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Sol é nocivo
a todo tipo de cabelo,
revela estudo

ANTÔNIO ROBERTO FAVA

A estudante Ana Carolina Santos Nogueira: fornecendo dados para a indústria de cosméticos
Diz a crença popular que os cabelos loiros ou claros são mais sensíveis e menos resistentes aos efeitos dos raios solares. Contrariando esse conceito, pesquisa desenvolvida pela estudante Ana Carolina Santos Nogueira, revela que isso não é bem verdade. Todos os tipos de cabelos – loiro, ruivo, castanho-escuro e preto, quando expostos aos raios solares – podem sofrer danos similares com o passar do tempo. Como o ressecamento dos cabelos, provocado pela falta de proteínas, por exemplo.

O objetivo da pesquisa de Ana Carolina foi quantificar, no Laboratório de Físico-Química, do Instituto de Química (IQ), os efeitos de diferentes faixas de radiação ultravioleta (UVA – 315-400 nm e UVB – 290 315 nm), em vários tipos de cabelo, utilizando uma lâmpada de vapor de mercúrio como fonte artificial, e comparar os resultados com os de cabelos expostos ao sol. O principal propósito da pesquisadora é auxiliar a indústria de cosméticos a formular produtos mais eficientes para proteger o cabelo dos danos causados pela exposição ao sol.

Numa outra fase da pesquisa foi usado um protetor solar comercial para verificar a sua eficácia de proteção ao cabelo dos danos causados quando expostos à luz solar. Os resultados da pesquisa de Ana Carolina culminaram com a dissertação de mestrado denominada Efeito da radiação ultravioleta na cor, na perda protéica e nas propriedades mecânicas do cabelo, defendida recentemente, sob a orientação da professora Inês Joekes.

O cabelo humano, segundo a pesquisadora, é constituído de uma estrutura morta denominada queratina, uma proteína dura, rica em enxofre, que é composta também por pêlos e unhas. A principal parte viva do cabelo é o bulbo, localizado no interior dos fios.

Diferenças – Os valores de perda protéica, obtidos após diversos tempos de exposição a radiações ultravioletas (UVA e UVB) mostram que todos os cabelos perdem cerca de duas vezes mais proteína que os respectivos controles, quer dizer, cabelos não tratados, quando expostos à radiação UVA. Ana Carolina explica que para radiação UVB (290-315 nm) a perda protéica variou de acordo com o tipo de cabelo, sendo maior para os cabelos castanho-escuros e loiros. “Apesar do loiro variar mais a cor, perde a mesma quantidade de proteína que o cabelo castanho”, explica.

Desse modo, os resultados do trabalho científico de Ana Carolina demonstram que a radiação UVB é o principal responsável pela perda protéica do cabelo. E mais: que essa radiação aparentemente não contribui para a mudança da cor do cabelo, sendo a mudança de cor causada pela radiação UVA. Em relação à mudança de cor, a alteração do cabelo loiro foi cerca de quatro vezes maior que a do cabelo castanho-escuro.

“Isso representa um indicativo de que a resistência dos cabelos claros ou escuros à radiação solar não está diretamente relacionada com o tipo de melanina (pigmento responsável pela cor do cabelo e da pele) que esses cabelos possuem”. A pesquisadora conclui dizendo que não há, por outro lado, diferença tão significativa de resistência à exposição solar entre os cabelos claros e escuros. O único cabelo que apresenta grande resistência à exposição solar foi o cabelo preto.

“Após 56 horas expostos ao sol, os cabelos ruivos, loiros e castanho-escuros apresentaram perdas de proteínas similares e cerca de três vezes maiores que a do cabelo preto”, diz Ana Carolina. Esse cabelo também não apresentou mudança de cor após o tempo em que ficou exposto ao sol. Outra conclusão a que a pesquisadora chegou é que após 911 horas de exposição ao sol, os cabelos apresentam mudanças de cor similares aos que ficaram durante 224 horas expostos à lâmpada e que todos os cabelos mudam de cor após esse tempo. Já os cabelos loiros apresentaram a maior variação, uma vez que a diferença na luminosidade do cabelo foi o parâmetro que mais contribuiu para a mudança na cor dos cabelos analisados.

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