Edição nº 621

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 30 de março de 2015 a 12 de abril de 2015 – ANO 2015 – Nº 621

Água é tema de mostra na BC


As bibliotecárias Fernanda Cristina Festa Mira e Isabella Nascimento Pereira:  exposição inéditaA Área de Coleções Especiais e Obras Raras da Biblioteca Central Cesar Lattes (BCCL) expõe, até o final de maio, 18 livros que abordam a temática água. São obras iconográficas com imagens de águas brasileiras, relatórios sobre a seca, viagens por via fluvial e celebrações religiosas. A mostra é aberta ao público em geral e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9 às 17h30, no 3º piso da BCCL, à rua Sérgio Buarque de Holanda, no campus da Unicamp.

A exposição foi montada pelas bibliotecárias Fernanda Cristina Festa Mira e Isabella Nascimento Pereira. Esta é a primeira vez que a Área de Coleções Especiais realiza uma mostra sobre o assunto.

Um dos destaques é o relatório em que o engenheiro Lysandro Pereira da Silva, na época chefe titular da subdivisão da Prefeitura Municipal de São Paulo e professor na escola Politécnica da USP, comenta o projeto de retificação do Rio Tietê elaborado por Saturnino de Brito. Outro relatório em exposição trata da consultoria solicitada pelo então presidente do Estado, Bernardino de Campos, ao renomado sanitarista Estevan Antonio Fuertes sobre o desenvolvimento do primeiro projeto de saneamento para a cidade e para o porto de Santos. Ambos são do século XIX.

A seguir, a entrevista concedida pela bibliotecária Fernanda Mira ao Portal Unicamp.

 

Portal Unicamp - Por que a Área de Coleções Especiais está expondo uma mostra que envolve o tema água?

Fernanda Cristina Festa Mira - Pelo fato de a questão da água (ou a falta dela) ter se tornado um assunto bastante discutido no momento. Foi por isso que procuramos reunir obras que abordassem as variadas facetas da temática tendo a água como fonte de vida, indo além de seu uso essencial, prático e racional. Os livros escolhidos abordam o uso simbólico da água e a sua celebração como elemento de purificação e de poesia. A ideia central é mostrar a riqueza material e cultural da água com a finalidade de produzir reflexão aos visitantes sobre o quão pode ser danosa a sua escassez.

PU - Como foi o processo de seleção das obras expostas?

Fernanda - Realizamos uma pesquisa para identificar os materiais que temos disponíveis em nossas coleções. Após esse trabalho, as obras são reunidas por afinidade específica dentro da temática central. Esse processo é realizado por duas bibliotecárias e, a cada três meses, montamos uma exposição temática.

PU - O que os relatórios e as obras iconográficas abordam e a que século pertencem?

Fernanda - Os dois relatórios em exposição são obras do século XIX que abordam a retificação do rio Tietê e o saneamento da cidade e porto de Santos. No primeiro, o engenheiro Lysandro Pereira da Silva, na época chefe titular da subdivisão da Prefeitura Municipal de São Paulo e professor na escola Politécnica da USP, comenta o grande projeto de retificação do Rio Tietê elaborado por Saturnino de Brito. Já o segundo relatório é fruto da consultoria solicitada pelo então presidente do Estado, Bernardino de Campos, ao renomado sanitarista Estevan Antonio Fuertes, para desenvolver o primeiro grande projeto de saneamento para a cidade e do porto de Santos. As imagens iconográficas retratam os recursos hídricos espalhados pelo Brasil.

Araquém Alcântara e Otávio Rodrigues retratam em “Águas do Brasil”, de 2007, aproximadamente 130 imagens sobre mar, rios, cachoeiras, animais e pessoas que vivem das águas. Na obra “O rio Pinheiros”, de 2002, são apresentadas: a gênese do relevo paulista, a ocupação das margens, o aproveitamento dos recursos hídricos e as obras necessárias, além de projetos como o Projeto Pomar Urbano que desde 1999 promove medidas que visam revitalizar as margens do rio Pinheiros.

A obra “Museu da Água ‘Francisco Salgot Castillon” conta a história do museu localizado na cidade de Piracicaba. No local funcionou a primeira Estação de Captação e Bombeamento de Água da cidade, construída em 1887.

PU - Há alguma obra em que a água aparece como elemento simbólico?

Fernanda - Sim. Na obra “Festas nas águas: fé e tradição nos rios e mares do Brasil”. Ela aparece como elemento simbólico de purificação, de culto, de limitador de fronteiras e de motivadora de guerras. É a expressão da cultura popular e a sua relação com a água.

PU - Em que local o material está exposto para visitação pública?

Fernanda - Os livros especiais estão expostos em seis vitrines localizadas no corredor que dá acesso a Diretoria de Coleções Especiais e Obras Raras (em frente ao elevador). Os demais livros encontram-se dentro da Sala de Obras Raras e podem ser vistos do vidro que separa esta sala da sala de consulta.

PU - Em se tratando de obras de coleções especiais, qualquer pessoa pode manipulá-las?

Fernanda - Sim. Qualquer usuário pode consultar as obras, desde que preencha uma ficha de identificação e assine que está ciente do regulamento de seu uso e manuseio. O que não permitimos é o consumo de alimentos e bebidas por motivos de segurança e conservação do acervo; também não permitimos o uso de caneta para anotações, somente lápis. Para o manuseio das obras disponibilizamos luvas. Todos os materiais, especiais e raros, não circulam e não são passíveis de empréstimo. Eles devem ser consultados exclusivamente na sala de leitura.

PU – Quais mostras já foram realizadas pela Área de Coleções Especiais?

Fernanda – Já expusemos obras que envolvem datas comemorativas de grandes autores da literatura, como, por exemplo, o “Centenário de Jorge Amado” (2011) e os “90 anos de Lygia Fagundes Telles” (2012); de acontecimentos históricos, como os “90 anos da Semana de Arte Moderna de 1922” (2012) e “Exposição de livros vetados pela Ditadura Militar” (2014); ou para divulgar obras do acervo, como as exposições dos periódicos “Propaganda é a alma do negócio? As marcas que fizeram história...”, e “Modas e costumes através dos tempos”; ou ainda exposições direcionadas a eventos organizados pela Universidade, como “Folclore e Literatura de Cordel: mostra de livros e folhetos”, na edição Unicamp de Portas Abertas de 2013.

(Hélio Costa Júnior)