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Ciência Translacional é tema de disciplina inédita oferecida para graduandos

Iniciativa resulta de parceria entre Unicamp, Unesp e USP com apoio da Universidade de Oxford

Com o apoio da Universidade de Oxford, está sendo oferecida a disciplina optativa de graduação sobre “Ciência Translacional”, termo utilizado para as pesquisas realizadas com objetivos téorico-práticos especificamente nas áreas da saúde para estabelecer a conexão entre a biomedicina básica e a inovação em saúde. A iniciativa é fruto de uma parceria liderada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), por meio do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap) e da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) – Campus Botucatu, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O oferecimento da disciplina na graduação das três universidades dialoga com a infraestrutura que está sendo montada no campus de Botucatu da Unesp a partir da construção da Fábrica de Biofármacos do Cevap.

A aula inaugural foi ministrada no dia 1º de março pelo professor Rui Seabra Ferreira Junior, coordenador executivo do Cevap, que apresentou contextos históricos e conceituais sobre o tema “Ciência Translacional”. O curso segue até junho de 2024, em formato híbrido, com aulas online síncronas com as universidades participantes e aulas presenciais marcadas por visitas a instalações das universidades estaduais que atuam diretamente com pesquisa translacional.

De acordo com o professor Benedito Barraviera, um dos idealizadores do curso, a disciplina recebeu 159 inscrições de alunos da USP, 57 da Unesp e 25 da Unicamp, totalizando 241 candidatos, ou seja, 8,03 alunos para cada vaga oferecida. “Como o objetivo principal era avaliar o ‘interesse’ dos alunos pelo tema, acredito que isto foi atingido. A próxima etapa, desde que se mantenha este interesse, será desenvolver uma ‘Habilitação em Ciência Translacional’ com um ano de duração”, esclareceu.

Em sua fala de abertura, Ferreira destacou a importância da integração entre os profissionais de várias áreas, que buscarão soluções para a sociedade, seja em forma de medicamentos, dispositivos médicos, novas metodologias para exames diagnósticos, soluções para saúde pública, entre outras. “Vamos discutir isso ao longo do curso, com grandes especialistas. Vocês, estudantes, devem aproveitar essa oportunidade”, enfatizou.

Para o pró-reitor de Graduação da USP, Aluísio Segurado, a disciplina de “Ciência Translacional” é uma semente para a integração e o congraçamento das três universidades estaduais paulistas. “É compromisso da atual gestão da USP, da Unesp e da Unicamp desenvolver mais mecanismos de aproximação entre as três universidades, a fim de contribuir para sua missão de promover o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social do estado de São Paulo. E esta disciplina explora um dos nichos estratégicos da ciência brasileira contemporânea, que é a produção biotecnológica, tão importante para a soberania nacional e para a saúde de todos os brasileiros e brasileiras. A recente pandemia de covid-19 nos fez entender a importância da ciência translacional e posição estratégica que ela ocupa, particularmente aquela voltada à saúde, no mundo de hoje”, concluiu.

José Paes de Oliveira Filho, docente do Departamento de Clínica Veterinária da FMVZ — ao qual a disciplina está vinculada na Unesp — considerou a realização do curso uma conquista para as três universidades paulistas. “Essa disciplina nos enche de orgulho por ser um embrião para os próximos passos que temos em mente. Para os alunos, será uma oportunidade de consolidar um grande networking com estudantes de outras universidades, atuando em diferentes áreas. Isso é enriquecedor”, observou.

Para a professora Laura de Oliveira Nascimento, responsável pela disciplina na Unicamp, essa interdisciplinaridade já é uma característica da Unicamp, mas agora foi iniciada uma etapa interuniversidade, o que é uma inovação. “Com isso, virão diversos desafios, mas, com certeza, com carinho, dedicação e muita informação de qualidade, vamos avançar nessa colaboração entre as graduações das universidades”, previu.

Sue Ann Costa Clemens, representante da Universidade de Oxford, disse que a disciplina foi pensada de maneira abrangente, não apenas em relação ao conteúdo, mas também no que diz respeito às hard e soft skills. “Isso significa que as aulas contemplam o conteúdo, mas também as formas como isso será comunicado à população. Se não comunicamos nossos resultados, não estamos fazendo ciência, nem pesquisa, nem trazendo inovação e tecnologia para nosso país e para o mundo”, ponderou.

“Quero parabenizar os alunos por terem feito essa escolha de participarem desta primeira turma. Há duas décadas, criei os primeiros programas acadêmicos certificados em relação à pesquisa e ao desenvolvimento na Universidade de Siena. Mas essa etapa que se inicia agora deveria ter sido a primeira etapa, na graduação, de formação de profissionais, o que contribui para o pensamento crítico e científico, além de uma visão estratégica.  E esse é o embasamento para a segunda etapa, que já criamos, isto é, a concepção, o planejamento e a execução desses projetos na pós-graduação. Mas, para isso, o que estamos iniciando agora é crucial”, considerou.

Imagem da aula inaugural da disciplina de Ciência Translacional ocorrida no dia 1/3
Imagem da aula inaugural da disciplina de Ciência Translacional ocorrida no dia 1/3

A expectativa dos alunos

Unesp – A aluna do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp – Campus Botucatu Giovanna Poda conta que escolheu cursar a disciplina devido ao seu interesse em aprender mais sobre a indústria farmacêutica. “A oportunidade de participar de um programa inovador, que reúne quatro universidades de peso (USP, Unesp, Unicamp e Oxford), durante a graduação, é realmente única. Estou animada para aprender com pessoas de diferentes áreas e construir conexões valiosas. Tenho certeza de que essa experiência vai contribuir significativamente para a minha formação e abrir portas importantes para o meu futuro profissional”, destaca.

Unicamp – Lívia Okuda, aluna do curso de Farmácia da Unicamp, afirma que se interessou pela disciplina desde o momento em que leu a ementa. “Entrei na graduação no ano de 2020, então, dois anos de aulas foram na pandemia. Estudar Farmácia durante uma crise de saúde global foi uma experiência que não recomendo a ninguém (não por conta da universidade, mas sim por todo o contexto político envolvendo as fakenews). Foi agonizante assistir a uma busca incansável por um medicamento que fosse capaz de tratar covid-19 e não dar certo”, enfatiza. “Conhecemos muito bem o processo de produção de novos medicamentos, sabemos que é muito longo e não estávamos preparados para desenvolver algo de forma tão rápida. Por isso, participar de uma matéria em que sejam abordados os processos de pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos me auxilia a estar mais preparada para momentos de catástrofe, como a pandemia da covid-19. Quero fazer parte desse time de pesquisadores que estarão em busca de algo que pode salvar milhões de vidas”, explica.

Lívia ainda classifica a disciplina como “revolucionária”. “Achei incrível poder estar em contato com professores e alunos das outras universidades públicas de São Paulo. É uma oportunidade maravilhosa. A integração das universidades e dos saberes é o futuro da educação. Não tem nem o que falar de Oxford. Não podia perder a oportunidade de aprender algo de uma das universidades mais antigas do mundo! Pretendo aprender muito mais a fundo todos os processos de produção, regulamentação e pesquisa de fármacos e poder conhecer de perto os centros de pesquisa e produção públicos que temos aqui em nosso estado”, finaliza.

USP – Maria Eduarda Pedroso Barbosa, aluna do curso de Medicina da USP, explica que se inscreveu na disciplina porque sempre quis trabalhar com ciência. “Foi por esse tipo de oportunidade que eu decidi sair da casa dos meus pais e vir para São Paulo cursar Medicina. A abertura do curso foi bem animadora. É muito legal participar desse momento histórico de cooperação entre grandes instituições e ter contato com tantas pessoas incríveis. Me sinto imensamente privilegiada por ser um dos 10 estudantes da USP que estão cursando a disciplina”, enfatiza.

Matéria publicada originalmente no site da Unesp.

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