Jornal da Unicamp 185 - 12 a 18 de agosto de 2002
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Questão de saúde hospitalar

HC é um dos poucos hospitais brasileiros
a exercer severo controle da tuberculose

ISABEL GARDENAL

O HC da Unicamp é um dos poucos hospitais no País que vem, há muito, se dedicando ao controle da tuberculose, doença infecto-contagiosa de evolução crônica causada pelo bacilo de Koch e transmitida pelas secreções respiratórias em suspensão. Na última década, com os primeiros casos de bacilos multirresistentes nos EUA, novas recomendações para evitar sua disseminação foram divulgadas. Desde então, o HC impôs à sua rotina mais rigoroso cumprimento às normas da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).

Em termos de estrutura física, a direção do HC criou, a partir de um estudo de engenharia, áreas de isolamento em todas as enfermarias: oito quartos e 16 leitos disponíveis, hoje com 80% de ocupação e com média de três casos por dia. Também adotou ar-condicionado com filtros de alta eficiência (Hepa) nos quartos e um sistema de pressão negativa que, segundo Antonia Terezinha Tressoldi, superintendente do HC, serve para, na hora em que for aberta a porta, impedir a saída do ar contaminado de dentro do quarto.

Além disso, assim que sai o resultado da pesquisa de escarro positiva, os funcionários da Microbiologia contatam o Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NVE), e a equipe procura o paciente para iniciar terapêutica. A seguir, o Núcleo informa o caso aos serviços municipais e posto de saúde mais próximo à residência do paciente, para triagem de sua família.

Inquérito – Em 2000, o Ministério do Trabalho realizou um inquérito no HC. Uma das exigências era o teste tuberculínico, também conhecido como teste de Mantoux – exame que mede a imunidade de quem se infecta com o bacilo – em todos os funcionários da enfermagem. Resultado: não houve nenhum caso de doença ativa.

Rotina – Quando um paciente é admitido no hospital, existem índices de hipótese diagnóstica para tuberculose. "A idéia é suspeitar, já que nosso País é pobre e tem alta incidência da doença", enfatiza o presidente da CCIH, Plínio Trabasso. "O sintomático respiratório, por exemplo, tossidor há mais de três semanas, deve ser investigado."

De acordo com Terezinha, o contágio não é instantâneo. Para o bacilo ser infectante, o paciente tem que tossir e escarrar. O escarro, lançado à superfície, seca-se, liberando partículas infectantes que, em contato com o ar, são respiradas por indivíduos suscetíveis. No caso de pacientes internados sem diagnóstico confirmado, de pronto exige-se o uso de máscara pelo profissional e o isolamento do paciente."

Havendo um forte reator ao Mantoux, existem duas condutas principais a tomar: fazer o reforço da vacina (a primeira é feita ao nascimento: a BCG) ou administrar isoniazida profilática. "A cura da tuberculose pode ser total. Seu tratamento habitual dura seis meses", orienta Plínio.

Na década de 50, havia tanta tuberculose no Brasil que nem se isolava o doente. Aos poucos, as precauções foram reiniciadas. Entre 2000 e 2010, já havia expectativa de erradicação da doença, porém, com o surgimento da Aids, a tuberculose aumentou. No momento, o governo inicia um programa nacional de combate ao bacilo.