| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 393 - 21 de abril a 4 de maio de 2008
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Dissertação aborda fronteiras
de gênero no ensino fundamental

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A professora Simone Cecília Fernandes: interação ocorre quando criança está distante de situações institucionalizadas (Foto: Divulgação)Há uma fase na vida das crianças em que a disputa entre meninos e meninas é visível. Mas, afinal, em quais espaços essas diferenças são mais acentuadas? Uma pesquisa etnográfica desenvolvida pela professora de Educação Física Simone Cecília Fernandes trouxe à tona a discussão sobre gênero nas séries iniciais do ensino fundamental.

Na dissertação de mestrado, apresentada na Faculdade de Educação Física e orientada pelo professor Jocimar Daolio, Simone apurou que longe dos olhares dos professores, coordenadores ou inspetores, as crianças não reproduzem as fronteiras entre masculino e feminino. Ela tomou como objeto de estudo uma escola pública de Campinas e, nas aulas de Educação Física, avaliou o comportamento das garotas e garotos em situações que estavam, de alguma maneira, desobrigadas das normas disciplinares.

“Quando estavam em atividades dirigidas, as crianças esboçavam sentidos fronteiriços. No entanto, quando estavam distantes das situações institucionalizadas, elas interagiam entre si, sem expressar essas fronteiras”, concluiu a pesquisa. Em três momentos diferentes, a professora de Educação Física observou a formação de grupos heterogêneos e brincadeiras em conjunto que contrariam a idéia de repulsa entre os gêneros.

Segundo Simone, na instituição escolar o aspecto das diferenças sociais está presente o tempo todo e, em vários momentos, existe a separação de grupos de garotas e garotos. A própria seleção de conteúdo para as atividades pode ser restritiva a um e a outro. “Há um padrão de gênero que estabelece às meninas um ideal de beleza e aos meninos um vínculo aos esportes. Com isso, o trabalho escolar muitas vezes pode ampliar o sentido desta separação. Por isso, espero que o trabalho contribua para superar as assimetrias de gênero que porventura se materializam no cotidiano escolar”, declara Simone.

Outra questão abordada em sua discussão relaciona-se às articulações entre gênero e relações raciais, ou seja, as discriminações que ocorrem nas relações escolares. “As crianças que fogem ao padrão são descriminadas”, destaca Simone. Ela descreve várias situações de conflito racial presentes na escola em que as meninas negras são expostas, como também em casos de colegas que se recusam a dar as mãos ou situações nas quais as características étnicas dessas crianças são transformadas em apelidos ofensivos.

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