196 - ANO XVII - 28 de outubro a 3 de novembro de 2002
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A engenheira de Alimentos Karina de Lemos Sampaio: observando a atitute das jovens em relação aos leites comercializados no BrasilUniversitárias tomam pouco leite

ISABEL GARDENAL

Ao avaliar os hábitos alimentares de 145 alunas da Unicamp, a engenheira de alimentos Karina de Lemos Sampaio constatou que o consumo de cálcio (mais presente no leite) ficou 30% abaixo do recomendado – 1.000 mg/dia para mulheres. A grande maioria (72%) ingeria leite diariamente, porém em quantidade insuficiente, tema discutido na tese de mestrado "Consumo alimentar de jovens universitários paulistas: hábitos, crenças, atitudes e aceitação em relação ao leite", orientada pela professora Maria Aparecida Azevedo Pereira da Silva, da Faculdade de Engenharia de Alimentos.

A pesquisa, financiada pelo CNPq, também revelou inadequação nos níveis de ferro, magnésio e fósforo. Os hábitos das universitárias eram variados. Elas consumiam todos os grupos de alimentos, mas em menores porções verduras, legumes, leguminosas e produtos lácteos, aumentando as chances de uma em cada quatro mulheres ter doenças ósseas, sobretudo a osteoporose.

A partir dessas conclusões, Karina decidiu observar a atitude das jovens em relação aos leites comercializados no Brasil - os pasteurizados A, B, C e o longa vida (de "caixinha"), verificando a aceitação de cada tipo.

Opiniões - As universitárias assumiram atitudes positivas em relação ao leite A e ao longa vida, acreditando serem bem processados e de boa qualidade. O leite tipo B, contudo, para elas era desconhecido. Não sabiam diferenciá-lo dos outros. A crítica maior recaiu sobre o tipo C, pois acreditavam que ele era pobre em nutrientes e aguado.

O aumento do consumo de leite longa vida foi atribuído ao preço competitivo e à sua conservação fora da geladeira. O seu sabor foi apreciado, assim como o do tipo A. Os tipos B e C tiveram menor aceitação. Apesar disso, os resultados comprovaram ser possível produzi-los com características sensoriais comparáveis ao tipo A. "Não importa o tipo de leite consumido. Todos eles são importantes fontes de proteína, calorias, vitaminas, minerais, em especial de cálcio", rebate a orientadora Maria Aparecida.

A engenheira observou secundariamente o Índice de Massa Corporal (IMC) das jovens: cerca de 21% apresentaram baixo peso, 3% sobrepeso e 76% peso normal. Uma provável justificativa é que muitos estudos têm destacado elevação no número de mulheres com distúrbios alimentares (anorexia e bulimia), o que pode ter ocasionado o baixo peso.

Abc do leite

Tipo A - Tem melhor qualidade, é mecanizado. Da ordenha vai direto para o processamento. Não foi muito consumido por conta da crença de ser mais gorduroso, quando, na verdade, o A, B e C têm igual teor de gordura – 3%.

Tipo B - Tem boa qualidade, é mecanizado. Mas, ao contrário do A, demora um tempo para ser processado.

Tipo C - Tem relativa qualidade e a mesma composição dos demais, a ordenha é manual. Demora a ser processado, favorecendo o aparecimento de microrganismos que produzem substâncias capazes de modificar o sabor e o aroma.

Longa vida - É um leite em geral tipo C, que passa por tratamento de esterilização comercial, o que permite ficar estocado em temperatura ambiente.