Jornal da Unicamp 182 -  29 de julho a 4 de agosto de 2002
Jornais anteriores
Unicamp Hoje
PDF
Acrobat Reader
Unicamp
4
 
Capa
Fragrâncias
Hormônio
Secador Ciclônico
Petróleo
Empresas Virtuais
Aids
Prêmio
Vida Acadêmica
Violência
Dança
Na Imprensa
Malária
Saúde
Embraer
Software

Literatura

Tirando óleo de pedra

Equipamento possibilita estudo de aspectos relacionados
com a extração do petróleo em meios porosos

LUIZ SUGIMOTO

Um tipo de aparelho de raio-X, que representa uma alternativa mais econômica ao uso do tomógrafo e até então inexistente no Brasil, já vem sendo utilizado para medir o teor de fluidos em meio poroso visando à extração de petróleo. Ele foi desenvolvido no Departamento de Engenharia de Petróleo da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp. A injeção de fluidos (água, soluções poliméricas, soluções tensoativas etc.) é muito utilizada como deslocante do petróleo para aumentar sua recuperação.

“Com este equipamento podemos estudar como a água desloca o petróleo, a influência da ação da gravidade no desempenho da produção e vários outros aspectos relacionados com a extração de petróleo em meios porosos”, explica Euclides Bonet, professor do DEP e responsável pelo projeto. “É um estudo basicamente laboratorial, mas podemos obter parâmetros que descrevam o processo na jazida”, informa.

O professor ensina que os processos de extração variam de acordo com o tipo de rocha, suas características petrofísicas – permeabilidade, porosidade, capilaridade, permeabilidades relativas – e as características do fluido – viscosidade, densidade, solubilidade, inchamento, etc. E o aparelho de raio-X complementa a avaliação de um teste, juntamente com medidas de vazão de injeção, vazões de produção, temperatura e pressão.

José Ricardo Lenzi Mariolani, que integra a equipe de pesquisa, aponta uma rocha porosa em estado bruto exposta no laboratório e depois como a mesma pedra, agora recortada em forma cilíndrica, é posicionada no equipamento. “Esta rocha é encapsulada em um tubo de PVC e saturada com óleo, deixando-se uma entrada e uma saída para a injeção de fluido. O aparelho emite raio-X e vai percorrendo a peça cilíndrica, permitindo monitorar o teor de fluidos ao longo da mesma”.

O professor Bonet lembra que um dos estudos mais interessantes se deu em torno da drenagem gravitacional, em que as peças foram colocadas verticalmente para incluir a ação da gravidade no escoamento. “O aparelho não é um tomógrafo, que ofereceria uma imagem tridimensional, mas em troca de investimento bem maior. Fizemos uma montagem específica, inédita no país, capaz de ajudar na indicação do método de extração mais recomendável numa jazida”, afirma.

Economia – A escolha de métodos mais adequados pode proporcionar um aumento de 5% a 10% na produção de um reservatório, de acordo com Euclides Bonet. Embora reticente, por temer que números induzam a exageros – tais como o de que seus estudos, por si, proporcionariam tamanha economia –, o professor oferece uma estimativa: “Um aumento de 5% na produção de uma jazida como o campo de Namorado, na bacia de Campos, significaria 5 milhões de metros cúbicos de petróleo, que significam 30 milhões de barris, que significam 900 milhões de dólares”.