Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 231 - 29 de setembro a 5 de outubro de 2003
Leia nessa edição
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Artigo - O triunfo da pós
Desafio: informação nutricional
Agricultura familiar
Software: textos em braile
Pequenos movimentos
Linha Branca: setor em alta
Pós além dos 20 mil
`Banco de gelo´: economia
O prêmio de um romance
O Vôo de Dário Thober
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Identidade magnética
A hora de cada um
 

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Romance rende prêmio nacional a aluna da Unicamp

ANTONIO ROBERTO FAVA

" As férias na praia foram mais do que recompensadoras. Meu irmão voltou com novas capacidade. Passou a ser mais independente dentro de casa pois sabia como se locomover rastejando."

Lia Persona, 23 anos, estudante do curso de graduação em enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, fundiu ficção e realidade para construir seu romance Uma Luta Pela Vida (Editora Mondrian), vencedor do 1º Concurso Literário Anjos de Branco, promovido pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Concorrendo com mais de 650 obras inscritas, que contou também com a participação de nomes de peso da literatura brasileira, Lia elaborou a obra inspirada no seu relacionamento com o irmão adotivo, Pedro, deficiente físico e mental, que entrou em sua vida quando a estudante tinha apenas seis anos de idade.

Lia conta que seu livro é uma espécie de diário, no qual é narrada a história de vida de uma enfermeira, com seus exaustivos plantões, o trabalho árduo e delicado numa enfermaria do setor de pediatria e os conflitos normais do cotidiano. Ao longo de toda a obra – concluída em apenas dois meses –, Lia exprime suas dúvidas e seus desejos, entre eles o de como cuidar bem do menino. Às vezes interrompe sua narrativa para fazer considerações a respeito do garoto sob sua responsabilidade. “Esse contraponto mostra-se inteiramente adequado à pungência de sua história. O desenvolvimento das relações entre a enfermeira e a criança é mostrado com toda a clareza, não dando a impressão de ser o livro simplesmente um romance escrito, mas sim, o registro dos momentos de um ser humano que avança na direção ao entendimento”, conforme observa Antônio Olinto, da Academia Brasileira de Letras.

Lia Persona, estudante do curso de Enfermagem da Unicamp: ficção e realidade

A idéia do livro, segundo Lia, sempre esteve presente em sua vida. Diz que desde pequena queria compartilhar com todos a alegria de possuir uma inspiração diária. E essa inspiração veio de seu irmão adotivo. “Sua história de vida, além de uma luta, é uma grande vitória, digna de ser compartilhada com o maior número de pessoas possível. O concurso literário, promovido pelo Cofen, foi o incentivo que eu precisava para realizar o sonho de escrever a história de Pedro, hoje com 21 anos, e dividir com todos, se possível, os significados que ela trouxe à minha vida”, conta Lia.

Leitora de Herman Melville, de quem leu Moby Dick, e Charles Dickens, autor de Oliver Twist, Lia Persona explica que, antes mesmo que pudesse elaborar as primeiras linhas do seu livro, se propôs primeiramente a escrever o livro na terceira pessoa, transferindo à personagem emoções que, na verdade, eram da própria autora. “Percebendo o distanciamento que criara, resolvi comprometer-me totalmente com a obra transferindo a narrativa para a primeira pessoa. A partir de então, parei de escrever com a mente e deixei meu coração dar vida às sentenças”, conta a autora de Uma Luta pela Vida.

O romance mescla ficção e realidade, ao trazer o relato, na primeira pessoa, de uma enfermeira que decide escrever um livro. “Coincidência?”, pergunta a autora. Possivelmente, como a maior parte da narrativa. A enfermeira faz de seu diário, um amigo, um confidente e uma inspiração para escrever o tão sonhado livro. Mas não se trata de um livro qualquer.

“É a história de seu irmão adotivo deficiente físico e mental que entrou em sua vida quando tinha seis anos de idade, influenciando não somente sua vida, mas na decisão de sua carreira. Assim como a enfermeira dedicou seu livro ao seu irmão, que na verdade é meu, dedico este livro a ele. Suas gargalhadas, na sala ao lado, me incentivaram a continuar digitando letra após letra de sua vida”, diz a escritora.
Segundo Lia, o Uma Luta Pela Vida bem que poderia ser o título da história de muitas pessoas. Deficientes físicos, deficientes mentais, familiares, profissionais da saúde e muitos outros, fazem parte dessa luta pela vida. Podem fazer das palavras da enfermeira as suas, quando diz ‘sempre tive ao meu lado um milagre de vida’”.

Lia estuda e trabalha. Ainda assim sobra-lhe tempo para pensar – “não por enquanto” – em outros livros. Um tema que pode virar livro é a adolescência. No entanto, Lia adianta que Uma Luta Pela Vida pode se transformar em roteiro de televisão. “Talvez um episódio ou uma mini-série, não sei, vamos ver”.

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