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Dois alunos da Unicamp vão representar o país
na competição que começa no Rio no próximo dia 13

Da sala de aula para os
Jogos Pan-Americanos

CARMO GALLO NETTO

Lucas Araújo, aluno do IE que integra a equipe brasileira de badminton: esportista conduzirá a tocha em Campinas (Fotos: Antoniho Perri/Divulgação)Dois alunos da Unicamp, trilhando trajetórias opostas, foram selecionados para representar o Brasil nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007, cuja cerimônia de abertura ocorre no dia 13 de julho, no Estádio do Maracanã. O ciclista Fernando Ruiz Fermino, mestrando da Faculdade de Educação Física (FEF), credita seu aprimoramento físico ao que aprendeu nas disciplinas de pós-graduação e às conversas que teve com seu orientador, que permitiram unir teoria e prática. Lucas Araújo, prestes a concluir o curso no Instituto de Economia (IE), iniciou-se no badminton acompanhando o pai. Em comum, dois pontos: ambos adquiriram gosto por suas respectivas modalidades desde criança, e não se sentiram prejudicados nos estudos pela dedicação ao esporte.

Aluno da FEF compete no
ciclismo; do IE, no badminton

No Brasil são recorrentes os casos de esportistas que tiveram que superar dificuldades de várias ordens para realizar sonhos de conquistas, nem sempre acompanhadas de medalhas. A trajetória de Fernando Ruiz Fermino, 28 anos, que faz mestrado na área de Ciência do Desporto, é emblemática. Decidiu largar o trabalho que realizava havia dez anos no setor de controle de qualidade em uma das maiores montadoras de automóveis do País, para se dedicar ao ciclismo. Foi quando se deu conta da possibilidade de estudar educação física em Santo André, sua cidade natal, com o objetivo de aprender métodos de treinamento que pudessem auxiliá-lo no aprimoramento físico.

O ciclista Fernando Ruiz Fermino, que cursa o mestrado da FEF: unindo teoria e prática (Fotos: Antoniho Perri/Divulgação)O curso não lhe permitiu chegar ao que queria, pois seu foco era outro. Decidiu-se então por uma especialização na mesma faculdade, mas mesmo assim não se deu por satisfeito, pois almejava mais. Foi quando surgiu o convite do professor Paulo Roberto de Oliveira, do Departamento de Ciência do Desporto da FEF, para freqüentar disciplinas na Unicamp como aluno ouvinte, o que acabou fazendo por três anos. Durante esse período, orientado pelo docente, conseguiu conciliar teoria e prática e estruturar um método de treinamento que lhe permitiu um grande desenvolvimento no preparo físico. “Nesse processo me dei conta da importância da soma do conhecimento teórico com a prática do esportista. Vejo nisso o grande papel da universidade”.

Fermino lembra que em 2004, quando começou a freqüentar disciplinas na pós-graduação da FEF, discutia em paralelo com o professor Paulo Roberto Oliveira a sua preparação. A partir daí, diz, sua forma física não parou de evoluir e, em 2005, foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira de ciclismo que disputaria o Campeonato Pan-Americano da modalidade na Argentina. Em 2006 e 2007, as convocações se repetiram para os campeonatos pan-americanos de ciclismo do Brasil e da Venezuela, respectivamente. Esta última participação valeu como etapa final do processo seletivo dos ciclistas que representariam o Brasil nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro”.

O atleta faz questão de destacar ainda a importância das avaliações físicas realizadas em campo e no Laboratório da Atividade Física e Performances Humanas da FEF, que tiveram a participação do professor e doutorando Gustavo Maia. “Elas foram fundamentais nos ajustes dos treinamentos”.

Para disputar a vaga na seleção brasileira que vai ao Pan, Fermino iniciou a preparação em novembro do ano passado e, desde o inicio de junho, está em Curitiba realizando treinamento com a equipe da seleção brasileira de ciclismo.

O aluno da FEE afirma que é a primeira vez, desde que está na seleção brasileira de ciclismo, que se faz um trabalho de treinamento coletivo tão extenso. “Acredito que vamos atingir um bom desempenho, e estamos treinando com esse pensamento. As dificuldades são inerentes a um país em que o ciclismo é pouco difundido, o que explica os discretos resultados internacionais que temos alcançado”. No Pan, ele participará das provas de velocidade por equipe e individual, da qual é atual campeão brasileiro.

Caminhada – Fernando Ruiz Fermino envolveu-se desde criança com a modalidade, começando a treinar quando conseguiu comprar a primeira bicicleta competitiva. No início, entre 1994 e 95, procurou o desenvolvimento físico para poder acompanhar os colegas que realizavam longos passeios nos finais de semana, passando depois a participar de competições de bairro. Em 1997, foi convidado a integrar uma equipe, o que o levou ao ciclismo competitivo na categoria júnior.

Nos dois anos seguintes foi guindado à categoria sub-23 e, em 2000, atingiu índices e preparo para competir no grupo de elite. Ele lembra que, motivado pela necessidade de obter bons resultados nas provas de velocidade nos Jogos Regionais e nos Jogos Abertos do Interior de São Paulo, começou a se dedicar exclusivamente a esse tipo de prova. “Já cursava o segundo ano de educação física e acreditava que estas provas exigiam treinamento diferente dos praticados por ciclistas de resistência. Mas só em 2003, ao concluir o curso de Especialização em Treinamento Desportivo, é que passei a elaborar um processo de treinamento mais consciente. Foi nessa época que tomei a difícil decisão de sair do emprego que tinha há dez anos para me dedicar ao ciclismo e aos estudos”.

Badminton – Lucas Araújo, 23 anos, concluinte do curso de economia do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, já em vias de participar de processos trainee, é um dos três campineiros na equipe de oito jogadores que representará o Brasil no badminton durante os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Araújo pratica o esporte desde os 9 anos de idade, sendo que nos últimos 12 de forma ininterrupta. Ele disputou o primeiro torneio em 1992, participando de competições dentro e fora do Brasil, inclusive de dois campeonatos mundiais. Prepara-se agora para o próximo, que se realizará em agosto na Malásia.

“Participei de tudo que podia ser disputado, à exceção das Olimpíadas, para as quais o Brasil não tem conseguido se classificar, o que é compreensível, já que a prática de badminton aqui é recente”, afirma. Nos últimos três anos, Araújo tem treinado sistematicamente três horas diárias, com orientação de treinador. Foi campeão brasileiro na categoria individual em 2004, e no ranking brasileiro ocupa o terceiro lugar em simples e o segundo em dupla, com um colega de São Paulo. Tudo sem prejuízo dos estudos.

“Ingressei na Unicamp em 2003. Deveria ter me formado em 2006 mas, em razão das viagens e do Pan-Americano, achei mais conveniente deixar algumas disciplinas para este ano. Foi uma opção estritamente pessoal”. A tocha dos Jogos Pan-Americanos passará por Campinas no dia 7 de julho, o estudante estará entre os que a conduzirão.

O badminton, embora pouco difundido no Brasil, é o segundo esporte mais praticado no mundo, já que, originário há séculos na Índia, ganhou a China, a Indonésia e toda a Ásia, regiões muito populosas. Na China, domina hoje as transmissões esportivas. À Inglaterra chegou trazido da Índia por soldados da rainha à época da colonização, expandiu-se pelos países mais frios da Europa, porque adequado à prática em ambientes fechados, e ganhou outros continentes. Os ingleses lhe deram a forma e o nome que tem hoje, oriundo de propriedade em que o praticavam: Badminton House.

A federação internacional foi criada há mais de um século. O esporte chegou a São Paulo há cerca de 25 anos, por meio de imigrantes indonésios, chineses e japoneses aqui radicados. Chegou a Campinas em 1984 através de um imigrante indonésio, que o introduziu no Guarani Futebol Clube poucos anos depois.

Araújo começou a jogar badminton pelas mãos do pai, que já havia praticado o esporte na Áustria, quando lá estivera para uma especialização médica. No retorno ao Brasil, seu pai soube do grupo que se formara no Guarani e voltou à atividade, com os filhos. Hoje, 15 anos depois de ter participado de sua primeira competição, Lucas defenderá o país no Pan nas categorias individual, dupla masculina e dupla mista. O badminton é o único esporte olímpico que admite duplas mistas.

Embora nunca tenha se classificado para as Olimpíadas, a equipe brasileira tem chegado perto da medalha de bronze nos Pan-Americanos. Na América, os “papões” são Canadá e EUA. Na avaliação de Araújo, os dois países vão dividir as medalhas de ouro no Pan-Americano. O estudante tem esperança de que a equipe brasileira chegue pela primeira vez pelo menos ao bronze, do qual esteve já muito perto.

O jogo é disputado em quadra de 13,40 x 6,10 metros, que corresponde a aproximadamente a um quarto de uma quadra de basquete, dividida por uma rede de 1.55 metros de altura, à semelhança do vôlei. As competições são realizadas em ambientes fechados porque as petecas utilizadas, constituídas de penas de ganso (ou nylon nas categorias iniciantes), pesam de quatro a cinco gramas, o que as tornam suscetíveis a desvios por qualquer vento. Este fato explica o sucesso do esporte em países frios da Europa, como Inglaterra, Dinamarca, Suécia, Noruega, Áustria e Alemanha. A raquete pesa entre 80 a 90 gramas, o que o transforma no esporte do gênero mais rápido do mundo, exigindo grande reflexo dos competidores. Em uma “cortada”, a peteca pode atingir 350 km/h.

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