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Jornal da Unicamp -- Março de 2001

Página 14

LIVRO

Perto do coração criança

Tese mostra a singularidade dos livros infantis de Clarice Lispector

ANTONIO ROBERTO FAVA

Antes mesmo que completasse sete anos de idade, ela já fabulava e inventava histórias. Aos 23 anos escreveu o seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem, no qual já revelava o estilo introspectivo que marcaria toda a sua obra, uma linguagem que iria revolucionar a literatura brasileira.

Alguns críticos julgam-na uma autora de texto hermético, difícil de ler. Outros dizem que Clarice era uma mulher depressiva, melancólica, que transferia essa melancolia para seus textos, acompanhada de boa dose de crueldade, violência e sexualidade. Inclusive para as histórias destinadas ao público infanto-juvenil.

Mas nada disso procede, segundo a tese de doutorado de Nilson Fernandes Dinis – Perto do coração criança: uma leitura da infância nos textos de Clarice Lispector – defendida na Faculdade de Educação (FE), sob orientação da professora Agueda Bittencourt. Dinis afirma que a produção literária de Clarice Lispector para o público infanto-juvenil é singular. "Ela diverge do estilo moralista das histórias infantis feitas no Brasil e rompe a velha e desgastada construção do texto que comumente se iniciava com o ‘era uma vez’, inaugurando um estilo novo", afirma Dinis.

A autora emprega imagens que podem ser vistas como agressivas às crianças. Tinha, porém, grande habilidade para tratar desses temas com este público, sem infantilizá-lo, de maneira respeitosa e elegante.

No conto A Mulher que Matou os Cachorros, um cão é estraçalhado por outros cães. Mas existe uma lógica, embora cruel, mostrando que o cão entrou na briga para demonstrar seu amor pelo dono. "É uma cena de amor que revela como funciona o universo da criança, de uma forma intensa, direta e longe do universo moralista do adulto, que define o que é bom e o que é ruim", explica Dinis.

"Quando me comunico com a criança é fácil, porque sou muito maternal. Quando me comunico com adulto, na verdade estou me comunicando com o mais secreto de mim mesma, daí é difícil... O adulto é triste e solitário. A criança tem a fantasia muito solta", escreveu Clarice.

Poder de sedução – "Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo". Depressiva ou bem humorada? Quem conviveu com a escritora diz que era uma mulher alegre, que vivia fazendo caretas e imitando pessoas. Bonita, tinha um grande poder para, inconscientemente, seduzir os homens que estivessem ao seu redor. Clarice criava suas obras coma máquina de escrever sobre os joelhos, ao mesmo tempo em que cuidava dos filhos, Pedro e Paulo.


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