| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 396 - 26 de maio a 1o de junho de 2008
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Costumes, mobiliário e utensílios
revelam a Campinas do século XIX

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A historiadora Eliane Morelli Abrahão: análise minuciosa das condutas e comportamentos dos moradores (Foto: Antoninho Perri)Contar a história de Campinas a partir do mobiliário e utensílios, presentes nos lares da elite da cidade no século XIX, bem como sob a perspectiva dos valores culturais, sociais e econômicos, foi a proposta da historiadora Eliane Morelli Abrahão, que apresentou dissertação de mestrado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). O objetivo da investigação, segundo a autora da pesquisa, foi analisar a descrição de bens e móveis das famílias campineiras coletados de 80 inventários post mortem do Tribunal de Justiça de Campinas.

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“A materialidade nas habitações, os artefatos e os objetos do cotidiano permitiram apreender o modo de vida privado, os códigos e símbolos presentes nesse ambiente familiar, o que levou a uma análise minuciosa das condutas e comportamentos dos moradores”, explica a pesquisadora.

Orientada pelo professor José Alves de Freitas Neto, Eliane estudou o período de 1850 a 1900. Segundo a historiadora, o período foi marcado por um processo de modernização urbana e rural, caracterizado pela passagem da época do açúcar para as grandes fazendas de café. Neste contexto, Campinas teve uma mudança acentuada em vários aspectos. “Foram mudanças comportamentais da sociedade, principalmente no modo de morar e na prática de uma sociabilidade intimamente relacionada à alimentação”, revela Eliane.

Em uma das etapas do estudo, a historiadora comparou alguns elementos das famílias do Rio de Janeiro, onde estava instalada a Corte, e do município paulista. Em Campinas, residências luxuosas se destacavam no cenário urbano e passaram de uma etapa de raridade para exuberância, como acontecia na Corte, cujo comportamento era justificável pela presença da família real. Estes aspectos levaram à conclusão de que as famílias campineiras se espelhavam nos acontecimentos da Corte.

As salas de visita e de jantar foram transformadas em palcos de representação social. Abrir os ambientes da casa ao público passou a ser uma vitrine das condições econômicas das famílias. Campinas, neste estágio, é uma cidade rica e culta. “Era uma ostentação da riqueza. O saber receber era um pré-requisito para as mulheres e considerado um fator importante para a permanência de alianças econômicas e políticas. Nos jantares e saraus, a elite campineira – representada pelos barões do café –, compunha novas alianças, além de cultivar a prática do receber como forma de distinção social”, avalia Eliane.

Um exemplo das condições de riqueza da cidade foi a vinda por três vezes do imperador a Campinas. A vida cultural era muito agitada e tinha a participação das mulheres. Os eventos eram mais comentados do que aqueles que aconteciam na capital paulista, segundo os memorialistas e viajantes estrangeiros que visitaram Campinas nesse período.

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