O Centro de Pesquisas Materno-Infantis de Campinas (Cemicamp), organização não-governamental conveniada com a Unicamp, está completando 25 anos. Como parte das comemorações, a unidade vai apresentar suas pesquisas e as de centros avançados no simpósio internacional "Cesárea: Avaliação e Propostas de Ação", nos próximos dias 5 e 6. Estão convidados renomados pesquisadores e especialistas em cesárea do Brasil e do exterior. A abertura se dará às 8h30 de quinta-feira, na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), com a presença de autoridades de Campinas e do Ministério da Saúde.

Num rápido balanço dos 25 anos do Cemicamp, o presidente Aníbal Faúndes lembra que a principal proposta da unidade é identificar problemas que afetam a saúde materno-fetal e utilizar os resultados da pesquisa para orientação de políticas públicas e em programas de atenção à mulher. Um obstáculo inicial foi a falta de acesso ao planejamento familiar no Brasil. "Havia muita dificuldade em mostrar aos médicos e à sociedade que planejamento familiar era diferente de controle da natalidade. É direito da mulher decidir quando e quantos filhos ter", observa Faúndes.

Ao mesmo tempo em que se disponibilizou maior número de métodos anticonceptivos eficazes e seguros na Unicamp, houve a inserção da anticoncepção no Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (Paism), apoiadas por Cemicamp e Caism. Pouco depois, o Cemicamp lideraria no Brasil o movimento de incentivo ao aleitamento materno, promovendo o primeiro seminário nacional, em colaboração com o Ministério da Saúde.

O Centro já alertava para o exagero na indicação de cesarianas no País há vários anos. O médico Granado Neiva foi o primeiro a detectar o aumento deste procedimento no Inamps, de 15% em 1970 para 30% em 1980. A constatação levou o Cemicamp, o Ministério da Saúde e o Departamento de Tocoginecologia da FCM a organizarem o seminário "Cesariana: incidência, fatores que a determinam e conseqüências maternas e perinatais", um marco para uma nova visão sobre as cesarianas.

Atribui-se ao Cemicamp também a iniciativa de chamar a atenção de médicos e autoridades da saúde e membros da Justiça sobre a gravidade do problema da violência sexual, o que originou os Fóruns Interprofissionais sobre Violência Sexual realizados anualmente a partir de 1996.