II Mostra da FCM discute o lugar da Extensão na Universidade

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Trazer a extensão universitária para o centro do debate; trocar experiências com quem já faz extensão e mostrar, para quem ainda não faz, que não é um bicho de sete cabeças; evidenciar o quanto a extensão é transformadora para todos os envolvidos e as oportunidades que ela abre. Esta foi a proposta da II Mostra de Extensão da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, que aconteceu entre os dias 7 e 8 de novembro, na FCM. A programação contou com espaços de trocas de experiências, exibição de pôsteres, debates e manifestações artísticas. “O que estamos fazendo aqui é democracia”, afirmou Rubens Bedrikow, coordenador de extensão da FCM e organizador do evento.

“Quando falamos de extensão, não deixamos de falar sobre ensino e pesquisa, porque trabalhamos numa lógica de indissociabilidade entre os três. A extensão, por ser a missão da universidade que mais conversa com os outros setores da sociedade, aproxima também as outras missões (pesquisa e ensino). Trazemos a voz das pessoas, através dessa interação dialógica da universidade com outros setores”, explicou Bedrikow.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Fernando Coelho, ressaltou a relevância da extensão realizada pela FCM. “A Faculdade de Ciências Médicas, sem dúvida nenhuma, é uma das unidades da universidade que mais faz extensão. Ela tem pessoas, professores, estudantes e funcionários que fazem a extensão que uma universidade como a Unicamp deve fazer. Uma extensão que dialoga, uma extensão que respeita, que transforma não só o aluno, mas a comunidade envolvida”, afirmou.

Para Coelho, a extensão deve ser entendida como “o braço político do ensino e da pesquisa”. “É ela que traz para a universidade as demandas da sociedade. É por meio da extensão que fortalecemos o laço entre a sociedade e a universidade e o laço de sustentação política da universidade”, defendeu.

Da mesma forma, o diretor associado da FCM, Erich Vinicius de Paula, defendeu a extensão como peça-chave para a perpetuação institucional da universidade. “Como a universidade consegue se manter como uma das instituições, como a igreja, que dura tantos séculos, apesar de todos os desafios? Foi comentado que ela sempre foi um lugar onde se podia fazer alguma coisa que não se podia fazer fora dela. Quando ouvi isso, fiquei pensando, o que fazemos hoje aqui que não é feito fora? O ensino, a transmissão de conhecimento são muito qualificados aqui, mas acontecem de outras maneiras. A pesquisa também é feita com muita qualidade, principalmente dentro da universidade, mas é feita em outros espaços. Talvez, nosso grande diferencial, daqui para frente, seja transferir de uma forma transformadora para a sociedade, de forma a continuarmos relevantes, tendo apoio lá fora para durar muitos séculos”, refletiu.

Curricularização da extensão ou extensionalização do currículo?

O processo de integração da extensão aos currículos de graduação foi o tema debatido pela primeira mesa, que contou com a participação do coordenador de Graduação em Medicina da FCM, Fábio Hüsemann Menezes; da gerente de Extensão da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCC), Vera Lúcia dos Santos Plácido; da coordenadora do eixo de extensão do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Botucatu da UNESP, Jacqueline Teixeira Caramori; de Rafael Pereira Moreira da Silva, aluno extensionista da FCM; além de Fernando Coelho e de Rubens Bedrikow, que mediou o debate.

A professora da PUCC fez uma provocação, propondo o uso de “extensionalização do currículo” ao invés de “curricularização da extensão”. “Estamos aqui porque acreditamos que a extensão tem uma forma própria de acontecer. Essa troca, esse diálogo de saberes. Aqui, produzimos um conhecimento sistematizado. Mas, aonde vamos, as comunidades que atendemos, as comunidades a que chegamos, também possuem um conhecimento. Há um saber institucionalizado lá, a partir das relações comunitárias, a partir das suas dores, das suas demandas. É nessa troca de saberes, é nessa ponte, que a extensão está. Acredito, particularmente, que o correto seria falar extensionalização do currículo, pois estamos fazendo uma ressignificação do papel da universidade no território brasileiro, que é marcado por tantas desigualdades”, pontuou Vera Plácido.

A coordenadora da extensão da medicina da Unesp, por sua vez, levantou alguns dos principais desafios enfrentados nesse processo pela universidade,  como a inserção da extensão no currículo com a manutenção da carga horária, que já é alta. Outro aspecto destacado por Jacqueline Caramori foi a necessidade de formação dos docentes para extensão. “Considero que o engajamento dos professores é uma peça fundamental para o sucesso da extensão. Esse engajamento sai um pouco daquele habitual que o professor já tem, que é a sala de aula. Ele tem que se engajar em comunicação, tem que reconhecer esse letramento que vai levar de uma forma não de um saber isolado, mas aberto a trocas. E ele precisa levar a visibilidade dessas contribuições sociais para dentro da universidade. A troca precisa acontecer de fato. Talvez precisemos preparar melhor nossa docência para que ela entenda o seu papel dentro desse processo”, refletiu.

Em sua intervenção no debate, o pró-reitor contou sobre as estratégias que vêm sendo utilizadas pela Proec, em parceria com a Pró-reitoria de Graduação (PRG), para contribuir para o processo de curricularização da extensão na Unicamp. Segundo ele, há uma diversidade muito grande de familiarização com a extensão entre as unidades. Enquanto algumas estão estruturadas, com projetos consolidados, outras ainda manifestam dúvidas sobre o que seria a extensão universitária. “Essa diversidade nos faz caminhar para montar grandes programas institucionais. Primeiro, porque eles podem atender uma demanda muito grande de alunos. E, como são programas institucionais, eles não têm a cara de uma unidade. Além disso, são programas financiados pela universidade, com recursos para garantir a perenidade”, destacou. “Temos que oferecer uma cesta de alternativas aos alunos que inclua programas e disciplinas, para que o aluno tenha disponibilidade para fazer a extensão em áreas diversas”, ressaltou.

Coelho defendeu, ainda, que as atividades de extensão devem ter o mesmo peso institucional que o ensino e a pesquisa. Para isso, precisam de reconhecimento acadêmico. “Precisamos da valorização das atividades de extensão nos relatórios de atividades de docência. É preciso ter esse tipo de reconhecimento. Precisamos estimular a comunidade, garantindo que a atividade de extensão tenha o mesmo tratamento que as outras atividades”, afirmou.

Lançamento de livro

O evento contou, ainda, com o lançamento da versão digital do livro “Múltiplos Olhares sobre a Extensão Universitária na Vila Paula”, produzido pelos estudantes e docentes envolvidos na extensão na Vila Paula, nos últimos cinco anos.

Rafael Pereira Moreira da Silva, que participou do debate, é um dos autores do livro. Ele esteve presente no Programa de Extensão na Vila Paula e, agora, está engajado nas atividades que começam no Assentamento Milton Santos. Rafael destacou os impactos da extensão em sua vida pessoal e profissional. “A extensão tem um peso muito importante na nossa vivência como estudantes na área da saúde. Não só na área acadêmica, mas pessoal também. Na área acadêmica, já sabemos o quanto nos desenvolvemos quanto à pesquisa e aos aspectos profissionais. Mas na questão pessoal o impacto também é muito importante”, declarou.

Para ele, as atividades de extensão proporcionam uma vivência única. “Conseguimos interagir de uma forma mais pessoal, nos colocarmos no lugar do outro de uma forma mais poderosa. Conseguimos ter empatia de uma forma muito natural, porque vemos o que eles estão vivendo. Conseguimos fazer uma troca muito, muito profunda”, destacou.

“Na maioria dos cursos de graduação, nas diretrizes curriculares, preconizamos não somente que se forme profissionais, mas profissionais engajados socialmente, éticos e com um olhar crítico para que está acontecendo no mundo ao redor deles. Acho que a extensão contribui para isso”, completou Bedrikow, que assina a organização do volume ao lado de Aline Messias Mota, ex-aluna da pós-graduação da FCM, Beatriz Soares Pires, aluna do Programa de Pró-graduação em Saúde Coletiva da FCM, e Maria Filomena de Gouveia Vilela, professora doutora aposentada da Faculdade de Enfermagem (FEnf). O evento de lançamento oficial do livro será anunciado em breve.

Extensão no Samba

A abertura da Mostra contou, ainda, com o espetáculo musical do grupo "Extensão no Samba", composto pelos professores da casa: Roberto Teixeira Mendes (violão e voz), Paulo Dalgalarrondo (flauta), Esdras Rodrigues (violino e rabeca) e Valter Valentin (contrabaixo).

Matéria originalmente publicada no site da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura.

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A programação contou com espaços de trocas de experiências, exibição de pôsteres, debates e manifestações artísticas

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