Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 231 - 29 de setembro a 5 de outubro de 2003
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Desafio: informação nutricional
Agricultura familiar
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Pequenos mo(vi)mentos do discurso amoroso

LUIZ SUGIMOTO
A pedagoga Rosana Rodrigues Gomes da Silva: amor visto de forma holística

Amor de mãe, de pai, filho, namorado, marido, amigo, amor de amante, amor pelo semelhante. Todos sentem a presença ou a falta dele em suas vida, relacionando-o com bons e maus momentos, mas não conseguem expressar o conceito que fazem de amor. A curiosidade acadêmica levou a pedagoga Rosana Rodrigues Gomes da Silva a avaliar o significado deste fenômeno para 27 estudantes da Unicamp, em pesquisa que balizou a tese de doutoramento O Amor e seus Mo(vi)mentos, defendida em agosto na Faculdade de Educação (FE), com orientação do professor Carlos Alberto Vidal França.

“Supus que os universitários, mais habituados a manusear as palavras, pudessem expressar melhor o significado do amor por escrito. Apenas suposição, pois eles também encontraram muita dificuldade”, afirma Rosana Rodrigues. A pedagoga não ofereceu aos entrevistados qualquer diretriz, quanto a se tratar de amor de pai, namorado ou marido. “Alguns deles abordaram o amor universal, mas a maioria prejulgou o amor entre casais, sem conseguir desvinculá-lo de um relacionamento”, observa.

Rosana Rodrigues afirma que a dificuldade de expressão é natural, pois o conceito de amor passa necessariamente pela experiência de vida de cada um, desde o nascimento e a relação com os pais, seguindo-se a interação com todas as pessoas que vem a conhecer e culminando na relação entre casais. “Poucos percebem o caminho que este fenômeno os leva a percorrer, ou as conseqüências das opções feitas a partir de seus relacionamentos”, explica a pedagoga. É daí que surgem idéias difusas: se o amor é um momento, uma ilusão, uma busca, um destino ou uma certeza; quando e como começamos a amar; quais são os sintomas. “A caracterização do amor vai depender da compreensão que cada pessoa tem de todas essas variáveis”, acrescenta.

A partir das respostas dos universitários da Unicamp, Rosana Rodrigues realizou uma triagem entre aqueles que já viveram a experiência, os que não viveram e os que se consideravam amantes naquele momento. “Excluindo os estudantes que nunca tinham amado, entre os que já amaram prevaleceu a associação da experiência com sofrimento e a sensação de vazio do final da relação. Os amantes, na maioria, ressaltaram o lado belo do sentimento, e mesmo os que viam nele uma face ruim, observaram sua importância para o amadurecimento emocional”, afirma a pedagoga.

Holismo – Na opinião de Rosana Rodrigues, a empolgação por encontrar uma pessoa que atenda a suas expectativas naquele momento, proporciona aos amantes uma visão de amor mais real que a dos estudantes que guardaram apenas imagens amargas da experiência anterior. “Os outros, que disseram nunca ter amado, talvez mantenham uma expectativa de amor ideal, sobre o qual leram ou ouviram de amigos”, observa. Mas ela observa que, mesmo entre os estudantes que estavam amando, poucos colocaram o amor como já amadurecido para uma relação mais estável como o casamento.

Para a pedagoga, o amor é uma questão holística e deve-se compreender seu papel em todos os relacionamentos humanos, não apenas entre homem e mulher. “Quando nos reconhecemos como seres amantes, as relações ficam mais tranqüilas, livres de medos e preconceitos. O universitário deveria lidar melhor com isso e não apenas viver amor, mas refletir sobre ele. Temos uma vida muito mais ampla do que o ‘aqui e agora’, do ‘será que ele vai telefonar?’, do ‘por que ela está demorando’. Encarando o amor de forma holística, a pessoa consegue subir um degrau em termos de evolução”, conclui.

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