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Tese avalia ação do creme dental na fluorose


Isabel Gardenal


Uma tese da Unicamp recém-defendida pela dentista Márcia Regina Angeli Jordão na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) procurou verificar a real participação do dentifrício fluoretado (creme dental) na fluorose - uma alteração nos dentes na fase de formação devido à ingestão excessiva de flúor (a normal fica entre 0,05 e 0,07 mgF/kg de peso corpóreo/dia).

Atualmente, são relatados no mundo redução da cárie dentária e, ao mesmo tempo, aumento da fluorose dental. Márcia afirma que o flúor está envolvido nas duas situações e que, a partir de um ano e meio até por volta dos três, o excesso de flúor tem maior risco de fluorose para os dentes permanentes anteriores.

Há anos, existem relatos na literatura de que o creme dental seria um dos grandes responsáveis pela fluorose, provocando, em geral, manchas nos dentes brancas até castanho-escuras. Resultados obtidos na dissertação de mestrado "Influência do dentifrício fluoretado na prevalência de fluorose no Brasil" confirmam que moradores dos municípios estudados - Piracicaba, Limeira, São Pedro e Cordeirópolis - apresentam fluorose nas formas leve e muito leve, mas não chegam a ser um problema de saúde pública.

Condições - O dentifrício foi fluoretado 100% no Brasil desde 1989 e, a água, está passando por este processo em quase todos os municípios. Se o responsável pela fluorose é o dentifrício, como explicar a sua presença em escolares não-expostos a ele na fase de formação dos dentes ou que escolares expostos ao dentifrício fluoretado, desde o nascimento, demonstram graus de fluorose similares ao grupo de não-expostos? A lógica parece indicar que as pessoas ingerem bebidas e chás industrializados, água mineral e produtos manipulados de regiões em que há flúor em excesso ou sem controle na água.

A pesquisadora começou a análise dos dentes anteriores (da frente) de escolares dos quatro municípios e distribuiu 8 mil questionários a adolescentes de 11 a 16 anos, sendo selecionados 1.520 no total.

A amostra com idade entre 11 e 12 anos esteve, desde o nascimento, sob influência do dentifrício fluoretado, residindo em local onde tinha ou não flúor. Já os com 15 e 16 anos não sofreram essa influência, ao menos nos quatro primeiros anos de vida, uma vez que a pesquisa ocorreu em 2001. "Achamos fluorose na faixa etária de 15-16 anos e 11-12. Além disso, o creme dental não interferiu diretamente no aumento de fluorose", diz Márcia, orientada na dissertação pelos professores Maria da Luz Sousa e Jaime Cury.

Conduta - A fluoretação da água e do dentifrício são os melhores métodos de prevenção à cárie no País, como medidas de saúde pública. "A porção de creme dental na escova, para cumprir sua missão - restabelecer com rapidez o pH da saliva após a refeição, não favorecer a desmineralização e remover placa bacteriana - não deve ser maior que um grão-de-ervilha", aconselha Márcia.

O problema do flúor, conta ela, é tê-lo na boca em nível constante. A água bebida retorna à boca pela saliva. O dentifrício, além de limpar os dentes, também permanece na boca após o enxagüe.

Fazem parte das ações educativas averiguar a escovação de dentes na criança, a quantidade de creme dental e o enxágüe pós-escovação, "exigindo-se dos municípios um heterocontrole da fluoretação da água. É essencial fiscalizar a água mineral comercializada, que nem sempre traz especificada no rótulo a quantidade de flúor", diz Márcia.

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