EUSTÁQUIO GOMES

Há dois meses no comando do país, o novo governo se prepara para executar um dos itens capitais de seu programa, cujas linhas gerais já deixavam entrever, no texto universalmente difundido, a inquietação que tomaria conta dos servidores públicos. Antes de mais nada, é preciso dizer que o novo governo não enganou ninguém. Está apenas cumprindo o que prometeu. E o que prometeu é isto: uma reforma previdenciária que tende a reduzir direitos e a aumentar deveres.

Mas o governo dá sinais de que não atingirá - é o que tudo indica - os servidores (docentes ou não) que já reúnem ou venham a reunir, até a aprovação da reforma, condições de tempo e de contribuição para a aposentadoria. Muitos desses desejam continuar na ativa por razões de foro pessoal. São numerosos, na universidade pública, os docentes cujo interesse maior está na continuidade de sua tarefa acadêmica, e não na aposentadoria. E também aqueles que, mesmo depois de aposentados, continuam doando o seu tempo e seu esforço à universidade.

A inquietação incomoda sobretudo a geração de servidores que está em pleno vôo de cruzeiro, uns mais, outros menos, mas todos pendentes de uma regra de transição que ameaça não durar mais de cinco anos. Aos que ingressaram no serviço público após 16 de dezembro de 1998 a reforma pouco ou nada afetará: para esses a regra já é mesmo outra e, por ser nova, deu-lhes toda a condição de escolher. O servidor pré-1998, este optou pelo serviço público confiante no estrito cumprimento das regras em vigor na época de sua admissão.

Nesta edição, o Jornal da Unicamp faz uma sondagem em pleno coração do Congresso Nacional. O propósito foi saber de especialistas em Previdência - dois importantes consultores legislativos que convivem diariamente com parlamentares de todos os partidos - suas expectativas acerca do comportamento da Câmara e do Senado. Como reagirão os deputados e senadores ao projeto de reforma do governo? Os consultores não têm bola de cristal, mas dão boas pistas sobre o que poderá vir a acontecer. E nem tudo são favas contadas para o governo.