Edição nº 608

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 26 de setembro de 2014 a 05 de outubro de 2014 – ANO 2014 – Nº 608

Membrana filtrante inativa bactérias presentes na água

Patenteada e disponível para licenciamento, tecnologia tem várias aplicações

Pesquisadores do Instituto de Química (IQ) da Unicamp desenvolveram um processo para obtenção de membranas que podem ser empregadas em ultrafiltração, purificação e desinfecção de água, servindo como uma das etapas para torná-la própria para consumo. A tecnologia desenvolvida propõe um novo material filtrante, com alta capacidade antibacteriana, que demostrou, por meio de testes, ser capaz de inibir 100% das células bacterianas viáveis. 

“A tecnologia pode ser utilizada no tratamento de água, mas tem diversas outras aplicações”, afirma a professora Maria do Carmo Gonçalves, que atua na área de blendas, compósitos e nanocompósitos poliméricos e foi uma das responsáveis pela invenção, com o professor Oswaldo Luiz Alves, e com as pesquisadoras Ana Carolina Mazarin de Moraes, Andréia Fonseca de Faria e Patricia Fernanda Andrade – todos do Laboratório de Química do Estado Sólido (LQES). 

Intitulada “Membranas poliméricas porosas antibacterianas”, a tecnologia demorou cerca de um ano e meio para ser desenvolvida, já foi patenteada e está disponível para licenciamento de empresas interessadas junto à Agência de Inovação Inova Unicamp. Segundo os autores da pesquisa, a tecnologia é de interesse para diversos setores industriais – tais como farmacêutico, alimentos, saneamento e higiene – mas não descartam a área de saúde pública, uma vez que hospitais sofrem significativas perdas anuais devido à contaminação de produtos e de superfícies por microrganismos patogênicos. 

Na opinião de Alves, empresas que tenham interesse em aspectos ligados a materiais com propriedades antibacterianas podem se beneficiar do licenciamento dessa tecnologia, reconhecendo que ainda há uma lacuna no mercado a ser preenchida. “As membranas podem ser empregadas na indústria de alimentos, como na de vinho e de derivados do leite, por exemplo. Temos um mercado muito promissor, pois o país ainda importa tanto o material filtrante quanto os módulos de filtração”, aponta Maria do Carmo. Alves acrescenta que o material também tem grande potencial para ser utilizado no setor de embalagens, no qual a questão da assepsia é importante.


Biodegradável

O material proposto pelos pesquisadores do IQ é uma membrana de material biodegradável contendo óxido de grafeno decorado com nanopartículas de prata. Os responsáveis pela tecnologia realizaram testes com três concentrações diferentes de carga de óxido de grafeno e nanopartículas de prata e todas apresentaram inibição de 100% das células viáveis das bactérias Escherichia coli e Staphylococcus aureus, após duas horas de contato com a membrana desenvolvida. Como os dois microrganismos podem ser considerados indicadores de qualidade de água, a tecnologia demonstrou um excelente potencial para redução das cargas microbianas em soluções aquosas. 

Ana Carolina elenca pelo menos três importantes diferenciais presentes na tecnologia. Segundo ela, o primeiro deles é a utilização de acetato de celulose, que é um polímero biodegradável derivado de materiais celulósicos abundantes na natureza e fabricado em grandes quantidades, levando em consideração o atual cenário no qual os descartes de produtos que agridem menos o meio ambiente, ganham cada vez mais espaço no mercado. 

Outro diferencial importante é que a liberação de nanopartículas de prata, suportadas em óxido de grafeno, pode ser controlada, prolongando a ação bactericida da membrana e inibindo a formação de biofilme. “Isso favorece que tais membranas também possam ser utilizadas em processos de osmose reversa, na purificação do ar e como material de revestimento de embalagens”. 

Por fim, a professora aponta que a tecnologia pode ser facilmente escalonada. Por se tratar de uma tecnologia promissora, Alves revela que novas pesquisas com a tecnologia estão sendo desenvolvidas. “A pesquisa continua no sentido de buscar novas aplicações para o material”, revela o docente. 

Interessados no licenciamento da tecnologia devem entrar em contato com o Setor de Parcerias da Agência de Inovação Inova Unicamp, pelo endereço de email ou pelos telefones (19) 3521-2552 ou 3521-2607. 

Comentários

Comentário: 

Parabéns Oswaldo e equipe.

Mais uma vez contribuindo para a ciência e a tecnologia brasileiras.

Tomaz

tomaz@nipeunicamp.br