| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 338 - 25 de setembro a 1 de outubro de 2006
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Maratona de desenho
 

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Cem artistas vão sair em ronda para retratar
personagens da Unicamp e criar um painel vivo da diversidade

Maratona de desenho
em nome das diferenças

LUIZ SUGIMOTO

Acima e abaixo, desenhos feitos por alunos do IA durante entrevista anunciando a maratona de 28 de setembro (Fotos: Antoninho Perri/Reprodução)Uma maratona de desenho pelo campus. É o que o grupo A Matilha, formado por alunos e ex-alunos de artes plásticas do Instituto de Artes da Unicamp, sob a supervisão da professora e artista plástica Lygia Eluf, vai fazer no próximo dia 28 de setembro. A idéia de retratar personagens do campus e suas diferenças ganhou apoio imediato dos demais professores e da chefia do Departamento (que quer transformá-la em evento regular da graduação da unidade), do pessoal da Música e da direção do instituto. Assim, logo às 8 horas, aproximadamente 100 estudantes, professores e artistas convidados vão se concentrar em frente à unidade, distribuindo-se em seguida por 50 pontos do campus para fazer retratos de funcionários, docentes, dirigentes e usuários dos serviços da Universidade. A meta é produzir 1.500 retratos até o meio da tarde.

Objetivo é produzir pelo menos 1.500 retratos

Lygia e Eluf, em primeiro plano: incomodada com o preconceitoA iniciativa pretende ir além do caráter de happening artístico e, ao retratar as diferenças, chamar a atenção e servir de libelo contra a intolerância — seja religiosa, étnica ou de orientação sexual. “Mesmo em nosso meio”, diz Lygia Eluf, “olhamos torto para o diferente, sem perceber que é justamente essa diferença que destacada a individualidade do outro”.

Essa percepção despertou nos artistas a idéia de sair em “caminhada pela tolerância”, desenhando o retrato de quem surgir pela frente – do jardineiro ao professor, do enfermeiro ao condutor de veículo –, mostrando a diversidade humana do campus. “A aproximação entre o artista e quem ele desenha torna o retrato um registro sempre afetuoso”, observa Lygia.

A famosa “Ronda Noturna” de Rembrandt,  que inspirou a ronda pelo campusTendo o lápis e o papel como material básico, mas com liberdade para utilizar outras técnicas, os artistas seguirão em pares ou trios até as áreas médica e administrativa, institutos e faculdades, bibliotecas, restaurantes e lanchonetes. Enquanto um artista desenha, o outro faz uma entrevista com a pessoa retratada. O resultado será um catálogo padronizado, com cada retrato protegido por um papel de seda onde estarão impressas informações como nome e local de trabalho, além de um pequeno depoimento do personagem contando como se sente dentro da comunidade.

O catálogo ficará sob os cuidados do Arquivo Central da Unicamp (Siarq), como contribuição para marcar os 40 anos da Unicamp. Mas, antes, os retratos deverão formar um grande painel exposto no Instituto de Artes, com a possibilidade de se disponibilizar reproduções para as unidades. Na opinião do professor Antonio Carlos Rodrigues, o Tuneu, um aspecto importante da iniciativa é a possibilidade de um trabalho coletivo com os alunos, a partir da preocupação pessoal dos integrantes de A Matilha. “Para mim, vamos ter uma história que ainda não está visível. Não temos idéia de onde vamos chegar com esse trabalho”.

Rembrandt – A maratona de desenho foi batizada “Ronda Noturna” – título de um quadro de 1642 em que Rembrandt retrata 16 integrantes de um pelotão militar em Amsterdã, célebre por seu jogo de luzes e sombras e por seu formato monumental (3m63 por 4m37). “Vamos fazer algo parecido, registrando a memória de uma época específica na Unicamp. A associação com Rembrandt foi imediata, pois estamos comemorando os 400 anos de nascimento do grande pintor holandês [1606-1669] e a Holanda talvez seja a capital da tolerância do mundo ocidental contemporâneo”, compara Lygia Eluf.

A professora do IA explica que “Ronda Noturna” na verdade é uma cena diurna, mas o pintor utilizou uma camada de verniz que escureceu com o tempo. No entanto, o título persistiu mesmo depois que a camada foi removida na década de 1940, identificando a obra pelo nome de dois militares. “Rembrandt ganhou 100 guiders de cada um dos retratados, uma fortuna para a época. Mas nós contamos apenas com o apoio de gente da Unicamp e de fora, como os professores José Roberto Zan, Paulo Mugayar Kühl, Maria de Fátima Morethy e Esdras Rodrigues, e de Alberto Peciauskas, da Visitex – Casa do Artista, que doou o material”, agradece. Uma mesa-redonda sobre Rembrandt e uma apresentação de música encerrarão o dia de ronda.

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