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Jornal da Unicamp -- Março de 2001

Página 15

SERVIÇO

Intrusos na Biblioteca

Equipe do Arquivo Edgard Leuenroth emprega técnica com gases
para salvar livros e documentos históricos dos insetos

ROBERTO COSTA

Um espanador na mão e atenção redobrada para qualquer "pozinho" suspeito. Diariamente, Marineide Barbosa Mariano cuida da limpeza de 2.360 metros de documentos históricos guardados nos armários deslizantes do Arquivo Edgard Leuenroth (AEL), no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. Parece serviço rotineiro, mas não é. Os documentos antigos que chegam ao AEL muitas vezes são preciosidades, mas também trazem grande risco de contaminar os outros volumes. Marineide tira o pó de cada um e, ao menor sinal de "intrusos", faz um alarde.

De imediato é acionada Maria Aparecida Remédio, bibliotecária com treze anos de casa que se especializou em conservação e manutenção de arquivos. Remédio, cujo sobrenome remete a uma feliz coincidência, desenvolveu uma técnica onde se utiliza gases para manter íntegros os documentos. Empregado há pelo menos uma década no AEL, o sistema já foi implantado na Biblioteca Central da Unicamp, no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro e no Centro de Memória de Santos.

O ‘livro suspeito’ é levado para uma pequena sala, onde outros exemplares já passam por um processo de desinfecção. Quem vê dezenas de volumes dentro de sacos plásticos pensa, a princípio, que eles estão preparados para presente. Nada disso. Eles estão sendo submetidos a um sistema de vácuo, que elimina o oxigênio, para em seguida receberem uma carga de dióxido de carbono ou nitrogênio. Este processo dura horas, eliminando os insetos e, se for o caso, até seus ovos – são 120 horas (uma semana) no uso de dióxido de carbono e o dobro de tempo com nitrogênio.

Remédio explica que os insetos podem acabar com uma coleção que demorou décadas para ser construída. "Os gases, além de eliminar com eficácia insetos agressores, não ameaçam a integridade do material". A bibliotecária procura aprimorar a cada dia esta técnica, que está em fase de patenteamento (protocolado sob n. 4.465 do INPI, em outubro de 2000). No final do ano passado, ela percebeu que aqueles sacos aluminizados para embrulhar presentes de Natal poderiam acondicionar os gases com eficácia, no ambiente de purificação. A eficácia ficou comprovada na prática.

Modernidade – Verbas obtidas por meio do Projeto Fapesp permitiram que o AEL se modernizasse nos dois últimos anos. Os recursos de R$ 619 mil foram usados para a aquisição de arquivos deslizantes, um eficiente sistema de alarme e segurança e para o acondicionamento dos documentos em pastas de papel neutro. Sensores de temperatura e umidade relativa do ar, colocados em pontos estratégicos, subsidiam o monitoramento ambiental. Apesar disso, o AEL ressente-se de uma nova sede, mais espaçosa. "Temos sido obrigados a recusar ofertas de coleções por falta de espaço", afirma a supervisora da Seção de Pesquisa do Arquivo, Elaine Zanatta.

Elaine ministra, juntamente com Maria Aparecida Remédio e o professor Sidney Chalhoub (diretor do AEL e do IFCH), uma disciplina de arquivos, oferecida aos alunos de História, mas que também recebe estudantes de outros cursos da Unicamp. O AEL mantém ainda um boletim eletrônico mensal para deixar seus assinantes atualizados sobre as últimas novidades, serviço que estará completando três anos em julho.

E-album Edgard Leuenroth

A Unicamp adquiriu em 1974 o material histórico que Edgard Leuenroth armazenou por décadas. Fonte de consulta para muitos historiadores e tema para dissertações de mestrado e teses, a vida de Leuenroth agora é um E-album do AEL. Desde o final do ano passado, 70 fotos do jornalista e anarquista estão disponíveis na Internet, juntamente com um resumo de sua vida e atividades. Para a confecção do E-album, Maria Cimelia Garcia e Silvia Rosana Modena Martini, além das pesquisas, colheram o depoimento da filha do ativista, Nair Leuenroth Soubihe, que ainda cedeu, para reprodução, fotos inéditas do álbum da família.

Edgard Leuenroth (1881-1968) nasceu em Mogi Mirim (SP). Aos 12 anos, ingressou no jornal O Commercio de São Paulo, onde exerceu a função de tipógrafo durante 12 anos. Sua primeira edição jornalística foi em 1897, quando publicou o jornal crítico e literário O Boi. No início de 1900, passou a freqüentar o Círculo Socialista e acabou atraído para o movimento anarquista, do qual jamais se afastou.

Leuenroth desempenhou papel de destaque na greve geral de 1917 em São Paulo, ano em que fundou A Plebe (periódico anarquista que conquistou enorme penetração no meio operário, chegando a ser diário em 1919). Participou da fundação do Partido Comunista do Rio de Janeiro – grupo de tendência libertária que reuniu socialistas e anarquistas.

Na Internet: http://www.arquivo.ael.ifch.unicamp.br/edgard/edgard.htm

Insetos que atacam livros

• Piolhos de livros – Insetos muito pequenos, providos de asas, medindo de 1 a 3 milímetros de comprimento. Têm a cabeça relativamente grande e mandíbulas dentadas na parte interna do aparelho bucal. Alimentam-se de fungos. Corroem os documentos, deixando orifícios menores que 1 milímetro e de contorno irregular.

• Cupins – Insetos que vivem em túneis dentro da terra, madeira ou ninhos. Compreendem 3 castas: os obreiros, que escavam túneis e constróem ninhos, coletam alimentos, nutrem outras castas; os soldados, que mantêm a ordem na colônia; e os reprodutores, alados, que abandonam as asas, acasalam-se e produzem jovens.

• Brocas - Pequenos besouros medindo cerca de 2,5 e 3,5 milímetros de comprimento, coloração castanho escuro ou preto e cobertos de pelos muito finos. Não se alimentam na fase adulta, que varia de 7 a 30 dias. Colocam seus ovos nas bordas das folhas ou nos orifícios da superfície das encadernações. As larvas vivem aproximadamente 11 meses e são elas que causam os estragos.

Por que CO2 ou N2?

• É um tratamento inócuo e sem resíduos de produtos químicos. É de fácil aplicação e de baixo custo, se comparado a outros processos de desinfestação. O método é seguro para os documentos e para as pessoas.

Conheça melhor a técnica em http://www.arquivo.ael.ifch.unicamp.br/pres-co2.htm

Acervo do AEL e seu sistema de buscas

O acervo do AEL é composto por 50 fundos e coleções, com aproxidamente 24.000 livros, 5.000 folhetos, 200.000 manuscritos, 13.820 títulos de revistas brasileiras e estrangeiras, 3.470 títulos de jornais brasileiros e estrangeiros - parte em papel, parte em aproximadamente 3.000 unidades de microfilmes -, 44.000 registros fotográficos, 1.100 postais, 2.000 cartazes, 1.300 fitas de áudio em cassete, 320 fitas de áudio em rolo, 660 fitas de vídeo, 320 películas cinematográficas, 1.330 discos, 620 partituras e 280 mapas.

Quando chegaram à Unicamp, em 92, as 16.585 fotos do jornal Voz da Unidade, que circulou entre 1980 e 1991, estavam em sua maior parte sem identificação. Mas graças ao trabalho de pesquisa, cruzamento de informações e muita busca pelas páginas de mais de 10 anos da publicação, o arquivo fotográfico do Voz da Unidade hoje é mais um serviço oferecido pelo AEL.

As historiadoras Patrícia Cano Saad e Roberta Refosco, juntamente com duas técnicas contratadas especialmente para a função, terminaram no início deste ano um trabalho que durou quase dois anos. Ele contou com o apoio da Fapesp e da Fundação Vitae e pode ser consultado via Internet. As fotos não estão disponíveis na rede, mas existe um serviço de busca destinado a pesquisadores. Mediante a consulta, o interessado terá acesso às fotos, podendo reproduzir as que necessitar.

Esta mesma busca é possível para se chegar a 34 diferentes coleções e fundos do AEL. Só no ano passado o Arquivo atendeu a 1.613 itens de pesquisas, possibilitando acesso a 3.072 materiais ali existentes. A média é de 143 usuários/dia. Pelo menos 30% das pesquisas referem-se ao público externo, formado por advogados, jornalistas, artistas e outros pesquisadores da história brasileira.

Para buscas: http://www.arquivo.ael.ifch.unicamp.br/pub-art14.htm


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