ANTONIO ROBERTO FAVA


O ensino de empreendedorismo, embora venha sendo tema de constantes debates nas universidades, ainda é um assunto pouco explorado.

Nesta segunda-feira (17), a partir das 9 horas, a matéria volta a ser debatida durante o Fórum Permanente de Empreendedorismo, que será realizado no auditório da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp (FEQ), organizado pelas Empresas Juniores da Universidade, com apoio da Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais da Unicamp (CORI) e Coordenadoria Geral da Universidade (CGU). Nesta entrevista ao Jornal da Unicamp, o diretor-presidente da Federação das Empresas Juniores do Estado de São Paulo (Fejesp), Victor Queiroz, fala dos propósitos do Fórum e da revolução do empreendedorismo no País.

JU - Que tipo de revolução o empreendedorismo apresenta no sistema educacional da universidade brasileira?

Victor Queiroz - O Brasil é o sexto país mais empreendedor do mundo, num universo de 31 países pesquisados. É também o sexto colocado no ranking dos piores países para se abrir uma empresa. Hoje, 99% das empresas do país são micro e pequenas, respondendo por uma boa parcela do PIB do Brasil. É nesse contexto que o empreendedorismo nas universidades se encaixa: a universidade não pode mais seguir apenas a orientação de preparar grandes pesquisadores para atuar nas grandes corporações. É preciso orientar o ensino e o ambiente universitário para que o jovem seja preparado para a carreira empreendedora, para abrir seu próprio negócio.

JU - Que tipo de estímulo é oferecido ao estudante?

Victor Queiroz - O empreendedorismo oferece a oportunidade de realização pessoal, visto que o estudante irá comandar seu próprio negócio, com outros colegas como sócios. Permite ao estudante criar uma consciência coletiva, de não pensar apenas no seu preparo para obter a sua vaga no mercado de trabalho, mas também ajudá-lo a pensar em como pode contribuir para o desenvolvimento do país por meio de sua empresa.

JU - Quais as principais experiências que o empreendedorismo tem trazido ao aluno?

Victor Queiroz - Tem permitido uma visão mais holística, envolvendo várias áreas do conhecimento, além da sua área de estudo. No curso, um jovem inserido no ambiente empreendedor adquire não apenas competências técnicas. Desenvolve um cidadão - e não apenas um profissional - mais preparado.

JU - Qual o impacto que tem provocado na sociedade civil?

Victor Queiroz - Empreendedorismo está diretamente ligado ao desenvolvimento econômico e social. Envolto por um ambiente empreendedor, que pode estimular maior geração de emprego e renda. A economia se desenvolve dessa forma.

JU - Como funciona a "Oficina do Empreendedor"?

Victor Queiroz - A Oficina envolve muito a mobilização do corpo docente e discente das universidades. Não é uma metodologia de ensino de empreendedorismo, mas de aprendizado de empreendedorismo.

JU - Quais os resultados obtidos nas escolas que adotaram o empreendedorismo?

Victor Queiroz - Verificou-se que os índices de geração de negócios, a partir de alunos de graduação, hoje são muito maiores e a manutenção das empresas no mercado, também. Sendo formadas por pessoas com nível superior e no ambiente de pesquisa e inovação das universidades, essas empresas novas carregam um potencial surpreendente, atuando basicamente em áreas de tecnologia de ponta, o que é importante para o desenvolvimento do país. Não precisamos que sejam abertas empresas com negócios de baixo valor agregado - padarias, lanchonetes, oficinas etc. Precisamos de empresas de ponta, e essas deverão surgir em dois ambientes: nas universidades e nos parques tecnológicos.

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