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Comentário

Os 40 anos da FCM

EUSTÁQUIO GOMES

Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp deu início na quarta-feira passada à programação de atividades de celebração de seus 40 anos de vida, três a mais que os que conta a própria Unicamp, da qual é a unidade embrionária.

A instalação da FCM, em 1963, coroou um exemplo notável de luta coletiva por um objetivo social programático. Já na década de 40 a cidade de Campinas contava com 14 hospitais e um corpo médico que cobria praticamente todas as especialidades clínicas e cirúrgicas. A reivindicação de uma escola médica era, nessas circunstâncias, não somente uma questão de justiça mas até mesmo de lógica.

Lutando contra o cartorialismo de sucessivos governos, que criavam faculdades no papel mas não as materializavam, a sociedade campineira soube organizar-se e traçar um plano de ação com tarefas bem definidas cujos executores souberam pressionar e ou sensibilizar a um só tempo o legislativo, o executivo, a imprensa, os clubes de serviços e assim por diante. Num exemplo de obstinação e despreendimento, esses combatentes da sociedade civil de Campinas - nenhum deles alimentando qualquer pretensão acadêmica - se esfalfaram durante mais de uma década, superando todos os obstáculos políticos, até alcançar seu objetivo final.

Seu trabalho coeso e eficiente lembrava o de uma ONG do nosso tempo, tão bem articulado foi. Não se podia imaginar, é claro, que o plano da faculdade trazia embutida uma realidade maior, que emergiria do visionarismo de um personagem novo que logo entraria em cena, o parasitólogo Zeferino Vaz. Zeferino, um fundador de escolas - já havia criado, entre outras, a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto -, sonhou ainda mais alto e logrou planejar uma universidade inteira a partir do sonho dos campineiros.

Pode-se dizer, hoje, que a grandeza da Unicamp foi pautada, em muitos aspectos, pela qualidade e densidade acadêmica que logo apresentaria esta que é a sua unidade-mater. Grandeza que correu paralela com a da universidade graças ao adensamento do ensino, da pesquisa e da formidável área de atendimento médico-hospitalar que se foi se instalando, aos poucos, em torno da FCM.

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