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Alexandre Eulalio
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Primeiro movimento
 


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De olhos (bem) abertos

Jovens contam seus sonhos e dizem o que pensam
do país, da crise e do futuro



CLAYTON LEVI


Fernando Garcia de Souza: "Acho que tudo deve começar pela educação" (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Eles são bem informados, sabem o que querem e estão dispostos a oferecer sua parcela de contribuição à sociedade. Em contrapartida, só esperam duas coisas do País: mais investimentos em educação e o fim da corrupção nos órgãos públicos. Ao contrário do que muita gente imagina, os estudantes do ensino médio, que compõem uma parcela significativa da população, mantêm os olhos bem abertos e sabem avaliar com clareza os vários cenários que compõem o quadro atual, marcado pela crise política na qual o Planalto está atolado desde maio. Pelo menos é o que revela a entrevista que se segue, realizada com participantes da 3ª UPA (Unicamp de Portas Abertas), promovida pela Universidade nesta sexta-feira e no sábado. O evento, que reuniu 47.287 alunos oriundos de 745 escolas de 11 estados, também serviu como termômetro para avaliar o que os estudantes pensam do país onde vivem.

Participaram da entrevista os estudantes Luis Octávio Vieira Pereira, 16 anos, aluno do primeiro ano de ensino médio no Centro Educacional Mireta Barontto, em Barra do Piraí (RJ); Fernando Garcia Souza, 16, terceiranista no Colégio São Judas Tadeu, de Araçatuba (SP); Natália de Souza, 16, aluna da Escola Técnica Estadual Conselheiro Antonio Prado (Etecap), em Campinas (SP); Caroline Cavalcanti do Nascimento, 17, que cursa o terceiro ano no Colégio Oswaldo Cruz, em Campo Grande (MS); Leonardo Henrique Silva, 17, aluno de segundo ano no Liceu Anglo de Muzambinho (MG); e Dilma Andrade Siqueira, 17, que faz o terceiro ano no Colégio Estadual Brasílio Machado, em São Paulo (SP).

Natália de Souza: "Acho que essa crise encerra o ciclo petista no país"(Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Com a descontração característica da idade, eles falaram sem rodeios sobre suas preocupações e expectativas, dando uma amostra de que sua geração não está disposta a deixar passar a oportunidade de colocar o país no rumo do desenvolvimento sustentável, com base na formação educacional e no resgate dos valores éticos. Também apostam num aumento da consciência política como forma de fortalecer a voz da sociedade na escolha de seus governantes e representantes. Intercalando gírias com palavras de ordem, compõem um discurso que pode ser rotulado de tudo, menos de ingênuo e alienado. E estão prontos para dizer o que pensam através do voto nas próximas eleições.

Juntamente com os outros milhares de estudantes que participaram do evento, eles percorreram laboratórios, salas de aula, auditórios, estúdios e ateliês, entrando em contato direto com professores e pesquisadores. Receberam informações, fizeram perguntas, observaram equipamentos, ouviram palestras, trocaram idéias, participaram de atividades artísticas, aprenderam, se divertiram e, no final, voltaram para suas cidades levando a certeza de que a riqueza do campus, composta pela diversidade de temas e idéias, representa um importante aliado para a realização de alguns de seus sonhos. A seguir, os principais trechos da entrevista.


Jornal da Unicamp – Qual é seu estado de espírito em relação ao Brasil de hoje?

Luis O. Vieira Pereira: "Tenho esperança de que um dia o país melhore" (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Luis Octavio Vieira Pereira – Estou pessimista. O partido que está no poder não governa direito. O que está acontecendo dá a entender que por mais que se tente colocar políticos honestos no poder o país não vai pra frente. Não tem como saber se eles são realmente honestos. Você vota na imagem que mostram para a população mas não tem como comprovar se aquela imagem é verdadeira. Mesmo assim, tenho esperança de que um dia o país melhore, embora não acredite que isso possa acontecer num curto espaço de tempo. Acho que isso é possível desde que haja a conscientização do povo para votar em políticos corretos. De minha parte, vou fazer o possível. Vou tentar ser um cidadão honesto e trabalhador para contribuir com o meu país.

Natália de Souza – Não estou otimista nem pessimista. Acho que essa crise encerra o ciclo petista no país. As coisas podem mudar. O PT sempre representou uma esperança de mudança. Quando elegeram o Lula o povo pensou assim: “Agora vai”. Mas na verdade não mudou. Isso quebrou muito a esperança das pessoas. Mas acho que por mais que o governo tenha se corrompido, algumas coisas vão mudar. Este é um momento de reavaliação para vermos onde ocorreu o erro e como vamos reconstruir a esquerda. Não sei bem o que esperar. Acho que depende muito de como vão se desenrolar as próximas eleições. Espero que as pessoas prestem mais atenção e denunciem a corrupção. Acho que o país pode esperar de mim a militância para trabalhos de base, tentando conscientizar as pessoas sobre como é importante atuarem como cidadãos e lutarem por seus direitos.

Caroline C. do Nascimento: "É pelo voto que se vira o jogo" (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Fernando Garcia de Souza – Estou no meio termo. Não dá pra ficar otimista por causa dos governantes, mas também acho que o escândalo do Mensalão vai fazer com que as pessoas passem a denunciar mais a corrupção. Espero que o Brasil melhore, mas vai ser difícil. Acho que tudo deve começar pela educação. Embora seja clichê falar desse jeito, acho que pode funcionar. Como cidadão vou tentar ajudar melhorando a consciência política da sociedade em que vivo.

Caroline Cavalcanti do Nascimento – A situação está muito difícil mas a gente não pode simplesmente falar que está tudo péssimo ou que está tudo bem. Nesse momento a gente tem de observar a situação, ver o que vai acontecer, para depois tomar uma posição definitiva. Apesar das dificuldades, o país está crescendo, a economia está melhorando, está havendo investimento em infra-estrutura e em emprego. O Brasil tem condições de ser uma potência mundial. Sempre fui uma nacionalista. Sempre acredito no país. Acho que a gente não pode simplesmente ficar falando que os políticos não servem para nada e que não vale mais a pena votar. A gente tem de lutar, porque é pelo voto que se vira o jogo. Vou tentar fazer o máximo para ser uma cidadã consciente e mudar um pouco a situação.

Leonardo Henrique Silva – Estou otimista. Todo mundo sabe que a corrupção sempre existiu. Não é uma novidade. Só que agora veio à tona. E vindo à tona talvez sirva para melhorar alguma coisa. Espero que o país melhore e cresça. Pelo que a mídia informa, a gente percebe que por enquanto a economia não está sendo afetada. Se a política está corrompida, a economia segue adiante, então está bem e as coisas podem melhorar. Vou fazer a minha parte como estudante, tentando uma boa formação.

Dilma Andrade Siqueira – Estou pessimista. Esperava que o Brasil estivesse melhor. Mas esse caso de corrupção que está acontecendo deixa a gente com o pé atrás. É difícil manter a esperança. Vou tentar fazer a minha parte, exercendo minha cidadania, mas a sociedade toda também tem de se conscientizar sobre o valor do voto e a importância da ética.


"As pessoas esperavam um milagre, uma utopia.
Ninguém esperava corrupção."

JU – Até que ponto você se sente afetado pela crise política?

Luis Octávio – Tenho acompanhado e sei que está havendo uma crise interna no partido que está governando o país. Negócio de propina, corrupção, CPI. Me sinto afetado como cidadão porque esperava que quem está no poder fosse honesto assim como o povo que o elegeu. Esperava que houvesse uma mudança, mas isso não vem acontecendo. Se não fosse essa onda de corrupção o país poderia estar se desenvolvendo melhor. Isso causa decepção, mas sempre há esperança. O momento é de crise, mas é possível superar e reverter o quadro se a população se conscientizar da importância do voto.

Dilma Andrade Siqueira: "A corrupção deixa a gente com o pé atrás" (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Natália – Tenho acompanhado. Alguns dias atrás fui a um grupo de estudos promovido por estudantes que analisou a conjuntura atual do país. Em qualquer lugar que você vá todo mundo está falando na crise. Me sinto afetada porque é o momento da esquerda parar e avaliar como conseguirá evitar que as pessoas fiquem desiludidas. O Lula, pô, que era um trabalhador, agora está aí...Isso acaba estagnando a vontade de mudança das pessoas em lutar por aquilo em que acreditam.

Fernando – Tenho acompanhado pela televisão e pelos jornais. Também assisti o Roberto Jefferson questionando o José Dirceu na CPI. Foi muito interessante. Me sinto afetado por tudo isso porque meus pais pagam impostos e de certa forma foram roubados. Então também me sinto prejudicado. Acho que esse é um momento de transição e a tendência é melhorar. Acho que a população passará a denunciar mais os casos de corrupção.

Caroline – Assisto direto ao noticiário pela televisão, vejo internet, jornais. Procuro estar sempre informada sobre o que está acontecendo. Com certeza a crise afeta todo mundo. É uma crise política no Brasil todo. Isso afeta o ânimo das pessoas, elas ficam inseguras, os professores não sabem o que falar para os alunos. A economia também fica desestabilizada. Acho que o Brasil está passando por um momento de transição. A esquerda nunca tinha tomado o poder, é a primeira vez. Tinha algumas coisas que eu esperava que acontecessem mas não aconteceram. As pessoas esperavam um milagre, uma utopia. Ninguém esperava corrupção na esquerda. Aí chegam essas denúncias todas e você pensa assim: “Putz, cara, eu pensava que ia ser diferente mas foi tudo por água abaixo”. Apesar de a esquerda estar no poder, nós somos uma nação. Uma nação é formada por várias tendências, direita, esquerda, radicais, moderados. Ninguém pode fazer tudo o que quer. O governo tem de pensar no Brasil como um todo. Mas ainda acho que com estas dificuldades a gente pode crescer e se estabilizar um dia.

Leonardo Henrique Silva: "Espero que o país melhore e cresça" (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Leonardo – Tenho acompanhado bastante. Leio muito jornais, revistas, assisto televisão e na escola temos aulas de leitura com muita informação. A crise não me afeta diretamente, mas indiretamente sim. Dá uma certa tristeza. Uma pessoa que tem uma convicção política, ao ver isso que está acontecendo no Brasil, fala assim: “Ah, eu não quero mais saber de política”. Acho que o Brasil vive um momento complicado nas questões políticas.

Dilma – Tenho acompanhado pela televisão e também ouço as pessoas falarem muito no assunto. Fiquei muito decepcionada, não esperava isso. Não porque a corrupção seja uma novidade; a novidade é que aconteceu com esse governo. Meus pais estão decepcionados. A crise me afeta porque a gente fica insegura sobre como vai ser o futuro. A gente quer seguir uma carreira, ter um emprego e não sabe onde isso tudo vai parar. Sinceramente, estou preocupada. Acho que a solução seria punir os culpados, mas no Brasil tem o lance da impunidade e no fim tudo acaba em pizza.

“A crise me afeta porque a gente fica insegura sobre como vai ser o futuro”

JU – O que você acha que é preciso fazer para o Brasil ser o país que você sonha?

Luis Octavio – É preciso um conjunto de medidas, como a conscientização do povo e mais investimento em educação. Acho que se começarmos um processoCenas e atividades da 3ª UPA (Unicamp de Portas Abertas), que reuniu cerca de 47 mil alunos oriundos de 745 escolas de 11 estados: termômetro para avaliar os que os jovens pensam sobre o está acontecendo no país (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti) de mudança agora, no médio prazo pode ser que ocorra uma modificação significativa. Espero colaborar fazendo a minha parte, votando em quem mereça chegar ao poder e conscientizando o povo de que é ele que detém o poder, só que ainda não sabe usar esse poder.

Natália – Muita luta, muita conscientização com a população. A população é que tem o poder de mudar as coisas mas está alienada. Acho que para isso é fundamental uma educação melhor. Mas é preciso mudar a concepção de educação. Educação não se faz só na escola. Se faz também com cultura e lazer. Ser cidadão não é só plantar uma árvore ou colocar o lixo na rua. É ter voz na sociedade. Acho que um dia ainda chegaremos lá. Acho que não estarei viva para ver a mudança completa, mas quero dar o meu empurrãozinho para que isso aconteça, fazendo trabalho de base, nas comunidades, com as pessoas, porque são elas que têm o poder de mudança.

Cenas e atividades da 3ª UPA (Unicamp de Portas Abertas), que reuniu cerca de 47 mil alunos oriundos de 745 escolas de 11 estados: termômetro para avaliar os que os jovens pensam sobre o está acontecendo no país (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Fernando – Acho que tem de melhorar muito a educação, mas isso ainda levará uns 30 ou 50 anos. Tem de começar pela base. Para mim, até os valores da família estão corrompidos. Nesse momento minha visão é um pouco pessimista, mas espero que um dia esse processo de mudança aconteça. Vou contribuir me mantendo informado, emitindo minhas opiniões e fazendo a minha parte no judiciário depois que me formar em Direito.

Caroline – Investir em educação. Para mim, isso é o principal. Com educação o povo fica consciente e aprende a ter uma visão mais crítica. A pessoa não fica bitolada. Ela passa a ter consciência de que tem de ir atrás, tem de agir. A educação também ajuda na conquista de um emprego e isso melhora as condições sociais da população, com saúde, esporte, lazer. Acredito que se começarmos a investir em educação desde agora esse estágio será alcançado. Pode demorar, mas será alcançado. Pretendo participar desse processo cursando a faculdade de Letras para me formar professora. Acho que o professor tem uma missão muito importante, ele é formador de opinião, ele pode ajudar os alunos a perceber o que está acontecendo na sociedade.

Cenas e atividades da 3ª UPA (Unicamp de Portas Abertas), que reuniu cerca de 47 mil alunos oriundos de 745 escolas de 11 estados: termômetro para avaliar os que os jovens pensam sobre o está acontecendo no país (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Leonardo – Acho que o Brasil deveria investir mais em educação. O país que tem o maior desenvolvimento do mundo, na Escandinávia, investe cerca de 10% do PIB em Educação. O Brasil não investe nem metade disso. Nosso nível está abaixo do que a ONU propõe. Uma pessoa que não tem formação não consegue ajudar a desenvolver o país. Acho que vai demorar bastante para o Brasil chegar nesses níveis, mas talvez nossos netos ou bisnetos consigam ver um Brasil melhor.

Dilma – O Brasil precisa investir na educação. Esse lado está muito fraco. Os alunos das escolas particulares têm mais oportunidades de cursar uma boa universidade. Para quem estuda no ensino público é mais difícil. Não tenho muitas esperanças de que as coisas mudem, acho que sou pessimista. Mas vou fazer a minha parte, votando nas pessoas certas, em pessoas que melhorem o nível da educação no ensino público.

“Acho que felicidade tem a ver com realização, com fazer aquilo que a gente gosta”

Cenas e atividades da 3ª UPA (Unicamp de Portas Abertas), que reuniu cerca de 47 mil alunos oriundos de 745 escolas de 11 estados: termômetro para avaliar os que os jovens pensam sobre o está acontecendo no país (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)JU – Você acha que a visita à Unicamp pode ter relação com a definição de seu futuro?

Luis Octavio – Acho que sim. A Unicamp vai me ajudar a definir o conceito do que é uma universidade e o curso que poderei fazer no futuro. Sonho ter um bom emprego, vencer na vida, me diferenciar. Um dos objetivos da minha visita é tentar definir o curso que mais me interessa, afunilar as possibilidades que mais me atraem até chegar a uma decisão sólida. Acho que sendo honesto, trabalhador e consciente poderei contribuir para melhorar a situação do país.

Natália – Gosto mais da área de Humanas. Talvez opte por filosofia, história ou artes cênicas. Mas meu sonho mesmo é viajar pelo mundo e conhecer outras culturas. Gostaria muito de viajar para o Japão. As pessoas acham que para ser feliz você tem de ter um bom emprego, dinheiro, um carro do ano, essas coisas. Na minha opinião isso não é sinônimo de felicidade. Como cidadã pretendo ser atuante e não ficar só olhando as coisas de camarote.

Fernando – Acho que a visita está me ajudando. Quero cursar a área de Humanas e foi bom conhecer os cursos de filosofia e história. Meu sonho é cursar Direito, prestar concurso para juiz e ajudar a mudar um pouco o país fazendo a minha parte no judiciário. Pretendo ser um cidadão com ética porque é isso que está faltando à população. Se a Unicamp abrir um curso de Direito sem dúvida que vou tentar uma vaga. Seria muito importante para mim porque além de ser uma universidade reconhecida, facilitaria meu ingresso no mercado de trabalho. A credibilidade seria grande.

Cenas e atividades da 3ª UPA (Unicamp de Portas Abertas), que reuniu cerca de 47 mil alunos oriundos de 745 escolas de 11 estados: termômetro para avaliar os que os jovens pensam sobre o está acontecendo no país (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Caroline – Essa visita está tendo uma grande importância porque estou num lugar que é um dos centros que mais produz conhecimento no país. Estou tentando absorver o máximo de informação possível para a minha formação acadêmica. Espero que isso me ajude a ser uma cidadã consciente e atuante politicamente. Não espero mudar o mundo, mas se precisar ir para a rua fazer protesto ou ao Congresso fiscalizar os parlamentares, estarei lá. Não quero ficar só reclamando. Acho que a gente tem de ter consciência e lutar pelos nossos direitos.

Leonardo – Essa visita certamente vai ser muito útil para mim porque ainda tenho dúvidas sobre a carreira que pretendo seguir. Certamente será algo na área de exatas, mas ainda não me defini pelo curso. Para mim representaria muita coisa ser aprovado no vestibular da Unicamp. Seria um reconhecimento muito grande. Sonho com uma tranqüilidade financeira e um bom desenvolvimento profissional. Pretendo ser um cidadão que cumpre com seus deveres. Já se dizia na Roma antiga que as leis são chatas mas devem ser cumpridas.

Cenas e atividades da 3ª UPA (Unicamp de Portas Abertas), que reuniu cerca de 47 mil alunos oriundos de 745 escolas de 11 estados: termômetro para avaliar os que os jovens pensam sobre o está acontecendo no país (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Dilma – Essa visita vai me ajudar muito na escolha de uma carreira. Quero fazer Nutrição. Meu sonho é me formar e exercer minha profissão com dignidade, ter o meu salário, pagar meus impostos e ajudar a sociedade. Se conseguir passar no vestibular será uma grande vitória. Melhor ainda se for na Unicamp. Sei que é muito difícil mas vou tentar assim mesmo.

JU – Qual é seu ideal de felicidade?

Luis Octavio – Conquistar tudo o que espero para mim: um trabalho digno, um país melhor e completar os meus estudos. O dinheiro é importante, mas o principal é a realização em termos de emprego. Também espero que o Brasil se torne um país mais justo.

Natália – Meu ideal de felicidade é andar pelo país fazendo as pessoas felizes. Escrevo poesia e quero mostrar o meu trabalho ao público. Mas também gosto de outras coisas, como dança e teatro. Como já disse, a felicidade não está ligada necessariamente à conquista de um emprego só para sobreviver. Acho que felicidade tem a ver com realização, com fazer aquilo que a gente gosta, exercer nossa vocação e dividir isso com a sociedade.

Fernando – Na minha opinião, o ideal de felicidade reúne família, dinheiro e realização profissional.

Cenas e atividades da 3ª UPA (Unicamp de Portas Abertas), que reuniu cerca de 47 mil alunos oriundos de 745 escolas de 11 estados: termômetro para avaliar os que os jovens pensam sobre o está acontecendo no país (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Caroline – Acho que felicidade é estar bem consigo mesmo e com o que está acontecendo a sua volta. Dinheiro, claro, é importante, mas não é tudo. Primeiro você tem de atingir um bom nível intelectual para perceber as coisas que estão acontecendo, para não ser um fantoche nas mãos dos outros. Você tem de fazer o que você gosta e ter tempo para o lazer, para a família, para os amigos. Isso tudo junto gera a felicidade.

Leonardo – Gostaria de ser um líder na minha área de trabalho e atingir um bom grau de cultura para ajudar a desenvolver a sociedade.

Dilma – Meu ideal de felicidade é ter um emprego estável. Isso é o mais importante. Com um emprego vou poder ajudar a minha família. Acho que o desemprego ainda é um problema crônico no Brasil.

JU – Conte qual foi o momento que você considera mais importante de sua vida.

Luis Octavio – Houve muitos momentos importantes. Não saberia especificar um em particular. Essa visita à Unicamp com certeza é um dos mais importantes porque através dele posso definir o meu futuro, escolher uma profissão.

Cenas e atividades da 3ª UPA (Unicamp de Portas Abertas), que reuniu cerca de 47 mil alunos oriundos de 745 escolas de 11 estados: termômetro para avaliar os que os jovens pensam sobre o está acontecendo no país (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Natália – Foi quando me tornei militante do Movimento Passe Livre, que defende uma nova concepção para o transporte público, com passe livre para estudantes, deficientes físicos, aposentados, desempregados e juventude de zero a 26 anos. Comecei a me interessar pelo assunto a partir de um trabalho na escola. Foi muito importante porque me ensinou a olhar a sociedade de um outro jeito e perceber que as pessoas podem melhorar suas vidas através da ação social.

Fernando – Foi uma conversa que tive com meu pai sobre as mudanças que estão acontecendo no Brasil. Falamos sobre pessoas sem ética e as conseqüências disso para cada um e para a sociedade inteira. Ele me abriu os olhos porque eu estava muito ligado na questão do dinheiro. A gente conversou sobre a importância de cada um fazer a sua parte para ver se a situação melhora. Essa conversa foi importante porque me ajudou a ter uma postura mais crítica e responsável.

Cenas e atividades da 3ª UPA (Unicamp de Portas Abertas), que reuniu cerca de 47 mil alunos oriundos de 745 escolas de 11 estados: termômetro para avaliar os que os jovens pensam sobre o está acontecendo no país (Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti)Caroline – Foi quando fui aprovada no vestibular de julho. Só que ainda não havia completado o ensino médio e agora vou ter de prestar outra vez. Quero fazer Jornalismo. Acho uma profissão fascinante, mas ainda não sei se a imprensa tem mesmo liberdade para fazer o seu trabalho ou se às vezes é manipulada por interesses econômicos. Tenho muito medo de me frustrar.

Leonardo – Em termos estudantis, na oitava série tive um reconhecimento muito grande do meu trabalho. Fiquei em primeiro lugar num concurso promovido pela Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) sobre consumo de energia. No ano passado também prestei vestibular numa universidade federal e fiquei em vigésimo-terceiro lugar na primeira fase. Sempre gostei de estudar e esses dois resultados compensaram o meu esforço. Meu sonho agora é passar no vestibular.

Dilma – Estar terminando o colegial é uma coisa importante. Foi muito difícil chegar até aqui. Para mim já é uma vitória. Agora só falta entrar na universidade.

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Foto: Antoninho PerriFoto: Neldo CantantiFoto: Antoninho PerriFoto: Gustavo Miranda/Agência O GloboFoto: Antoninho Perri