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Esporte para idosos praticado
também com emoção e prazer

O professor de educação física Ernesto Marquez Filho: dedicando-se à terceira idade desde 1975 (Fotos: Neldo Cantanti/Divulgação)A experiência bem-sucedida da ginástica para a terceira idade realizada pelo Sesc-Campinas se transformou em tese acadêmica. Um dos idealizadores do programa na entidade, o professor universitário Ernesto Marquez Filho, deixou registrado na academia como conseguiu desenvolver uma metodologia de atividades esportivas com foco não somente na saúde física, mas também na psicológica e social do idoso. Conforme Márquez Filho, em geral os programas voltados para a terceira idade contemplam apenas exercícios para melhor o condicionamento físico ou aliviar dores musculares e lombares. “Fazer exercícios é relativamente simples, mas essa atividade não consiste em mero ato mecânico funcional. A minha proposta é entender o idoso em uma perspectiva mais ampla e centrar práticas pedagógicas em outras necessidades inerentes a esta etapa da vida das pessoas, provocando emoção e prazer”, argumenta.

Professor transforma em tese suas experiências no Sesc





Grupo que serviu de base para estudo de doutorado: atividades voltadas para a saúde física, psicológic e social

A tese de doutorado “O Esporte para idosos: Uma perspectiva educativa para a saúde e qualidade de vida”, orientada pela professora Elizabeth Paoliello Machado de Souza, baseou-se no trabalho feito ao longo de cinco anos com um grupo experimental de 30 idosos, mas a experiência de Ernesto Marquez Filho neste tema vai além. Desde 1975, o professor dedica-se às práticas voltadas para esta população: fez especialização em gerontologia social e, para alcançar o título de mestre, também abordou a temática de forma generalizada. “Quis ratificar as teorias que fui construindo ao longo dos anos. A experiência profissional permitiu que construísse uma metodologia diferenciada”, explica.

Segundo Marquez Filho, sua tese não apresenta uma fórmula específica para o trabalho com o idoso. Traz contribuições conceituais, diretrizes e subsídios para a construção de um referencial próprio, respeitando as realidades de cada grupo. O professor argumenta que o envelhecimento é multifatorial, visto que cada indivíduo tem uma maneira própria de envelhecer, com experiências diferentes, o que deve compor o universo pedagógico. Nesse sentido, as atividades físicas têm a função educativa e, portanto, de transformação das pessoas. Outra questão a ser considerada é que o idoso de hoje é diferente de alguns anos atrás. Houve transformações e é importante dar abertura para questionamentos e ensiná-los a criticar. Tudo isso no momento destinado às práticas esportivas.

Durante a aula, Marquez, defende a troca de experiências. “No início acreditava que eu detinha o saber, pois era o professor de educação física e havia estudado para isso, mas percebi que eles tinham conhecimento acumulado da vida, o que enriquecia muito as aulas”, conta. Isto trouxe uma nova compreensão do universo que norteia esta etapa da vida. O retorno de suas conversas e argumentações constitui uma oportunidade de criar novas intervenções. “Eles são carentes em uma série de coisas e, dificilmente, reclamam ou fazem valer os seus direitos. São raras as exceções”. Em suas aulas, o professor trazia assuntos da vida cotidiana de cada um, sem dissociá-las da prática pedagógica.

Para orientar as necessidades específicas e subsidiar as ações realizadas com o grupo experimental, a tese contempla ainda um levantamento de dados com 425 idosos da Regional São Paulo do Sesc. O trabalho voltado para a terceira idade do Sesc é considerado uma das experiências mais positivas no país. Apenas no Sesc-Campinas, 1.200 pessoas participam das atividades físicas.

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