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Programa Integrado de Formação permite que
alunos de graduação cursem também disciplinas da pós

Programa abrevia tempo de
obtenção de título de mestre



MANUEL ALVES FILHO


Da esq. para a dir., Fernando Kawaoka, Reinaldo Egas, o professor José Cláudio Geromel e Luiz Augusto Regis Filho: formação mais ampla e sólida (Foto: Antoninho Perri)Fernando Ryu Ramos Kawaoka e Reinaldo Giusti Egas concluíram o curso de graduação na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp no final de 2003. No último dia 10 de setembro, passados pouco mais de seis meses, ambos já estavam diante de uma banca examinadora para defender suas dissertações de mestrado. O curto prazo decorrido entre um episódio e outro se deve à participação dos estudantes no Programa Integrado de Formação (PIF), criado em dezembro de 2001 por uma deliberação da Câmara de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE). Por meio do PIF, os alunos da Universidade podem cursar, simultaneamente à graduação, disciplinas oferecidas pelos seus diversos programas de pós-graduação. Com isso, abreviam o tempo normalmente cumprido para a obtenção do título de mestre e ainda antecipam o contato com as atividades científicas. “Graças a este modelo, a formação dos nossos estudantes se torna mais ampla e sólida”, afirma o professor José Cláudio Geromel, orientador de Fernando e Reinaldo.

O cumprimento de créditos relativos aos programas de pós-graduação durante o curso de graduação não é um procedimento noo, conforme lembra o professor Geromel. De acordo com ele, algumas unidades de ensino da Unicamp já permitiam que seus alunos adotassem esse sistema. Com a deliberação da CEPE, porém, essa possibilidade foi aberta em todo o âmbito da Universidade. No caso da FEEC, a medida foi adotada no primeiro período letivo de 2002. Conforme a norma em vigor, os participantes do PIF podem cursar as disciplinas do mestrado durante a graduação, mas só estão autorizados a defender a dissertação após a conclusão do curso inicial.

Contato com atividades científicas é antecipado

Os participantes do PIF, ressalta o docente da FEEC, são submetidos ao exame de seleção para ingresso na pós-graduação. Cumprida essa etapa, eles têm os créditos convalidados e passam se dedicar à pesquisa propriamente dita e à posterior elaboração do texto da dissertação. No entender do professor Geromel, tal sistema vai ao encontro dos objetivos da pós-graduação no Brasil, que tem se mostrado altamente exitosa. “O PIF tem como meta alcançar os alunos com excelente desempenho na graduação. A idéia é permitir que eles tomem contato mais cedo com as atividades científicas, por meio da antecipação do mestrado”, explica.

Pessoalmente, o docente da FEEC diz acreditar que o mestrado seja essencial à pós-graduação. “Não acredito no programa que permite fazer o doutorado direto. Penso que o mestrado é uma etapa importante: ele ajuda a aprimorar o conhecimento e a amadurecer o aluno para enfrentar, com maior desenvoltura, as etapas seguintes de sua formação científica”, analisa. Segundo o professor Geromel, a sua experiência e a de seus orientados em relação ao PIF demonstram que o sistema, mais do que viável, é saudável. “Os estudantes têm se mostrado altamente preparados para enfrentar o acúmulo de trabalho. Particularmente, não registrei nenhum prejuízo ao estudo da graduação. Ao contrário, esses alunos se revelam estimulados a buscar soluções originais para diversos problemas. São verdadeiros craques”, relata.

O estímulo, acrescenta o docente da FEEC, é extensivo ao orientador, que se sente recompensando e vibra com o desempenho de seus alunos. “É uma troca enriquecedora. É muito interessante ver os problemas enfocados segundo a visão da juventude. Ao introduzirmos esses jovens mais cedo no universo da ciência, todos ganham: os próprios estudantes, os professores, a universidade e o país”, diz o professor Geromel. Atualmente, ressalta o especialista, o Brasil forma perto de 6 mil doutores por ano. A maioria deles é oriunda das universidades públicas, que, ao seu ver, prestam um serviço inestimável à nação. “A Unicamp, considerada uma instituição de ensino e pesquisa de alta excelência, é fruto de todo esse sistema, pensado há algumas décadas”, completa.

O primeiro aluno do professor Geromel a concluir o mestrado por meio do PIF foi Luiz Augusto Vitória Regis Filho, que defendeu sua dissertação em maio de 2004, apenas seis meses após a conclusão da graduação. Em seu trabalho, ele abordou o tema da “filtragem”, um problema importante em engenharia elétrica. Já Fernando Ryu Ramos Kawaoka e Reinaldo Giusti Egas, como foi dito, apresentaram seus estudos à banca examinadora no último dia 10 de setembro. Os dois investigaram a questão da redução de modelos. Um artigo escrito por Fernando, Reinaldo e o professor Geromel acaba de ser aceito para publicação no International Journal of Control, um dos mais prestigiados da área, sob o título “Model reduction of discrete time systems through linear matrix inequalities”.

Os três orientados do professor Geromel foram unânimes em aprovar o Programa Integrado de Formação (leia box). Além disso, também ressaltaram que a condução simultânea dos estudos de graduação e pós-graduação não lhes trouxe qualquer prejuízo. “O PIF foi certamente um dos maiores incentivos para a nossa participação no programa de mestrado da FEEC e é uma alternativa excelente para os estudantes que desejam desenvolver trabalhos de pesquisa ainda na graduação”, afirma Fernando.

Depoimentos


Reinaldo Giusti Egas - “Participar do Programa Integrado de Formação foi uma oportunidade única que tive na Unicamp, ao poder praticamente terminar durante a graduação todas as atividades do mestrado, incluindo os créditos referentes ao trabalho de pesquisa. Era comum muitos alunos desenvolverem ótimos trabalhos de iniciação científica, baseados em assuntos avançados estudados apenas na pós-graduação, com conteúdo suficiente para um mestrado. O PIF formalizou tal iniciativa, especialmente ao contar o tempo mínimo para defesa da dissertação já durante a graduação, no momento da inscrição no programa. É importante ressaltar que não houve prejuízo na qualidade do mestrado, o que se deve, na minha opinião, ao fato do aluno de graduação ter uma carga de atividades que diminui no último ano”.


Luiz Augusto Vitória Regis Filho - “Tive muita felicidade em ter entrado no programa PIF. Somos desafiados a todo o momento. Levar a graduação e o mestrado juntos não é tarefa fácil. A maior dificuldade é ter que compilar uma imensa massa de informação de altíssimo nível. No final de tudo, a gente acaba criando um senso de síntese e uma capacidade de argumentação e concatenação de idéias muito grande. Creio que o PIF contribuiu muito para a minha formação. A maior vantagem é que este programa oferece a oportunidade de atuarmos tanto na área acadêmica quanto na indústria”


Fernando Ryu Ramos Kawaoka – “Participamos do Programa Integrado de Formação da Unicamp desde o segundo semestre de 2002 e completamos, durante a graduação, todos os créditos necessários para a conclusão do mestrado. Sem a flexibilidade garantida pelo PIF, seria muito difícil concluir o mestrado no tempo e nas condições em que concluímos. O esforço do grupo durante a graduação permitiu que todo o trabalho dos últimos meses fosse dedicado à preparação de artigos e à escrita das dissertações - atividades que não dependiam da nossa permanência em Campinas. O PIF foi certamente um dos maiores incentivos para a nossa participação no programa de mestrado da FEEC e é uma alternativa excelente para os estudantes que desejam desenvolver trabalhos de pesquisa ainda na graduação”.

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