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Álcool e nicotina tornam ossos
mais frágeis, conclui pesquisa

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A pesquisadora Evelise Aline Soares: recuperação em implantes é dificultada (Foto: Divulgação)O álcool e a nicotina interferem negativamente na resistência dos ossos e na reparação óssea, sobretudo nos casos de implantes odontológicos e ortopédicos em que se utiliza a biocerâmica hidroxiapatita. A conclusão é da pesquisadora Evelise Aline Soares, após realizar estudo em ratos no Laboratório de Anatomia Humana do Instituto de Biologia da Unicamp (IB). Pela pesquisa, o fêmur dos animais demonstrou-se mais frágil nos testes de resistência nos ratos que ingeriram, simultaneamente, etanol e nicotina em dosagens equivalente a um fumante consumidor de cinco a seis cigarros por dia ou um alcoolista que ingere uma garrafa de cerveja diariamente. Já os implantes de hidroxiapatita realizados na tíbia demonstraram comprometimento da reparação óssea nos animais tratados com nicotina e álcool.

De acordo com Evelise, os resultados apontam para a necessidade de uma atenção maior por parte dos profissionais de saúde para o efeito da ingestão concomitante do álcool e da nicotina em indivíduos que irão se submeter a um implante ósseo. Ela acredita que o consumo dessas drogas pode prejudicar ou, até mesmo, inviabilizar o procedimento. Em muitos casos registrados em levantamentos epidemiológicos, o índice de insucesso nas cirurgias de implantes ortopédicos e odontológicos é elevado. Com base nestas evidências, a anatomista quis investigar a fundo a relação entre a ingestão de bebidas alcoólicas e fumo e a recusa do implante pelo organismo.

Evelise relata que os prontuários odontológicos analisados para o estudo indicaram falhas na entrevista que é feita pelo profissional de saúde, antes do procedimento. “São coletados poucos dados sobre a real condição dos fumantes e alcoolistas”. As questões não aprofundam o estado do paciente em relação ao consumo das drogas. “Não se pergunta, por exemplo, a média de consumo diário de cigarro e bebidas alcoólicas”, explica. Neste sentido, Evelise acredita que o histórico do paciente deveria ser mais detalhado para que outros fatores fossem colocados na balança com o objetivo de evitar a falta de adesão dos ossos em implantes.

Na tese de mestrado, orientada pelo professor José Ângelo Camilli, os ratos foram submetidos a tratamento com etanol e nicotina durante quatro semanas. Na seqüência, os animais receberam o implante de hidroxiapatita densa e porosa e, depois da implantação, retornaram ao tratamento com as substâncias. Os ossos fêmures foram extraídos para testes de resistência e o resultado, comparado entre os grupos tratados e o controle.

Os fêmures dos ratos que ingeriram as drogas romperam mais facilmente do que aqueles que não fizeram uso de qualquer substância. Segundo Evelise, são poucos os relatos na literatura que apontam os efeitos nocivos para o tecido ósseo da associação etanol e nicotina. (R.C.S.)

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