| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 370 - 3 a 9 de setembro de 2007
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Novos programas devem contemplar não só recém-graduados,
mas também profissionais que buscam qualificação

Cenários sociais apontam para
novos desafios na pós-graduação

PAULO CÉSAR NASCIMENTO

Teresa Dib Zambon Atvars, pró-reitora de Pós-Graduação: “O interessado na requalificação precisa atualizar o conteúdo vinculado ao seu trabalho” (Foto: Antônio Scarpinetti)Um inédito curso de mestrado profissional em Engenharia Automobilística é uma das novidades da pós-graduação da Unicamp. Começa a ser oferecido neste segundo semestre com a proposta de proporcionar a engenheiros graduados uma formação que, em 24 meses, contribua para especializá-los e para capacitá-los a aplicar tecnologias de ponta em projetos da indústria automobilística nacional.

Engenharia automobilística é uma das novidades

Focado no aprofundamento tecnológico dos profissionais, o programa “constitui ferramenta estratégica e decisiva para o futuro de uma indústria que, para continuar criando e inovando, com impactos na produtividade, qualidade e, principalmente, na competitividade do mercado interno e externo, depende da capacitação intelectual dos seus engenheiros”, enfatiza a SAE Brasil, associação sem fins lucrativos que congrega engenheiros, técnicos e executivos da mobilidade, uma das idealizadoras do curso. Original também é a forma como será ministrado: cooperativamente, por professores de três unidades de ensino da Universidade (Faculdade de Engenharia Mecânica, Instituto de Química e Faculdade de Engenharia Elétrica), todas elas centro de excelência em pós-graduação, e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Igualmente inovador é o curso de Mestrado Profissional em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação, que será ministrado a partir do próximo ano pelo Centro de Estudos e Pesquisa em Reabilitação Gabriel Porto (Cepre), vinculado à Faculdade de Ciências Médicas (FCM), com o objetivo de qualificar profissionais para atuar no planejamento e na implantação de políticas públicas e ações de saúde e educação, envolvendo a reabilitação de pessoas com deficiências relativas ao desenvolvimento neuromotor, linguagem, surdez e visão. Em 2008, a FCM dará também início ao curso de doutorado em Enfermagem.

Mais que ampliar as oportunidades de pós-graduação na Unicamp, os três novos cursos têm o diferencial de não se voltarem exclusivamente ao aprimoramento acadêmico do recém-graduado. Oferecem também a chance de formação stricto sensu a profissionais que demandam requalificação de alto nível, seja porque dela dependa a manutenção do profissional no mercado, o desenvolvimento de todo um setor empresarial ou a prestação de melhores serviços a um segmento social.

Esse novo perfil deverá ser a característica dos programas de mestrado e doutorado da Universidade daqui para frente, conforme antecipa nesta entrevista a pró-reitora de Pós-Graduação da Unicamp, Teresa Dib Zambon Atvars. Segundo ela, “a pós-graduação está frente a um desafio de ter que atender ou buscar atender a uma demanda muito grande, que busca qualificação em instituições de alto nível, envolvendo não apenas o profissional recém-formado, mas também o profissional que está atuando no mercado, cada vez mais exigente e competitivo. Esses profissionais sabem que precisam se qualificar para poder acompanhar as vertiginosas transformações da ciência e da tecnologia”.

Jornal da Unicamp - Qual a razão desse novo enfoque para a pós-graduação?

Teresa Dib Zambon Atvars – A visão de pós-graduação na Unicamp evoluiu com o tempo. Quando a instituição foi criada, há 40 anos, pós-graduação não era muito consolidada ainda no país, mas a Unicamp sempre teve como perspectiva implantá-la, até porque queríamos ter toda uma gama de atividades que incluía a pesquisa e a formação de pesquisadores, o que se dá por meio de programas de mestrado e doutorado.

Mas ela começou focada na formação de professores universitários. Nessas quatro décadas, surgiram novas demandas para a pós-graduação e a Unicamp passou também a atendê-las por meio de cursos, áreas de concentração e projetos de pesquisa para formação de pessoal para outros segmentos.

O convênio com a Petrobrás é um exemplo emblemático dessa mudança. Nós desenvolvemos vários projetos com a Petrobrás e ela envia para cá os seus profissionais para fazerem mestrado e doutorado. Então, a nossa pós-graduação deixa de ser uma atividade para a formação de docentes de outras universidades e passa a ser também uma atividade para a formação de profissionais para outros segmentos sociais.

JU – Houve, então, o amadurecimento de uma proposta?

Teresa Atvars – É um processo contínuo, que a Unicamp se acostumou a fazer ao longo do tempo. Não podemos nos esquecer, por exemplo, nos primórdios da formação da pós-graduação, da nossa interação com o CPqD da Telebrás. Houve uma forte integração da Física e da Engenharia Elétrica com esse segmento e praticamente trabalhamos juntos desde o início.

Portanto, já tínhamos uma pós-graduação com certo foco na formação de profissionais para alguns nichos específicos, mas não era uma coisa muito ampla ainda. A situação atual, então, não é nova. Na década de 90, para atender a requalificação profissional na área de gestão foram criados os MBAs, que se espalharam pelo País inteiro. É quando a Escola de Extensão da Unicamp (Extecamp), respondendo a uma procura qualificada por especialização, começa a crescer de modo exponencial, porém voltada à atualização na modalidade extensão universitária, não na modalidade pós-graduação.

A procura pela pós-graduação lato sensu, que era pequena em termos proporcionais, também cresce nos últimos anos. Mas o momento atual é um pouco diferente, porque o profissional passa a buscar a pós-graduação stricto sensu. Ele deixa de buscar qualificação voltada para a gestão, suprida pelos MBAs, e passa a buscar atualização profissional mais voltada a área técnica, envolvendo as mudanças de processos, de atualização tecnológica, passa buscar um conteúdo técnico-profissional. Então, trata-se de uma evolução.

JU – A tendência é que os cursos de pós-graduação sejam profissionalizantes?

Teresa Atvars – Não. O foco é o mesmo: formar melhor os profissionais que estão graduados, porém não mais se voltam exclusivamente ao recém-formado da graduação. E esse pode ser o fato novo. O interessado na requalificação já tem a profissão; ele precisa atualizar o conteúdo vinculado ao seu trabalho. Antes, aquele profissional que havia se formado há mais tempo buscava só a Extecamp, os MBAs. Hoje, ele passa a demandar por parte da Universidade uma pós-graduação formal. Ou seja, os cursos de extensão não conseguem mais satisfazê-lo e ele busca aquele algo mais aprofundado que só pode ser obtido nos mestrados e doutorados.

Estamos então em uma fase em que a pós-graduação ganha um novo dinamismo: entender o que a sociedade precisa, em termos de formas de ensino e de conteúdo, e responder a essa demanda. Isso não significa nem perda de foco, nem perda de qualidade. A pós-graduação apenas vai se transformando nos seus objetivos ao longo do tempo: deixa de atender somente o recém-formado da graduação e vai se inserindo em outros segmentos em que não atuávamos.

Coninua na página 3 - ‘A inclusão social tem pautado muitas das ações da Unicamp’

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