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Estudo revela que Aids vitima cada
vez mais mulheres, pobre e idosos

RAQUEL DO CARMO SANTOS

O médico sanitarista Carlos Henn, autor da pesquisa: investigando 90% dos casos registrados entre 1980 e 2005 em Campinas (Foto: Antoninho Perri)A epidemia de Aids em mulheres moradoras de Campinas apresentou crescimento bastante significativo na última década. No período entre 1996 e 2005, o número de casos chegou a 1.023, enquanto nos primeiros quinze anos – de 1980 a 1995 – os registros somaram 207. Outra questão foi o aparecimento de aglomerados de casos, denominados clusters, na região noroeste, sudoeste e sul, o que significa uma ocorrência marcante da doença em bairros de baixa renda.

Doença está presente em todas as regiões de Campinas

“A ‘feminização’ aconteceu simultaneamente à ‘pauperização’ da epidemia de Aids na cidade. Os casos concentram-se nas áreas com populações de maior carência e baixa renda, mais especificamente, nos eixos das avenidas Amoreiras e John Boyd Dunlop e também Rodovia Santos Dumont”, destaca o médico sanitarista Carlos Henn, que realizou estudo na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (FCM).

Em dissertação de mestrado, orientada pela professora Maria Rita Donalisio Cordeiro, Carlos Henn tomou como base 4.175 endereços de indivíduos maiores de 13 anos notificados com Aids, ou seja, 90% dos casos registrados pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde no período compreendido entre 1980 a 2005. Os mapas da distribuição espacial da doença na cidade mostram o aumento da Aids tanto no sexo masculino, como no feminino, maiores de 13 anos. Neste sentido, atinge progressivamente todas as regiões, desde as áreas mais centralizadas e urbanizadas até a periferia dos cinco distritos de saúde leste, norte, noroeste, sudoeste e sul.

Um outro aspecto merece ser destacado no estudo: a doença entre maiores de 50 anos também apresentou aumento de incidência em mais de duas vezes. Foram 91 casos observados entre 1996 a 2000, contra 202 de 2001 a 2005. Nestes casos, a concentração ocorre em dois eixos principais do mapa, centro-oeste e centro-sul, mas também com clusters em territórios das cinco regiões de saúde. “A situação identifica justamente o envelhecimento da epidemia no município”, explica.

Para o médico sanitarista, a compreensão da epidemia do HIV e da Aids em suas diferentes dimensões socioeconômica, cultural, biológica, política, entre outras, representa ainda um grande desafio para a Saúde Pública em mais de 20 anos de doença no país e no mundo. Segundo ele, ao considerar a história natural da doença, acredita-se que o HIV foi introduzido no país na década de 70, se disseminando de maneira insidiosa e progressiva por todo o território nacional. No início da década de 1980 o perfil da epidemia era predominante na população masculina, homossexual, com elevada escolaridade, pertencente à classe média e alta, moradores de áreas urbanizadas e centralizadas do município.

A dissertação de mestrado, no entanto, mostra que a dinâmica atual da epidemia em Campinas atinge de forma diferenciada populações em seu “habitat”. “Caracteriza-se pelas tendências de ‘heterossexualização’, ‘feminização’, ‘pauperização’ e, mais recentemente, ‘envelhecimento’, acometendo faixas etárias mais idosas, concentrando-se nas populações marginalizadas e vulneráveis”, destaca.

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