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Projeto avalia impactos
de pesquisas na agricultura

Metodologia desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Geociências pode ser utilizada por gestores de instituições públicas e de empresas

JOSÉ PEDRO MARTINS



Uma metodologia inovadora no Brasil, para a avaliação dos impactos de pesquisas científicas, foi desenvolvida pelo Grupo de Estudos sobre Organização da Pesquisa e da Inovação (GEOPI) do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências da Unicamp. A nova metodologia foi desenvolvida como um instrumental a ser utilizado por gestores, pesquisadores e analistas de instituições públicas ou organizações privadas, na sensível tarefa de avaliação de projetos e tomada de decisões.

Resultado do Projeto "Políticas Públicas para a Inovação Tecnológica na Agricultura do Estado de São Paulo: métodos para avaliação de impactos da pesquisa", financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep, agência de fomento do Ministério da Ciência e Tecnologia), a metodologia desenvolvida no Instituto de Geociências (IG) da Unicamp tem como uma de suas características inovadoras a abertura para avaliação não apenas dos impactos econômicos de um projeto de pesquisa, como normalmente ocorre. O instrumental metodológico permite igualmente a avaliação dos impactos sociais, ambientais e em termos de capacitação tecnológica decorrentes de uma pesquisa científica.

"O objetivo era encontrar uma abordagem que não fosse reducionista, mas multidimensional, ou seja, que considerasse várias dimensões no momento de avaliação dos impactos de uma pesquisa", afirma o economista André Tosi Furtado, professor do DPCT-IG-Unicamp e que integrou o grupo responsável pelo desenvolvimento da metodologia. O professor Furtado nota que as poucas metodologias existentes para avaliação dos impactos de pesquisas geralmente se restringem a uma dimensão, sobretudo a econômica.

Outra característica inovadora da metodologia foi a sua formulação com base em um trabalho em rede, integrando várias instituições parceiras, como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC-RJ) e Bureau d´Economie Théorique et Appliquée (Beta), ligado à Universidade de Estrasburgo (França).

A professora Maria Beatriz Machado Bonacelli, também do DPCT-IG-Unicamp, lembra que a metodologia batizada de ESAC (sigla das dimensões econômica, social, ambiental e de capacitação) foi estruturada para a avaliação de dois programas de pesquisa coordenados pelo IAC, sobre aspectos do desenvolvimento tecnológico nas duas principais culturas agrícolas do Estado de São Paulo, a cana-de-açúcar e a laranja. Por este motivo foi idealizado um trabalho em rede, que envolvesse diferentes instituições de pesquisa e de gestão na área agrícola e de agronegócios.

Como a própria natureza da metodologia multidimensional exigia, estiveram envolvidos nos últimos dois anos, em um esforço coletivo, profissionais de diferentes formações das instituições integradas em rede, como economistas, sociólogos, ecólogos e agrônomos. "Desenvolver uma metodologia de avaliação de pesquisa com um caráter multidimensional seria certamente um trabalho complexo, e que apenas seria realizado por uma equipe multidisciplinar", salienta o professor André Furtado.

Inicialmente, explica o professor do DPCT-IG-Unicamp, foram criadas as bases conceituais para o modelo de avaliação dos impactos de cada dimensão estudada. "Esse trabalho conceitual já exigiu um grande envolvimento da equipe, porque se tratava de uma nova perspectiva de avaliação dos resultados de pesquisas científicas", completa.

Em seguida foi trabalhada a integração entre as várias dimensões consideradas, até que fosse formulada uma visão sintética que constituísse a base da nova metodologia de avaliação de impactos de pesquisas. Foram consideradas de 80 a 100 variáveis diferentes na montagem do instrumental metodológico.

A etapa final foi a aplicação da metodologia em trabalho de campo, para avaliar os impactos econômicos, sociais, ambientais e de capacitação dos programas de pesquisa em cana-de-açúcar e laranja implementados pelo IAC. Foram três meses de trabalho de campo, com visitas a mais de 20 cidades das principais regiões produtoras de cana e laranja em território paulista.

O professor André Furtado acentua que a avaliação dos impactos de pesquisas em Ciência, Tecnologia e Inovação é essencial nas sociedades modernas, e de modo especial


Software como ferramental

No dia 21 de maio, no auditório do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), foram apresentados os principais resultados do Projeto "Políticas Públicas para a Inovação Tecnológica na Agricultura do Estado de São Paulo: métodos para avaliação de impactos da pesquisa". Também foi feita uma projeção da aplicação da metodologia ESAC de avaliação de impactos em programas tecnológicos na indústria e no setor de serviços, assim como da seqüência e expansão da múltipla rede de pesquisa formada a partir do Projeto financiado pela Fapesp e Finep.

Participaram do encontro representantes de todas as instituições envolvidas. No dia seguinte, 22 de maio, em encontro no Laboratório de Informática do Instituto de Geociências da Unicamp, houve a capacitação de membros das instituições parceiras no software que resultou do Projeto. É um software que poderá ser utilizado, portanto, na avaliação de impactos de pesquisas, considerando a metodologia ESAC, e na tomada de decisões pelas instituições de pesquisa e de fomento.

Uma das preocupações centrais do Projeto plurinstitucional, como nota o professor André Furtado, era exatamente com a capacitação e transferência da metodologia desenvolvida, em coerência com a inclusão da dimensão Capacitação no instrumental ESAC de avaliação dos impactos de pesquisas científicas e tecnológicas.


As estrelas do agrobusiness

As culturas de cana-de-açúcar e de laranja representam, de longe, os principais produtos agrícolas do Estado de São Paulo, envolvendo negócios milionários e repercutindo de modo expressivo para a balança comercial do Brasil. Os dois segmentos concentram boa parte dos investimentos feitos nos últimos anos em Ciência, Tecnologia e Inovação pelo dinâmico setor de agronegócios no país.

O setor sucroalcooleiro em São Paulo é representado por 120 usinas de açúcar e álcool. A área plantada foi de 3,164 milhões de hectares em 2002, representando um acréscimo de 1,5% em relação à safra anterior. A produção de cana em território paulista foi de 212,707 milhões de toneladas na safra passada, e a projeção para este ano, do Instituto de Economia Agrícola (IEA), é de 220,667 milhões de toneladas.

Em 2002 a cana respondeu por 28,28% (correspondentes a R$ 5,91 bilhões) da produção agrícola de São Paulo. As exportações paulistas de açúcar e álcool somaram US$ 1,57 bilhão, representando 68,7% das vendas externas brasileiras no setor.

A produção de laranjas em 2002 foi de 361,74 milhões de caixas de 40,8 kg, em uma área plantada de 661 mil hectares. A estimativa para 2003, do IEA, é de uma produção um pouco menor, de 348,78 milhões de caixas de 40,8 quilos (312 milhões de caixas na região citrícola e 36 milhões nas áreas não-tradicionais, cuja produção é voltada ao mercado interno), em razão de questões climáticas. Mais da metade dos 645 municípios produz laranja em São Paulo, maior produtor e exportador mundial. O setor citrícola movimenta cerca de US$ 5 bilhões por ano no Brasil.


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