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Método testado com sucesso por engenheiro
na FEC pode ser implantado em pequenas comunidades


Engenheiro usa bambu, areia e
pedra em tratamento de esgoto

CARMO GALLO NETTO

O engenheiro químico Adriano Luiz Tonetti, autor da tese: terceiro reator transforma parte dos nitratos em nitrogênio

Método para tratamento de esgotos e obtenção de água para reúso, utilizando filtro anaeróbio preenchido com anéis de bambu, combinado com filtro de areia e reator de desnitrificação, foi pesquisado pelo engenheiro químico Adriano Luiz Tonetti. O sistema, destinado a pequenas comunidades e avaliado quanto a parâmetros físicos, químicos e biológicos, originou tese de doutorado que acaba de ser apresentada ao Departamento de Saneamento e Ambiente da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Unicamp. Tonetti foi orientado pelos professores Bruno Coraucci Filho e Roberto Feijó de Figueiredo.

Efluente pode ser usado para vários fins

O trabalho se reveste de importância quando se sabe que cerca de 50% dos municípios brasileiros não contam com saneamento básico. Mesmo nos centros urbanos que o mantêm, as distâncias não permitem que chegue à área rural ou a núcleos populacionais mais afastados constituídos de bairros e condomínios. A dispersão das moradias na zona rural, onde vivem mais de trinta milhões de habitantes, dificulta também a instalação de métodos convencionais de tratamento de esgotos.

Embora principalmente a partir dos anos 90 os serviços de saneamento básico tenham sido ampliados para cidades com mais de 300 mil habitantes, nos agrupamentos urbanos menores é crônica a deficiência sanitária. Na maioria dos casos, os dejetos são lançados in natura no ribeirão mais próximo ou escorrem pelo arruamento, comprometendo corpos hídricos e a saúde dos moradores.

Com base nessas constatações, Tonetti considera importante desenvolver sistemas de tratamento baratos e acessíveis a comunidades carentes com baixo poder aquisitivo. Ele lembra que desde 1996 a Unicamp vem realizando pesquisas nesse sentido. Um dos sistemas estudados é o do tratamento de esgotos sanitários por filtros anaeróbios (em que não há a presença de oxigênio livre) com enchimento de bambu, de baixo custo e pouca demanda de energia, mas que não realiza a remoção de nutrientes e matéria orgânica de forma suficiente e, por isso, exige um pós-tratamento para o efluente. Essa limitação levou o grupo de pesquisa a introduzir um filtro de areia após o filtro anaeróbio, de instalação e operação simples e manutenção mínima e que conduz a resultados que atendem à legislação vigente.

Mesmo assim, ao final do processo havia grande geração de nitratos provenientes das transformações verificadas nos estágios anteriores e que, se presentes acima de determinados limites, comprometem os sistemas hídricos. Este problema foi solucionado ao adicionar ao conjunto um terceiro reator, também de grande simplicidade construtiva e operacional, que transforma parte dos nitratos em gás nitrogênio, pouco solúvel em água e liberado para a atmosfera em que constitui 78% do ar respirado.

Estava construído um sistema simplificado para o tratamento de esgotos de pequenas comunidades, composto por três estágios. No primeiro, um filtro anaeróbio com recheio de bambu em que os microorganismos que se desenvolvem na superfície do bambu se alimentam dos compostos orgânicos e nutrientes contidos no esgoto. No segundo estágio, um filtro de areia em que os contaminantes orgânicos são depurados pelos microorganismos em processo aeróbio e dão origem a gás carbônico e água, e os compostos nitrogenados, na forma orgânica e amoniacal, se transformam em nitratos. Finalmente, o reator que contém pedra brita e é responsável por transformar parte significativa dos nitratos em nitrogênio. O efluente que resulta do tratamento pode ser utilizado na descarga sanitária, lavagem de calçadas, jardinagem, irrigação ou descartado nos cursos d’água, após uma simples desinfecção.

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