peru, onde a fruta é encontrada em grandes proporções. Com o incentivo do governo local, a economia teve um forte aquecimento na exportação da polpa congelada para os Estados Unidos, Europa e Japão, chegando a uma produção anual superior a 200 toneladas.

No Brasil, além da fruta não ser conhecida nem mesmo por parte das populações ribeirinhas, a produção é quase nula, com exceção de duas cidades do Estado de São Paulo que dispõem do plantio em terra firme. Ela calcula que existam perto de dez mil pés nas regiões de Iguape e Mirandópolis.

“Os pequenos agricultores destas cidades oferecem as suas produções para a Ceagesp, na capital paulista. As vendas destinam-se, basicamente, ao desenvolvimento de pesquisas. A população desconhece o potencial nutricional da fruta e as alternativas para o seu consumo”, explica. No Peru, o camu-camu é usado no preparo de sucos, sorvetes, doces e picolés. A fruta in natura não é bem aceita para o consumo por ter um sabor considerado ácido e gosto adstringente.

Um dos países com maior interesse no camu-camu é o Japão. Em dezembro de 2006, o Brasil iniciou timidamente as exportações para aquele país. Por isso, as pesquisas em torno desta nova “descoberta” são importantes. No caso de Rosalinda, ela conseguiu manter índices considerados excepcionais de concentrações de vitamina C e de antocianinas na polpa congelada do camu-camu, sem a necessidade de adição de estabilizantes.

“A perda de vitamina C, por exemplo, foi em torno de 7% a 10%, em 180 dias de armazenamento, com temperatura inferior a 20oC. Trata-se de um índice considerado extremamente baixo para os compostos nutracêuticos em geral. A idéia é conseguir uma polpa a mais natural possível”, esclarece.

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