Cátedra Sérgio Vieira de Mello e Lume Teatro exibem filme Meu Corpo, Minha Fronteira em referência ao Dia do Refugiado

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O drama humanitário das migrações forçadas, potencializado pela guerra na Ucrânia, pela crise no Sudão, por conflitos travados em outras regiões e pelas emergências climáticas, sofreu o maior aumento já registrado pela Agência da ONU para Refugiados (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiado - Acnur). Mais do que nunca, pessoas e famílias são forçadas a fugir de seus países por conta de ameaças de morte, prisões arbitrárias, violações de direitos humanos, perseguições diversas e desastres ambientais.

“Nesse percurso de fuga, deparam-se com travessias letais, fronteiras fechadas, abandono e, muitas vezes, encarceramento em campos de refugiados. Essa é uma questão dramática, frequentemente invisibilizada. Para se ter uma dimensão do problema, 40% das pessoas em situação de deslocamento são crianças: qual futuro é possível para esse espectro populacional?”, indaga a presidenta da Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM) da Unicamp, Ana Carolina de Moura Delfim Maciel, que esteve no evento de lançamento do mais recente relatório anual da Acnur em São Paulo. Divulgado nesta quarta-feira (14), o documento indica que 108,4 milhões de pessoas se encontram em situação de migração forçada no mundo. Trata-se de um aumento de 19,1 milhões em relação ao levantamento anterior. É o maior aumento já registrado pela agência.

Além da tragédia de precisar fugir de casa, os refugiados normalmente realizam o processo de imigração em situação de vulnerabilidade social e econômica. Nesse contexto, podem ser vítimas de exploração e abusos – tema abordado pelo curta-metragem Meu Corpo, Minha Fronteira, que será exibido na sede do Lume Teatro, em Barão Geraldo (Campinas), nesta quinta-feira (15), às 19h, em sessão gratuita e aberta ao público. Após a exibição, haverá um bate-papo com o ator e diretor Eduardo Mossri e a codiretora Karen Menatti, mediado por Maciel.

“Em homenagem ao Mês Mundial do Refugiado, temos a honra de receber Eduardo Mossri, que, inspirado pela experiência de campo na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, nos traz, com muita sensibilidade, esse documentário inspirado pelas trajetórias de vida de pessoas em deslocamento forçado”, diz Maciel, que também é coordenadora da Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa da Unicamp (Cocen), à qual o Lume Teatro é vinculado.

Presidenta da Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM) da Unicamp, Ana Carolina de Moura Delfim Maciel: 40% das pessoas em situação de deslocamento são crianças
Presidenta da Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM) da Unicamp, Ana Carolina de Moura Delfim Maciel: 40% das pessoas em situação de deslocamento são crianças

Sensibilização por meio da arte

A concepção do curta-metragem nasceu de um trabalho voluntário realizado por Mossri em Roraima, durante um mês, por meio do Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados, em 2020. Depois dessa experiência, o artista foi convidado a trabalhar no projeto Prevenção da Exploração e do Abuso Sexual, vinculado à ONU. O filme Meu Corpo, Minha Fronteira, que traz relatos de imigrantes vítimas de abuso e exploração, foi um dos resultados desse trabalho, que também rendeu a peça teatral Boa Noite Boa Vista.

“Como artista, minha função é difundir esse tema para ajudar a promover a sensibilização do olhar das pessoas”, diz Mossri, que tem ascendência sírio-libanesa, trabalha desde 2009 com o tema da imigração e interpretou o médico sírio Faruq na telenovela Órfãos da Terra (2019). 

"A ideia foi coletar histórias e vivências de pessoas migrantes, até para que elas pudessem saber quando estão em situação de vulnerabilidade, com foco principal em questões de abuso sexual ou moral, de crianças, mulheres e pessoas da comunidade LGBTQIA+. Então, eu e a Karen convidamos pessoas migrantes e realizamos esse filme juntos. Poder apresentá-lo e discuti-lo em Campinas é um grande presente, até porque sou um grande fã do trabalho do Lume Teatro", conclui o artista.

Refúgio Acadêmico

Atualmente, a Unicamp tem cerca de duas dezenas de alunos em cursos de graduação e pós-graduação inscritos por meio do programa de vagas extras para refugiados da Cátedra Sérgio Vieira de Mello e oriundos da República Democrática do Congo, de Angola, da Síria, do Afeganistão, de Gana, de Serra Leoa, de Belarus e da Rússia.

“Há alguns anos, promovemos na Unicamp a inclusão de alunos e alunas em situação de deslocamento forçado. Acredito que a universidade, no próprio sentido da palavra, deva ter essa dimensão de ‘universal’, um espaço de aprendizado onde as fronteiras geográficas sejam nuançadas”, diz Maciel.

Em 2022, a Cátedra da Unicamp foi pioneira ao promover o I Seminário Internacional Refúgio Acadêmico, que reuniu mais de 90 participantes de várias nacionalidades, entre refugiados, pesquisadores, ativistas, artistas, membros do poder público e órgãos governamentais, agências de fomento e imprensa, com o objetivo de ampliar o debate sobre a tragédia do refúgio contemporâneo e mobilizar respostas concretas a esse problema.

Serviço: 

Exibição do curta-metragem Meu Corpo Minha Fronteira

Quando: quinta-feira, 15/06, às 19h

Onde: Sede do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais (Lume) – R. Carlos Diniz Leitão, 150, Barão Geraldo

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A ideia do filme foi coletar histórias e vivências de pessoas migrantes, até para que elas pudessem saber quando estão em situação de vulnerabilidade

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