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Universidade será a primeira a fornecer
informações para banco de dados a ser criado

Unicamp ajuda UNCTAD
a implantar instituto virtual

O professor Mário Presser, do Instituto de Economia: “Idéia é disponibilizar as contribuições da Unicamp”Criada há 40 anos como o principal fórum de discussões para mudança nas regras do comércio mundial, a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês), decidiu ampliar seus esforços na difusão do conhecimento para fortalecer a postura dos países pobres nas rodadas de negociações. A entidade, que tem como secretário-geral o embaixador Rubens Ricupero, deixou clara essa intenção ao lançar durante o seu 11º encontro mundial, realizado em São Paulo no mês de junho, o Instituto Virtual, que armazenará e disponibilizará via Internet estudos feitos por grandes universidades e centros de pesquisa. Parceira da UNCTAD em outras iniciativas, a Unicamp foi anunciada durante o evento como membro fundador do Instituto e primeira universidade a fornecer material para seu banco de dados.

Dossiês já se encontram disponíveis

“Estamos acostumados a ouvir sobre o mundo globalizado em termos de comércio globalizado, fluxos financeiros, mercados e produção, mas tendemos a esquecer que a força acionária mais importante da globalização é a que envolve idéias e conhecimentos”, disse Ricupero ao anunciar o lançamento do Instituto Virtual. Segundo ele, a UNCTAD tem um papel-chave nesse sentido por estar funcionando como um centro de discussões no que se refere ao comércio e desenvolvimento. “O valor de seu trabalho analítico não seria relevante se não fosse divulgado sistematicamente entre os usuários, e o Instituto Virtual pode ter uma atuação crucial em relação às comunidades acadêmicas no mundo todo”, disse. O site do Instituto, ainda em construção, pode ser consultado no endereço www.vi.unctad.org.

“A Unicamp é, por enquanto, a única universidade latino-americana que pertence ao Instituto e praticamente o único membro que já era associado à UNCTAD antes de sua criação”, diz o professor Mário Presser, do Instituto de Economia (IE). Segundo ele, a universidade está ajudando a UNCTAD a implantar o Instituto nessa fase piloto. Na demonstração feita em São Paulo, o conteúdo apresentado foi fornecido pela Unicamp. “Foi apenas uma amostra mas a idéia é disponibilizar no site do Instituto as contribuições da Unicamp que mostram a situação brasileira no cenário globalizado”, disse Presser.

Entre os trabalhos a serem enviados, segundo o professor, há estudos sobre comércio e desenvolvimento. “Também estamos desenvolvendo uma série de dossiês sobre as negociações em andamento na Organização Mundial do Comércio”, observa. De acordo com Presser, atualmente já estão disponíveis dossiês sobre agricultura, financiamento e comércio, e meio ambiente. Também serão armazenados trabalhos resultantes do Curso de Especialização em Diplomacia Econômica, coordenado por Presser desde agosto passado através de parceria firmada entre o IE e a UNCTAD.

Além da Unicamp também já confirmaram presença no Instituto universidades da Tanzânia, Ilhas Maurício, Índia e Jordânia. Nenhuma delas, porém, disponibilizou trabalhos para consultas no site. A expectativa é que o Instituto passe a agregar um importante banco de dados para subsidiar os países em desenvolvimento. “O objetivo é formar uma rede de instituições acadêmicas, que estará aberta a todas as universidades de qualidade”, comenta Presser. Em contrapartida, as universidades também encontrarão material para utilizar em suas atividades.

Entre os recursos oferecidos, destaca-se uma biblioteca virtual de documentos e base de dados da UNCTAD; material pedagógico para organização de cursos; e um ambiente que permitirá aos usuários apresentar suas atividades, intercambiar estudos e colaborar no desenvolvimento de atividades de formação e redes do conhecimento. “Num segundo momento, a idéia é promover intercâmbio de pesquisadores”, diz Presser.

Presser diz que iniciativas nessa linha adotadas anteriormente, como o Curso de Especialização em Diplomacia Econômica, já começam a surtir efeito no Brasil. “O que se percebe é um aumento no número de pessoas que estão participando das negociações internacionais”, diz o economista. “Estamos formando uma massa crítica na sociedade civil para tornar as negociações mais transparentes, com a participação de ONGs, empresários e do próprio Congresso Nacional”, completa. Segundo Presser, uma das maiores dificuldades residia no fato de o Congresso não acompanhar as negociações brasileiras. “Só agora isso começa a acontecer”, diz.

Apesar do impacto positivo registrado na mudança de postura do País nas rodadas de negociações com os países ricos, Presser diz que ainda há muito a ser feito. “Diversas instituições brasileiras ainda não acordaram para o fato de que as regras aprovadas lá fora acabam repercutindo aqui dentro”, alerta. Por isso, um das intenções do curso de Diplomacia Econômica é influenciar a sociedade civil a ter uma boa participação nessas negociações, pressionando e levando contribuições ao Itamarati.

Além do Brasil, outros países em desenvolvimento também registram os impactos positivos da geração de conhecimento e formação adequada dos interlocutores. “Uma das coisas que mais impressiona é a mudança na qualidade da participação desses países, especialmente dos mais pobres”, destaca. Como exemplo, Presser cita o caso de quatro países africanos que defenderam a retirada dos subsídios americanos ao algodão durante a rodada de Cancum. “Isso foi resultado de um treinamento intenso feito pela UNCTAD nesses países”.

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