Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 242 - de 1º a 07 de março de 2004
Leia nessa edição
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Artigo: crescimento e emprego
Trabalho: virado do avesso
Juniores: um grande negócio
Os melhores talentos
A vida acadêmica pulsando
Unicamp: ensino e pesquisa
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Estudantes latino-americanos
Histórias que estão no gibi
 

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Programa integra estudantes latino-americanos
Vinte alunos da Unicamp vivenciarão este ano experiência acadêmica em quatro países da América do Sul.

MANUEL ALVES FILHO

O professor Luiz Cortez, da Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori) da Unicamp: “As escolas são de reconhecida qualidade”

A oportunidade de realizar parte dos estudos no exterior e de entrar em contato com uma cultura distinta da brasileira, outrora uma exclusividade de docentes e estudantes de pós-graduação, também está sendo propiciada aos alunos de graduação, em amplitude cada vez maior, por algumas das melhores universidades brasileiras. A Unicamp, por exemplo, tem conferido especial atenção à participação de seus estudantes em atividades deste tipo, dentro da sua política de relações internacionais. O objetivo da iniciativa é promover tanto a internacionalização da instituição quanto a integração entre os diferentes povos, notadamente os da América do Sul. Um programa de intercâmbio que vem gerando resultados altamente positivos nesse sentido é o denominado “Escala Estudantil”, concebido pela Associação das Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM), da qual a Unicamp faz parte. Este ano, 20 jovens (dez por semestre) serão enviados à Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, onde ficarão por um período de quatro meses. “Trata-se de uma experiência acadêmica importante, ainda mais valiosa do ponto de vista humanístico”, analisa o dirigente da Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori) da Unicamp, professor Luís Cortez.

A AUGM reúne 17 universidades, sendo sete delas brasileiras. O programa “Escala Estudantil”, que constitui um marco na relação entre a Unicamp e a Associação, foi criado com a missão de possibilitar aos estudantes de graduação o cumprimento de disciplinas como alunos especiais de intercâmbio em qualquer uma das instituições que compõem o grupo. Conforme Luís Cortez, o foco do trabalho está na realização de ações conjuntas entre os países do Cone Sul, de modo a ampliar a integração entre essas nações em questões sociais e de desenvolvimento regional. O dirigente da Cori afirma que esse modelo de cooperação tem um excelente custo/benefício. “As escolas são de reconhecida qualidade e, além disso, fica muito mais barato enviar os jovens para os países vizinhos do que para a Europa ou Estados Unidos”, explica.

Luís Cortez lembra que, atualmente, a obtenção de um diploma já não basta para dar formação a uma pessoa. Dominar um segundo idioma e ter alguma vivência internacional também são diferenciais importantes no currículo de um jovem profissional. Atenta a esta realidade, diz, a Unicamp tem incrementado os esforços para dar aos seus alunos de graduação a chance de cumprir parte dos estudos no exterior. Graças ao apoio do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE), a Universidade conseguiu aumentar significativamente o número de participantes no “Escala Estudantil”.

Assim, já a partir de 2004, a Unicamp enviará a cada semestre dez universitários para o exterior e receberá outros dez das demais instituições que integram a AUGM. Em 2001, quando passou a participar do programa de intercâmbio estudantil, a Universidade enviou e recebeu apenas um aluno de graduação. “Nossa expectativa é tornar, ao longo dos próximos anos, o programa acessível a um número ainda maior de estudantes”, revela Luís Cortez. De acordo com ele, o “Escala Estudantil” funciona da seguinte forma. A universidade de destino financia a estadia e a alimentação dos estudantes que recebe. O alojamento normalmente é feito em pensões e/ou moradias para estudantes e as refeições, em restaurantes universitários.

Pode ocorrer também um financiamento pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), em função de um projeto apresentado pelo Grupo Montevidéu. Trata-se de uma ajuda econômica de US$ 300 para o semestre, que serve para auxiliar no custeio da passagem, gastos para obtenção de visto, seguro de saúde internacional e repatriação. A duração do intercâmbio é de um semestre letivo, em torno de quatro meses. Normalmente o semestre letivo das universidades argentinas e uruguaias é similar ao da Unicamp, podendo ocorrer uma diferença de poucos dias.

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Como fazer

Os estudantes que pretendem participar do programa precisam estar regularmente matriculados e ter cursado pelo menos 50% dos créditos. Devem apresentar um plano de estudos (este pode eventualmente ser alterado quando o estudante chegar à universidade de destino, dependendo de acertos com seus coordenadores) composto por disciplinas obrigatórias e/ou optativas. A Cori divulga o calendário e as exigências para as inscrições nas Unidades de Ensino. A inscrição é feita no SAE. Já a seleção dos candidatos é realizada pela Pró-Reitoria de Pesquisa, que avalia o mérito do aluno por intermédio de seu currículo e coeficiente de rendimento (CR), num processo semelhante ao da seleção ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic).

Além do programa de intercâmbio para os estudantes de graduação, outras iniciativas de integração são promovidas de forma a beneficiar toda a comunidade da Unicamp. Entre elas está o acordo de Cátedra firmado com a Universidade de Buenos Aires, com o patrocínio do Grupo Santander-Banespa, cujas atividades acontecem por meio do intercâmbio de docentes/pesquisadores que ministram cursos, palestras magistrais e realizam atividades de pesquisa conjunta; e também o programa Capes/Centros Associados que possibilita a realização de programas de pós-graduação com universidades da Argentina. Outras informações sobre acordos de cooperação internacional podem ser obtidos na home page da Cori, no endereço http://www.cori.unicamp.br/.

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Depoimentos
‘Pude conhecer outra cultura’

A participação em programas de intercâmbio como o “Escala Estudantil” é uma experiência enriquecedora nos aspectos acadêmico, cultural e humano. Quem afirma é Fernanda Andrade do Nascimento, aluna da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp. No primeiro semestre de 2003, ela foi selecionada pelo programa concebido pela AUGM e permaneceu por quatro meses na Facultad de Lenguas da Universidade de Córdoba, na Argentina. “Fui matriculada como aluna vocacional em três disciplinas: Estética, Lengua Castellana I e Literatura Argentina I. Eram disciplinas que me ofereciam a possibilidade de estudar assuntos pouco abordados no IEL [Instituto de Estudos da Linguagem], por isso as aulas e o conteúdo foram muito interessantes”, afirma.

Durante a permanência na Argentina, Fernanda teve a oportunidade de conviver diretamente com outras três estudantes, duas brasileiras e uma uruguaia. “Fomos alojadas em um apart hotel perto da Cidade Universitária. Era um ótimo local, seguro, os quartos eram confortáveis e tínhamos cozinha em um deles. Também podíamos usar uma cozinha ‘compartida’ com os outros quartos, mas nos fez falta nestes quatro meses uma lavanderia. Para quem estudava no centro, como eu, era necessário tomar um ônibus ou ir caminhado 25 quadras até a faculdade. De dia não havia problemas em ir caminhado, mas pela noite era perigoso voltar sozinha a pé. Assim, voltávamos de ônibus, o que aumentava um pouco os gastos”, conta.

De acordo com a aluna da FE, o intercâmbio foi ótimo em todos os sentidos. “Pude conhecer outra cultura, o modo como é oferecido meu curso no exterior, pude ter contato com a literatura argentina e com professores muito respeitados e especialistas nos assuntos que eu buscava. Além disso, foi uma ótima experiência de vida por morar fora do país e conhecer pessoas de muitos lugares do mundo”, diz.

Luiz Yassuhiro Kanzaki, aluno da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, também participou do “Escala Estudantil”. No primeiro semestre do ano passado, ele esteve na Facultad de Ciências Agrárias e Veterinária da Universidad Nacional del Litoral, na Argentina. O estudante classificou a experiência como “espetacular”. “Espero que os estrangeiros que vêm de fora tenham um tratamento tão excepcional quanto eu tive”, diz. Luiz relata que permaneceu por um mês na província de Santa Fé e depois se mudou para Esperanza, onde concluiu os estudos. “Enquanto estive em Santa Fé, o tratamento foi excepcional.

No dia que cheguei havia um responsável à minha espera. Por sorte, viajei com uma outra estudante de Biologia de São Carlos. Ficamos na residência para estrangeiro da UNL, onde havia mais estudantes de outros lugares do Brasil. Éramos 11 brasileiros, 3 espanhóis e uma uruguaia”, conta.

Luiz afirma que nas duas cidades em que esteve os alojamentos ofereciam bom nível de conforto. A hospitalidade dos argentinos, de acordo com ele, não mereceu reparos. “Foi mais do que eu esperava. A cozinha era equipada com fogão, pratos, talhes etc. Tinha tudo para se viver bem. Além disso, havia TV a cabo, telefone e um computador com acesso a internet. Recebíamos almoço e o jantar”. Um episódio que marcou especialmente o período de intercâmbio de Luiz foi a inundação de Santa Fé pelas chuvas. Inúmeras famílias ficaram desabrigadas. “A maior parte do país se mobilizou para ajudar. Foram todos solidários uns com outros”, recorda. “Exceto por esse acontecimento, valeu muito ter participado do intercâmbio. Os professores me ajudaram com as matérias que cursei. Por sorte consegui aprovação em todas as disciplinas”, acrescenta.

 

 

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