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Módulo permite
motorizar cadeiras de rodas

CARMO GALLO NETTO

A pesquisadora Flávia Bonilha Alvarenga: módulo de custo baixo e que pode ser utilizado coletivamente (Foto: Antoninho Perri)Usuários de cadeira de rodas manual precisam de ajuda para vencer rampas de acesso, pois de outra forma seriam obrigados a grande esforço físico. Uma boa alternativa para minimizar esse desgaste é o desenvolvimento de um módulo de locomoção motorizado, que pode ser acoplado a cadeiras de rodas manuais convencionais, quando o usuário prevê a subida de rampas ou longos percursos. Seu protótipo funcional está pronto e em adiantado processo de patente, aguardando empresas interessadas em implementá-lo. O módulo de locomoção resultou da dissertação de mestrado de Flávia Bonilha Alvarenga, orientada do professor Franco Giuseppe Dedini, do Departamento de Projeto Mecânico da Faculdade de Engenharia Mecânica (FCM).

Equipamento é concebido para superar rampas e distâncias

A idéia surgiu da constatação de que há uma necessidade crescente de produtos que atendam a pessoas com necessidades especiais, possibilitando-lhes a melhoria da qualidade de vida e a inclusão social. “Para muitas delas, a independência é a conquista mais significativa. Uma das dificuldades enfrentadas pelos usuários é o custo da cadeira de rodas motorizada, o que leva a grande maioria a se conformar com a cadeira manual. Como essas cadeiras convencionais são largamente utilizadas no Brasil, pensamos que seria muito útil e prático motorizá-las, acoplando um módulo de locomoção. Foi o que fizemos”, justifica Flávia Alvarenga.

Além do custo inacessível, a pesquisadora aponta outros problemas em relação às cadeiras motorizadas, como o peso, a limitada autonomia das baterias, a dificuldade para seu transporte e na montagem, desmontagem e manutenção. Ela também constata que, sendo totalmente controladas eletronicamente, essas cadeiras contribuem para o sedentarismo, visto que o usuário deixa de exercitar os membros superiores. Em comparação com tais aspectos, a cadeira de rodas manual, ao contrário, oferece maior agilidade, leveza e facilidade de transporte quando dobrável. Com o módulo de locomoção, exercitar-se passa a ser uma opção, já que o equipamento pode ser colocado para percursos mais difíceis e retirado para distâncias curtas e pequenos obstáculos.

“Foi levando em conta as vantagens e desvantagens dos modelos manual e motorizado, que desenvolvemos este módulo de locomoção. O usuário pode usufruir os benefícios da cadeira motorizada sem perder a liberdade que o modelo manual proporciona”, reitera Flávia Alvarenga. Um grande benefício, contudo, é o custo muito baixo do dispositivo. Segundo a pesquisadora, o preço de uma cadeira motorizada varia de R$ 4 mil a mais de R$ 20 mil, dependendo dos recursos oferecidos no modelo, ao passo que as cadeiras convencionais estão na faixa de R$ 120 a R$ 4 mil. O custo deste módulo com tecnologia nacional está estimado em R$ 600, quando o do kit importado pode chegar a 7.500 dólares.

Flávia Alvarenga destaca ainda que o módulo de locomoção pode ser utilizado coletivamente, sem que os usuários de cadeiras de rodas convencionais tivessem a necessidade de adquiri-lo. “Ele seria disponibilizado em supermercados, shoppings, universidades e outros locais públicos. Bastaria ao usuário prender o módulo em sua cadeira manual e utilizar o sistema de controle que o acompanha para se mover através do sistema motorizado”, pondera.

Projetos inclusivos – Em sua tese de doutorado, já em fase de redação, Flavia Alvarenga ampliou a pesquisa sobre as necessidades dos usuários de cadeiras de rodas, apresentando uma metodologia para orientar o desenvolvimento dos chamados produtos inclusivos. Casos, por exemplo, de um controle remoto ou de um telefone celular que possam ser utilizados por pessoas com limitações motoras. Segundo a pesquisadora, a indústria estaria ampliando seu mercado por meio de um produto inclusivo que tornasse mais fácil seu uso, beneficiando não apenas aos portadores de deficiências, mas crianças e idosos. Flávia Alvarenga acrescenta que uma metodologia de projeto permitirá definir as diretrizes a serem seguidas pela indústria, em busca de produtos com características peculiares. Sua pesquisa levou em conta aspectos sensoriais, visuais, auditivos e cognitivos, de forma que o produto desenvolvido apresente recursos mais visíveis e funcionais.


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