198 - ANO XVII - 11 a 17 de novembro de 2002
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A 'tristeza dos citros'

MARIA ALICE DA CRUZ

Jorge Vega e Célia Grassi, do IB meta é proteger outras culturas, além da laranja pêraUm projeto de mestrado de Letícia Chaves Ferreira Dias, defendido no Biologia (IB) da Unicamp e orientado pela professora Dagmar Ruth Stach-Machado, pode inovar os métodos utilizados até hoje para combater a "tristeza dos citros" (CTV), uma das doenças virais de maior importância econômica da citricultura mundial. Letícia desenvolveu técnicas eficientes para um diagnóstico rápido e seguro que possibilita ao produtor detectar a planta infectada pelo CTV, eliminá-la e tomar providências para impedir dano maior à plantação.

O exame imunodiagnóstico desenvolvido pela pesquisadora foi testado diretamente em plantas contaminadas com o "vírus da tristeza". A base do diagnóstico é a produção de anticorpos monoclonais específicos que detectam a presença de partículas virais em amostras de planta. "Quanto mais específico for o anticorpo, mais preciso é o resultado", explica Letícia.

Segundo a pesquisadora, todos os testes realizados indicaram a presença do vírus. O trabalho, na opinião dela, é de grande valia para a citricultura brasileira, já que os anticorpos desenvolvidos podem ser utilizados por indústrias cítricas ou pequenos citricultores na detecção de CTV em suas plantações.

Dificuldades - Foram muitas as dificuldades para esclarecer a diversidade genética do vírus da tristeza nos anos 1930 e 1940, quando o pulgão preto o transmitiu aos pomares brasileiros provocando a destruição total das plantações de citros. O primeiro trabalho de controle foi desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), quando seus pesquisadores propuseram a substituição da raiz de laranja azeda enxertada em laranja pêra pela raiz de limão-cravo, que é menos sensível ao CTV. A partir disso, conseguiram assegurar a estabilidade dos pomares.

"Atualmente o produtor convive com o vírus usando técnicas como proteção cruzada, desenvolvida no IAC, que consiste em infectar a planta com uma forma benigna do vírus para impedir a infecção pelas formas mais severas do CTV", afirma o professor Jorge Vega, do Departamento de Fisiologia Vegetal do IB da Unicamp.

Isolados fracos - Uma tese de doutorado orientada por Vega levou à identificação de caracteres bioquímicos das plantas infectadas que permitem diferenciar isolados fracos e fortes de CTV. O objetivo, segundo a autora Célia Regina Baptista Grassi, foi facilitar a procura de isolados mais fracos do vírus que sejam protetivos para diversas variedades e espécies de citros.

A pesquisa desenvolvida na Unicamp é uma contribuição ao trabalho do IAC para detecção de isolados fracos. Célia Grassi explica que, atualmente, para conhecer as características de um vírus - se é forte ou fraco - é preciso esperar a planta crescer até começar a produzir frutos. A idéia é que a técnica de proteção possa ser usada em outras variedades de citros. Até o momento, somente a laranja pêra é protegida com esta tecnologia.