| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 350 - 5 a 12 de março de 2007
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Primeiro colocado no vestibular da
Unicamp pretende ser pesquisador

João Francisco Ferreira de Souza, bom papo e fã de Machado de Assis: qualidade do ensino pesou na escolha (Foto: Antoninho Perri)Desde que soube que havia obtido a maior nota geral no recém-concluído Vestibular Nacional da Unicamp (759,57 pontos), o mineiro João Francisco Ferreira de Souza, de 17 anos, teve a vida momentaneamente alterada. Por conta da sua performance no exame, o estudante deixou o anonimato para assumir a condição de alvo preferencial da mídia. Em poucos dias, concedeu dezenas de entrevistas a diferentes veículos de comunicação. Na maioria delas, fez questão de destacar que se considerava um bom aluno, mas estava distante de ser um gênio, como alguns apressaram em classificá-lo. “Sempre gostei de estudar. Para mim, é uma atividade tão natural como escovar os dentes. Entretanto, eu sempre tive tempo para o lazer, o esporte e o namoro. Sou um jovem absolutamente normal”, afirma o garoto, que cursará Engenharia Química. “Meu desejo é tornar-me um pesquisador”, antecipa.

Estudante teve direito a pontos do Paais

João Francisco é um bom papo. Fala com naturalidade sobre sua trajetória no ensino médio, além de literatura, política e pesquisa científica. Egresso da escola pública – cursou o Colégio Militar de Campo Grande –, ele reconhece que teve uma educação privilegiada. “Os colégios militares são muito diferentes da maioria das escolas públicas brasileiras. Além do ensino ser de ótima qualidade, os estabelecimentos têm bons laboratórios e bibliotecas. Só para se ter uma idéia, a minha professora de físico-química possuía o título de doutora”, conta. Filho de um tenente-coronel, que peregrinou por diversas cidades brasileiras por conta da sua profissão, João Francisco desembarca em Campinas cheio de expectativas.

O garoto, que nasceu em Belo Horizonte, está encarando a experiência de estudar na Unicamp como uma grande oportunidade em sua vida. “Para mim, que morava em Campo Grande, ingressar na Unicamp ou na USP parecia algo inatingível”, afirma. Na prática, porém, João não enfrentou tantas dificuldades assim para superar a barreira do vestibular. Além das duas universidades citadas por ele, o futuro engenheiro químico também foi aprovado nos exames da Unifesp, Unesp, UFSCar, PUC-SP e PUC-Campinas, sempre entre os primeiros colocados. Como isso foi possível, sem que tenha feito cursinho? O menino de fala mansa e sorriso aberto responde: “Procurei revisar os temas das disciplinas nas quais ia bem e privilegiar um pouco mais aquelas em que sentia alguma dificuldade”, ensina.

João Francisco considera a proposta do Vestibular da Unicamp “muito interessante”. De acordo com ele, por ser uma prova aberta, ela exige muito mais do raciocínio do estudante. “Nesse tipo de exame, não basta que o vestibulando saiba a resposta certa. Além disso, ele precisa concatenar bem o argumento e saber colocá-lo no papel. Isso requer, entre outras coisas, um bom domínio da língua portuguesa”, analisa. Fã de Machado de Assis, João Francisco não dispensa outros tipos de literatura, como Harry Potter, de J.K. Rowling. “Ah, também procuro sempre ler um dos livros que aparecem na lista dos dez mais lidos da revista Veja”, acrescenta.

Com tantas opções, quais os motivos que levaram João Francisco a escolher a Unicamp para fazer a graduação? Conforme o próprio, a qualidade do ensino e a estrutura do curso foram os principais fatores. “Assim que tomei conhecimento do que era a Engenharia Química da Unicamp, não tive mais dúvida. Além disso, Campinas é uma ótima cidade, que abriga um importante pólo tecnológico”, justifica. Sobre o ingresso propriamente dito na Universidade, o garoto o enxerga como uma espécie de rito de passagem. “Já deu para perceber que será muito diferente do ensino médio. No Colégio Militar, eu acordava antes das 6 horas para passar minha farda e engraxar meu sapato. Aqui, não precisarei fazer mais isso, mas sei que terei que me dedicar muito aos estudos. Acho que vai ser um período de muito amadurecimento”.

Como cursou os três anos do ensino médio em escola pública, João Francisco teve direito a 30 pontos adicionais em sua nota, por conta do Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais) da Unicamp. Além disso, somou outros 10 pontos por ter se declarado pardo. Entretanto, mesmo que não tivesse esse tipo de abono, o garoto teria tido uma performance igualmente excelente. Acerca de seu futuro profissional, João Francisco cogita tornar-se pesquisador, provavelmente no segmento da biotecnologia. “Sou fascinado por temas que associam a química à biologia”, diz. Em tempo: como qualquer adolescente de 17 anos, ele também sonha em tirar a carteira de motorista o mais breve possível. “Isso vai facilitar muito a minha vida”, explica, para em seguida interromper a conversa para atender um telefonema. Era um jornalista da Rede Globo que queria agendar uma entrevista para o programa “Fantástico”. “Uau, era do Fantástico”, surpreende-se, com o entusiasmo natural da adolescência.

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