Edição nº 613

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 10 de novembro de 2014 a 16 de novembro de 2014 – ANO 2014 – Nº 613

Oswaldo Luiz Alves é ‘fellow’ da Academia Mundial de Ciências


O docente do Instituto de Química (IQ) da Unicamp Oswaldo Luiz Alves acaba de receber a notícia de que é membro da The World Academy of Science - TWAS (em português a Academia Mundial de Ciências), cuja sede fica localizada em Trieste, Itália. Ele será empossado oficialmente na próxima assembleia do órgão. O professor foi comunicado sobre esta distinção no último dia 25. Na Unicamp, outro colega que faz parte dessa Academia é o professor Fernando Galembeck. Entre os químicos brasileiros, não são mais que dez.

Segundo Oswaldo Alves, este em geral é um processo relativamente longo. “Para propor uma candidatura à TWAS, é preciso antes ser membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da qual já sou. Através da ABC, recebi um convite para me candidatar, o que exigiu a entrega de uma ampla documentação, que passa por currículo, publicações e também o apoio de pessoas que possam dar suporte à candidatura, pesquisadores renomados do mundo todo”, relata ele.

Esse processo leva para se desenrolar entre oito e nove meses e, por ocasião da assembleia geral da Academia, são promulgados os eleitos para as diferentes categorias. Oswaldo Alves foi indicado para fellow, a mais alta titulação da TWAS. Conforme o docente, cada encontro acontece num país diferente. A última assembleia aconteceu no Sultanato de Omã e não se sabe ao certo quando será a próxima e nem em que país.

Ele conta que essa academia está muito ligada à parte sul do mundo. O nome anterior da Academia era Third World Academy of Sciences (Academia do Terceiro Mundo), criada em 1983, que se transformou na The World Academy of Sciences. O foco principal é o avanço da ciência nos países em desenvolvimento. Os membros dessa academia são portanto, em sua grande maioria, pessoas que vivem em países em desenvolvimento, atuando no campo da agricultura, economia, física, entre outros. “Fui eleito para a área de Química”, informa.

Para o docente, esta é uma indicação honrosa e relevante em termos acadêmicos, não somente para a Unicamp e para o IQ, mas também pessoalmente. “É um reconhecimento a uma atividade que não é pontual. Não estou entrando para essa academia por um trabalho específico que teve grande repercussão e sim pelo conjunto das minhas atividades”, esclarece. 

De acordo com o professor, três aspectos foram levados em conta: a sua atividade de desenvolvimento de vidros especiais para optoeletrônica, do antigo projeto Unicamp-Telebras; suas atividades em nanotecnologia, sobretudo com nanopartículas; e o seu esforço na transferência de tecnologia para o setor produtivo. “Este último aspecto eu nunca tinha visto nesse processo, demonstrando que a inovação e o relacionamento com o setor produtivo começam a ser distinguidos por academias que em princípio seriam estritamente científicas”, pontua. “Para mim, é uma honra poder fazer parte dessa Academia, e isso chega num momento especial da minha carreira, ao completar exatos 40 anos trabalhando na Unicamp, onde fiz minha graduação e o meu doutorado direto. Fui para o exterior já contratado por esta Universidade e, quando voltei, já passei a atuar como docente.”

O professor acredita ter dado importantes contribuições para a organização da área de nanotecnologia no Brasil e diz que procura ter um envolvimento intenso com o setor produtivo. Atualmente soma 25 patentes, sendo três internacionais, e um licenciamento de tecnologia com o setor industrial. Ele também já fez mais de 200 publicações internacionais. “O nosso Laboratório de Química do Estado Sólido (LQES) já formou mais de 50 pós-graduandos”, revela. Mas faz uma ressalva: “os mais jovens não têm uma ideia clara do que seja o trabalho do pesquisador. A instituição é importante para alimentar os nossos sonhos de fazer pesquisa e criar nossas crenças. Tudo isso somente existe se houver um ambiente propício para o nosso desenvolvimento intelectual. Por isso sou grato à Unicamp. Ela tem possibilitado construir minha carreira, que ora começa a ter um reconhecimento para além das nossas fronteiras”, conclui.