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Jornal da Unicamp - Outubro de 2000

Página 2

ARTIGO

Alvaro P. Crósta

O mundo visto do espaço

Veja como funcionam os satélites artificiais, que compõem
um vasto e rico acervo de informações sobre o planeta

Diariamente, um grande número de satélites artificiais cruzam o espaço, carregando a bordo instrumentos de coleta de informações sobre os materiais e os fenômenos presentes na superfície do nosso planeta e em sua atmosfera. Tais instrumentos são chamados de "sensores" e a maioria deles registra essas informações na forma de imagens, compondo um vasto e riquíssimo acervo sobre tudo o que ocorre na Terra.

Talvez o termo "cruzar o espaço" não seja o mais apropriado, visto que alguns desses satélites, como os satélites metereológicos, possuem órbitas ditas "geo-estacionárias", ou seja, eles acompanham a Terra em sua rotação, registrando informações sempre sobre a mesma área da superfície do planeta. Outros, como os satélites de recursos naturais, possuem órbitas polares, circundando a Terra através de seus pólos e registrando as informações à medida em que esta rotaciona em torno de seu eixo polar e que o satélite viaja em sua própria órbita.

A ciência que trata da aquisição, processamento e interpretação das imagens de satélite é chamada de "sensoriamento remoto", que significa justamente a coleta de informações à distância, sem que haja contato com o objeto de estudo, neste caso a Terra.

Os sensores remotos funcionam então como uma extensão da visão do homem, só que colocada no espaço, a centenas ou até mesmo milhares de quilômetros de altura, representando uma maneira rápida e relativamente barata de obter informações sobre qualquer ponto da superfície do planeta. A diferença é que, enquanto a visão humana consegue registrar apenas a energia eletromagnética em um intervalo restrito de comprimento de onda (o chamado intervalo "visível", correspondendo à nossa visão colorida), os sensores eletrônicos registram tipos de energia totalmente invisíveis à visão humana, tais como o infravermelho e as microondas.

Muitos dos materiais e fenômenos presentes na superfície da Terra podem ser caracterizados e estudados com base em sua interação com essas formas de energia eletromagnética. Por esse motivo, as imagens de satélite constituem uma importante fonte de informações, sendo hoje utilizadas no monitoramento de recursos naturais (vegetação, solos, culturas agrícolas, minerais e rochas, rios, oceanos, etc.), previsão do tempo e do clima, desastres naturais (enchentes, deslizamentos, erupções vulcânicas, etc.) e aqueles provocados pelo homem (desmatamentos e queimadas), estudos atmosféricos, planejamento e cadastro em áreas urbanas, atividades militares e de vigilância, e para muitas outras aplicações.

Série Landsat – O primeiro satélite de uso civil para a coleta de informações sobre os recursos naturais da Terra foi o norte-americano Landsat, lançado em 1972. A série de satélites Landsat, atualmente em sua versão de número 7, é a mais importante fonte de imagens de sensoriamento remoto, cobrindo toda a superfície da Terra a cada 16 dias. Seu principal sensor é o Thematic Mapper (TM), que gera imagens com resolução espacial variando entre 15 e 30 metros e cobrindo o espectro eletromagnético através de suas 8 bandas espectrais, nas regiões do visível, infravermelho próximo, médio e termal.

Ao longo das última décadas, diversos outros satélites de monitoramento de recursos naturais foram lançados ao espaço, destacando-se o francês Spot (lançado em 1986 e atualmente em sua quarta versão), o europeu ERS (lançado em 1991, sendo o primeiro sensor orbital do tipo SAR-radar de abertura sintética, operando no espectro das microondas e voltado a aplicações oceânicas), o japonês JERS-1 (lançado em 1992, com dois sensores, um do tipo SAR-radar de abertura sintética e o outro operando no visível e infravermelho), o indiano IRS (lançado inicialmente em 1988, atualmente em sua quarta versão, contando com um sensor com resolução espacial de 6 metros) e o canadense Radarsat (lançado em 1995, com um sensor do tipo SAR com múltiplas configurações, permitindo o seu uso em diversos tipos de aplicação).

Em outubro de 1999 o Brasil, em parceria com a China, se juntou à comunidade de países que dominam com sucesso a tecnologia de obtenção de imagens de sensoriamento remoto, com o lançamento do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), levando a bordo três diferentes sensores, sendo um deles especialmente projetado para o monitoramento do problema de desmatamento na Amazônia.

Avanços tecnológicos de grande impacto foram alcançados nos últimos meses, com o lançamento, em setembro de 1999, do Ikonos, um satélite construído e operado pela empresa Space Imaging, capaz de obter imagens de altíssima resolução espacial (entre 1 e 4 metros) de todo o planeta, e, em fevereiro de 2000, quando o ônibus espacial Endeavour orbitou a Terra, realizando a Missão Topográfica por Radar (SRTM). Num curto pe-ríodo de apenas 11 dias foi gerada a mais completa base de dados sobre a topografia da superfície do planeta, com a obtenção de dados altimétricos com precisão compatível com mapas topográficos na escala de 1:50.000.

Através das imagens geradas periodicamente por esse conjunto de satélites é possível hoje monitorar uma vasta gama de processos e fenômenos que ocorrem em nosso planeta, auxiliando tanto na exploração racional de seus recursos, como também na prevenção e remediação de desastres naturais ou provocados pelo homem. As imagens de sensoriamento remoto representam portanto uma ferramenta tecnológica a serviço do desenvolvimento ambiental sustentável, em benefício da humanidade.


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