ANO XVII - 16 a 22 de dezembro de 2002 - Edição 202
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Representantes das principais
instituições de ensino participam de debate

Reitores debatem ampliação de vagas


MANUEL ALVES FILHO

Glaci Zancan, presidente da SPBC: "queremos contribuir com propostas concretas"A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) promoveu no último dia 10 de dezembro, em sua sede em São Paulo, o debate "Qualidade e ampliação do acesso ao Ensino Superior". O objetivo foi levantar propostas para enfrentar o desafio de ampliar o número de vagas nas universidades públicas, sem a perda da excelência alcançada.

Participaram das discussões representantes de algumas das principais instituições de ensino do país, entre elas a Unicamp, da própria SBPC e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Ao final do encontro, ficou definido que SBPC elaborará um documento reunindo as principais sugestões e o encaminhará, a partir do início do próximo ano, às autoridades públicas além da trazê-lo ao conhecimento da opinião pública.

De acordo com a presidente da SPBC, Glaci Zancan, a entidade decidiu promover o debate na tentativa de fomentar a adoção de medidas que promovam a ampliação e a democratização do acesso às universidades públicas. "Este tema certamente estará na pauta de trabalho tanto da academia quanto dos gestores públicos em 2003. Queremos contribuir com propostas concretas para tentar superar esse desafio", afirmou.

O reitor da Unicamp, professor Carlos Henrique de Brito Cruz, lembrou aos presentes que atualmente apenas 16% dos jovens em idade de freqüentar uma universidade (de 18 a 24 anos) estão de fato matriculados em alguma instituição de nível superior brasileira. Para que o país atinja índices semelhantes aos alcançados pelas nações desenvolvidas, esse número teria que ser triplicado.

Brito Cruz disse que esse patamar não pode ser atingido apenas com a ampliação do sistema educacional já instalado. "Precisamos de ações mais ousadas", afirmou. Segundo ele, qualquer plano que pretenda simplesmente reproduzir os modelos já existentes, como USP, Unesp e Unicamp, também estará fadado ao insucesso. "Nenhum país do mundo fez isso", esclareceu.

O reitor da Unicamp enfatizou a necessidade de se tratar a questão da expansão do ensino superior no Brasil de um ponto de vista estratégico, além das medidas tópicas de cada instituição. Neste sentido, Brito defende a elaboração de um plano diretor com um horizonte de ações a médio e a longo prazo - "possivelmente de 15 anos" - capaz de originar "políticas de estado" em vez das tradicionais "políticas de governo". Esta é a linha de ação que os reitores das três universidades públicas paulistas apresentaram ao governo do Estado e que foi aprovada pela Secretaria de Ciência e Tecnologia. "Tal plano, para ganhar a legitimidade necessária à sua permanência e a seu sucesso, precisa ser elaborado de comum acordo entre as universidades, o poder executivo e o poder legislativo", acrescentou.

O reitor destacou algumas iniciativas que estão sendo tomadas para ampliar e democratizar o acesso às universidades estaduais paulistas, como o provisionamento de uma verba da ordem de R$ 60 milhões, referente ao orçamento do Estado de 2003, para ser aplicada com essa finalidade. "É uma ação importante, mas que precisa ser acompanhada de outras de impacto não menor", insistiu. Brito lembrou que no vestibular da Unicamp, historicamente, 30% dos candidatos são oriundos de escolas públicas e que este percentual se reproduz entre os aprovados.

O reitor da Universidade de Brasília (UnB), professor Lauro Morhy, ressaltou a necessidade de se adotar no Brasil uma espécie de "plano nacional de emergência" na área da educação. De acordo com ele, as universidades federais atravessam uma situação de penúria, com falta de recursos e de pessoal. "Não é possível pensar em ampliar uma estrutura que já é completamente deficitária. Se já não conseguimos atender bem a demanda atual, como faremos para atender mais alunos?", questionou.