Obra reúne artigos com subsídios para
gestores das 19 cidades que compõem a RMC

MANUEL ALVES FILHO

Os gestores públicos da Região Metropolitana de Campinas (RMC) contarão com uma importante ferramenta que os auxiliará na construção de uma agenda voltada ao enfrentamento dos problemas comuns às 19 cidades que compõem a nova instância político-administrativa. O Núcleo de Economia Social, Urbana e Regional

O livro, explica Fonseca, é parte de um projeto de trabalho do Nesur, que desde 1988 tem realizado pesquisas sobre os processos de desenvolvimento econômico e de urbanização no Estado de São Paulo. De acordo com o professor, a obra pretende gerar informações e instrumentos de análises, a partir dos quais pesquisadores da Unicamp e de outras instituições possam produzir estudos acerca dos diferentes aspectos da realidade econômica e social da RMC, contribui

ndo para melhor embasar e orientar a ação pública. A publicação é oportuna, pois surge justamente no momento em que os integrantes do Conselho de Desenvolvimento da RMC começam a discutir, por meio de câmaras temáticas, as diretrizes que assegurarão o futuro da região.

O Livro Verde contém 500 páginas. Os artigos foram agrupados em três segmentos que abordam a dinâmica e as características da metrópole campineira. "A idéia é levantar os problemas e dar início ao debate de questões fundamentais ao desenvolvimento da RMC. Alguns textos, porém, avançam e eventualmente apresentam propostas para o enfrentamento de dificuldades", afirma o coordenador do Nesur. Entre os autores aparecem nomes como o do ministro da Saúde, Barjas Negri; do ex-secretário de Transportes de Campinas, Laurindo Junqueira Filho; da secretária-executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Castro; e do sociólogo e professor da USP, Sérgio Adorno (veja quadro). "É um trabalho plural, que congrega técnicos, acadêmicos e gestores públicos", define Fonseca.

De acordo com Aurea Davanzo e Rovena Negreiros, pesquisadoras do Nesur e co-organizadoras do livro, a obra não pretende esgotar as discussões em torno da questão metropolitana nem tampouco indicar temas prioritários. A publicação é, antes de tudo, uma contribuição à formação da consciência metropolitana. "Os gestores públicos sempre tiveram uma visão localizada dos problemas que atingem a região. A partir de agora, eles terão que pensar e trabalhar de forma supramunicipal. Não adianta um determinado município situado às margens de um rio tratar isoladamente o seu esgoto doméstico e industrial, se o seu vizinho, localizado logo acima e que gera um volume muito maior de poluentes, não fizer o mesmo", exemplifica Aurea.

Continuidade - A contribuição do Nesur ao debate em torno da problemática metropolitana não ficará restrita ao Livro Verde, como ressalta o seu coordenador. Conforme Fonseca, ao longo dos próximos meses, o Núcleo pretende organizar seminários para tratar de temas presentes ou não na publicação. Os eventos deverão reunir especialistas dos setores público e privado e representantes da sociedade para examinar propostas sobre políticas de ação metropolitana, em cada uma das áreas definidas como "funções públicas de interesse comum" na lei de criação da RMC.

Além disso, a partir dessas reflexões, novos estudos e pesquisas deverão ser gerados. Dois desses trabalhos já estão em andamento. De acordo com o professor Fonseca, estão sendo produzidos mapas sobre a expansão da mancha urbana regional, gerados pela Embrapa, com base na interpretação de imagens de satélite. Também está sendo organizada um a base geo-referenciada de dados sócioeco-nômicos, derivada dos microdados do Censo de 2000. O esforço reúne o próprio Nesur, o Núcleo de Estudos da População (Nepo) e o Instituto de Geociências (IG) da Unicamp. Sobrepondo os indicadores do IBGE aos mapas, é possível reconstruir as estatísticas com base na mancha regional, avançando assim em relação ao recorte apenas municipal. "Trata-se de mais uma importante ferramenta de gestão urbana", atesta Rovena.