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Projeto disponibiliza na internet acervo de 1,5 mil
fósseis do acervo do Instituto de Geociências

Do mundo pré-histórico ao mundo virtual

CARMO GALLO NETTO

A professora Fresia Soledade Ricardi Torres Branco, coordenadora do projeto, mostra exemplar de fóssil: acervo começou a ser estruturado em 1999 (Foto: Antoninho Perri)O Instituto de Geociências da Unicamp (IG) acaba de disponibilizar, na internet, sua coleção de fósseis. O projeto, coordenado pela professora Fresia Soledade Ricardi Torres Branco, do Departamento de Geologia e Recursos Naturais, tem como objetivo divulgar o acervo da unidade, que conta hoje com cerca de 1,5 mil exemplares. A ferramenta vai possibilitar o acesso, antes restrito ao meio acadêmico, do público à coleção. Durante a fase de implementação do site, após a revisão dos dados, as informações passaram a constituir um banco de dados juntamente com as fotos dos fósseis, o que permitiu a organização de uma ficha para cada exemplar. Elas podem ser acessadas no endereço www.ige.unicamp.br, por meio dos links “Projetos Especiais” e “PaleoMundo”. O projeto foi financiado pela Fapesp.

Fotos de fósseis vêm acompanhadas de fichas

Segundo Fresia, o acervo contém exemplares provenientes de diversos países da América e de vários Estados brasileiros. Estes foram divididos em nove coleções didáticas, classificadas como Vertebrados, Invertebrados, Icnofósseis, Estromatólitos, Miscelâneas e Comparação etc. Conta também com outras sete coleções cientificas, que incluem fósseis utilizados em pesquisas do Departamento. O acervo começou a ser estruturado pela pesquisadora em 1999 e, desde então, vem recebendo inúmeras contribuições de professores, alunos, pesquisadores, funcionários do Instituto e até mesmo de pessoas interessadas em colaborar.

A necessidade de organização de uma coleção de fósseis ocorreu a Fresia em 1998, quando começou a lecionar a disciplina Elementos de Paleontologia para os alunos de graduação de Biologia e do recém-criado curso de Geologia. “Na época, tínhamos muito pouca coisa para mostrar. Surgiu então a idéia de montar uma coleção. Solicitei doações, fiz coletas e muitos exemplares me chegaram espontaneamente”. Segundo a docente, o Brasil é um país muito rico em fósseis. “Temos exemplares de dinossauros, de plantas e de peixes, e de todos os tamanhos. Nossa preocupação inicial foi a de atender às necessidades de ensino, organizando uma coleção bem diversificada, pois não podia me ater apenas a mostrar exemplares de plantas, área em que trabalho”.

A idéia do site surgiu depois, quando a docente constatou que os fósseis conhecidos no Brasil são em geral os do Hemisfério Norte, principalmente dos EUA e da Europa. “É como se aqui a gente não os tivesse. Os livros, em geral traduzidos, são ilustrados com fósseis dessas regiões e com pouca coisa ou quase nada da América do Sul. Decidi então que seria bom divulgar o que existe por aqui. Na internet encontram-se sites estrangeiros, mas em geral em inglês. Somos constantemente bombardeados por outras culturas, que nos levam a pensar que o que é nosso não vale a pena. Precisamos valorizar o que é daqui, para que outros também o façam”.

A docente entende que o trabalho deve ser diuturno, pois o site, continuamente ampliado, vem obtendo resultado face ao grande interesse do público em relação aos fósseis: “Constatei isso por ocasião da realização da UPA [Universidade de Portas Abertas], quando ficou patente o fascínio que os fósseis exercem sobre os visitantes, em grande parte estudantes de ensino médio. Eles são atraídos por coisas que não existem mais, mas das quais se tem o registro”, constata Fresia.

Participaram também da implementação do projeto Luis Gustavo Dal Bo da Costa e Edgar T. Caíres, como alunos de iniciação cientifica, e a atualização e ampliação do site conta com a colaboração de Wellintong G dos Santos, que recebe bolsa através do SAE (Serviço de Atendimento ao Estudante).

Decifrando as raízes da vida

O termo paleontologia foi cunhado a partir das raízes gregas palalos (antigo), ontos (ser) e logos (estudo) e a palavra fóssil originou-se do termo latino fossilis (extraído da terra, desenterrado). A paleontologia estuda a história da vida no planeta Terra desde o seu primeiro registro, há 3,5 bilhões de anos. Estuda como surgiram os seres vivos, como eram suas inter-relações, como evoluíram e como surgiram os fósseis. Ela aponta para grandes evidências acerca das mudanças climáticas pretéritas, permite entender como a Terra chegou ao que é hoje e o que pode acontecer no futuro.

Segundo Fresia, os princípios e métodos da Paleontologia fundamentam-se na Biologia e na Geologia. Na Biologia, o paleontólogo busca subsídios para estudar os fósseis, já que eles resultaram de antigos organismos vivos. No caminho inverso, a Paleontologia fornece aos biólogos uma dimensão do tempo em que os grandes ecossistemas atuais se estabeleceram. Já na Geologia, os fósseis são utilizados como ferramenta para datação e ordenação das seqüências sedimentares. Também fornece subsídios para interpretação dos ambientes antigos de sedimentação e para a identificação das mudanças ocorridas na superfície do planeta ao longo do tempo geológico.

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