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Ex-alunos ingressam na carreira diplomática com sucesso

Da Unicamp para o Itamaraty

MANUEL ALVES FILHO

O diplomata César Augusto Vermiglio Bonamigo: "Gostaria de me colocar à disposição dos alunos da Unicamp interessados na carreira"Ao longo da sua trajetória, a Unicamp tem cumprido com eficiência a missão de forjar profissionais altamente capacitados para o mercado de trabalho. Inúmeros ex-alunos da Universidade ocupam atualmente cargos estratégicos em empresas dos mais variados segmentos. Outros optaram, com sucesso, por

conduzir empreendimentos próprios, normalmente ligados à sua área de conhecimento. Há, por fim, os que abraçaram profissões distintas da formação original, embora destaquem que esta tenha contribuído para o seu progresso pessoal. É o caso de um engenheiro elétrico, um engenheiro de computação e um economista que estudaram na instituição entre o início e meados da década de 1990. Depois de exercerem outras atividades, eles partiram para a carreira diplomática. Hoje, ajudam a defender os interesses do Brasil na esfera internacional.

César Augusto Vermiglio Bonamigo, 33 anos, é o engenheiro elétrico da nossa estória. Ele atua na Divisão de Informação Comercial (DIC), setor responsável pela captação e processamento de informações comerciais do Ministério das Relações Exteriores (MRE), mais conhecido como Itamaraty. O DIC produz desde estatísticas e estudos de mercado até guias de apoio aos exportadores. Mas para chegar a este posto, Bonamigo teve que demonstrar muita persistência. Ele chegou a cursar um ano de Física e outro de Engenharia Mecânica na Unicamp, antes de finalmente se formar em Engenharia Elétrica. Depois, fez pós-graduação em Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Até fazer o curso do Instituto Rio Branco, porta de entrada para a diplomacia, Bonamigo teve dois empregos e cumpriu um estágio na empresa Philips, na Alemanha. "Antes de ingressar na carreira diplomática, ainda fiquei um ano apenas estudando. Foi uma decisão muito difícil pedir demissão de um emprego relativamente estável para ficar esse período parado, mas no final valeu a pena", conta. Mas afinal, o que faz com que um profissional com boas perspectivas opte por uma atividade tão diferente daquela para a qual foi treinado?

Bonamigo responde: "Pesou bastante o viés idealista, o desejo de ser um servidor público; de trabalhar em benefício da sociedade, e não apenas em favor dos acionistas da empresa ou do próprio bolso". Além disso, completa o agora diplomata, também foi considerado o fato de a nova carreira propiciar a oportunidade de participar de atividades políticas e econômicas e de viver no exterior. Mas como em todo segmento profissional, a diplomacia apresenta aspectos negativos. A lenta progressão na carreira, os procedimentos burocráticos e a rigidez hierárquica são alguns deles, como relaciona o ex-estudante da Unicamp.

Sem internet - Bonamigo afirma que guarda várias recordações da época de estudante. Uma delas refere-se aos primeiros passos em direção à carreira diplomática. O interesse surgiu em 1991. Na época, diz, os dados relativos ao concurso de admissão eram escassos. "Não havia internet, por exemplo. Eu cheguei a viajar para o Rio de Janeiro exclusivamente para buscar informações. Também fui ao Palácio do Itamaraty, onde fui atendido por uma funcionária mal-humorada, que me deu um livreto onde eu encontraria "todas as informações". De volta à Unicamp, comprei um dos livros da bibliografia sugerida, mas era uma publicação tão enfadonha que congelei por vários anos a idéia de ser diplomata", lembra.

Segundo Bonamigo, hoje em dia há cursos preparatórios para a carreira diplomática no Rio de Janeiro e São Paulo. "Imagino que, em breve, surjam cursinhos em Belo Horizonte e, quem sabe, Campinas. Eu gostaria de me colocar à disposição dos alunos da Unicamp eventualmente interessados na carreira para dar esclarecimentos e orientação", afirma, acrescentando que tem orgulho de ter estudado na Universidade.

Disciplina e formação abrangente

George de Oliveira Marques, 30 anos, e Felipe Hees, 31 anos, são, respectivamente, o engenheiro de computação e o economista mencionados anteriormente. O primeiro, graduado em 1996, trabalha na Coordenação Geral de Organizações Econômicas (Corg), setor do Departamento Econômico do Itamaraty. O segundo, formado em 1993, atua na Divisão de Serviços, Investimentos e Assuntos Financeiros do MRE. Hees participa de negociações nos quatro foros em que o Brasil discute esses temas: Mercosul, Alca, Organização Mundial do Comércio e União Européia.

Para Marques, a despeito de ser "excessivamente técnico", o curso de Engenharia de Computação ajudou a reforçar a sua disciplina para o estudo. "Entretanto, não permitia uma formação mais abrangente e até humanística. Não incentivava, por exemplo, uma reflexão sobre o impacto e implicações sociais dos avanços da informática", analisa. Ao deixar a Unicamp, o agora diplomata estudou Direito por um ano e meio, até que foi aprovado no concurso do Instituto Rio Branco. A opção pela nova carreira, diz, deve-se às "oportunidades extraordinárias" que ela oferece, tais como lidar com temas e questões importantes para os destinos da nação, além de conhecer lugares e culturas diferentes.

A exemplo de Bonamigo, Marques afirma guardar diversas lembranças da Universidade. "Lembro principalmente da rotina interminável e exaustiva de aulas, provas, trabalhos e estudos. Recordo também das longas filas no bandejão e dos "Concertos do Meio-dia", promovidos pelo Departamento de Música do Instituto de Artes. Dois episódios, porém, marcaram especialmente o ex-universitário. O primeiro foi o processo de impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. "Foi montado um telão no Ciclo Básico para que pudéssemos acompanhar a votação no Congresso". Outro momento inesquecível, segundo ele, foi a Copa do Mundo de 94, em que os estudantes também acompanhavam as partidas da seleção brasileira num telão. "Isso sem falar de um show do Caetano Veloso no Ginásio Multidisciplinar, em 1993. Parecia que a Unicamp inteira havia sido colocada lá dentro", conta.

Na opinião de Felipe Hees, o curso de Economia da Unicamp revelou-se extremamente adequado ao trabalho diplomático. "O fato de o curso dar sólida formação em história econômica do Brasil permite que tenhamos condições de analisar a situação atual do País sem restringir a análise à aplicação de modelos econométricos ou explicações estilizadas baseadas puramente na teoria econômica", explica. "É exatamente essa capacidade analítica que constitui instrumento fundamental para que um diplomata possa identificar e defender os interesses do Brasil no exterior", acrescenta.

Assim que deixou os bancos acadêmicos, Hees trabalhou durante quatro meses na Arthur Andersen, em Campinas, na parte de consultoria em impostos. A diplomacia surgiu como alternativa profissional para o ex-aluno da Unicamp antes mesmo de prestar o vestibular. Um teste vocacional indicou essa possibilidade. "Mas como é necessário ter nível superior para prestar o concurso, esse projeto ficou adormecido até o final do meu mestrado". Ele afirma que a defesa dos interesses nacionais e a oportunidade de participar de negociações internacionais e de conhecer outras culturas foram alguns dos aspectos que pesaram na decisão de tornar-se diplomata. Quanto às lembranças do tempo de universitário, Hees revela sentir saudade das festas de começo e fim de semestre, das viagens para participar de competições esportivas, do circulo de amizades e até mesmo das refeições feitas no bandejão. "Até hoje, meus melhores amigos são do tempo da faculdade", diz.

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