Edição nº 558

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 22 de abril de 2013 a 29 de abril de 2013 – ANO 2013 – Nº 558

Atendimento a feridos nas rodovias pelas concessionárias é eficiente

Enfermeira detalha a logística de socorro pré-hospitalar oferecida por cada empresa da RMC

Vinte e quatro horas por dia. Todos os dias da semana. É um contingente grande de médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares e resgatistas de prontidão para o socorro imediato às vitimas de acidentes nas rodovias da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Eles formam um esquadrão que, com o auxílio de equipamentos de última geração e ambulâncias modernas, consegue prestar não só o socorro no local, como também providenciar o encaminhamento dos feridos para os hospitais mais próximos.

“O atendimento é muito rápido, uma vez que se exige em contrato que eles deixem a base em até um minuto e removam os feridos da estrada em até 15 minutos. Com isso, o funcionamento do serviço médico móvel nas estradas pode ser considerado seguro, sincronizado e eficiente”, atesta a enfermeira Cleuza Aparecida Vedovato. Ela apresentou dissertação de mestrado na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) com uma descrição detalhada da logística do atendimento pré-hospitalar oferecido pelas quatro concessionárias de rodovias que atendem a RMC.


Em sua atuação como professora no Serviço de Emergência e Urgência do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, Cleuza Vedovato percebeu a importância de deixar registrado o funcionamento desta área, visto que detalhes que acontecem no atendimento inicial às vítimas são fundamentais para direcionar as ações no hospital. “Os impressos de registros dos atendimentos realizados pelas equipes, por exemplo, indicam a terapêutica a ser adotada. Além disso, esses mesmos impressos oferecem o respaldo legal para os envolvidos e para um estudo retrospectivo do acidente”, explica.

A lei que regulamenta o serviço de emergência no país, a de número 2.048, é recente. Ela data de dezembro de 2002 e dispõe sobre as exigências para o serviço público e privado. Segundo a enfermeira, são várias as pesquisas que se incumbem de mostrar o funcionamento do atendimento público, em geral, realizado na esfera municipal. Mas, com relação às características do serviço privado, que são realizados especificamente em rodovias, não existia nenhum tipo de registro. “A grata surpresa foi observar que as concessionárias cumprem os dispositivos previstos em lei”, afirma. Cleuza Vedovato fez visitas a todas as concessionárias da RMC para traçar uma radiografia do serviço oferecido. Entrevistou os coordenadores, verificou os materiais e equipamentos presentes nas viaturas e teve acesso a documentos. Também apurou como é realizada a comunicação do atendimento pré-hospitalar com o local do encaminhamento. Tudo está relatado e são informações úteis para quem trabalha em urgência e emergência em hospitais e em pronto-atendimento.

A pesquisa mostrou que a frota de veículos em cada concessionária, em média, é de nove viaturas para atendimento básico e uma para o suporte avançado. O número de profissionais contratados pelas concessionárias é significativo. Cada empresa possui em média dez médicos, sete enfermeiros, 38 técnicos e 40 resgatistas. Em sua maioria, são homens, com média de idade de 34 anos. As solicitações podem ser acionadas pelo SOS Usuário, nos telefones de emergência instalados a cada quilômetro da estrada ou por ligação gratuita. Os centros de controle operacional, instalados na sede de cada concessionária, recebem as chamadas e o médico de plantão, que faz a regulação, “dispara” o atendimento com a ambulância básica e, se houver necessidade, médico e enfermeiro de plantão também se dirigem até o local do acidente.

O médico e o enfermeiro permanecem na base do centro operacional 24 horas, enquanto os demais membros da equipe do atendimento de emergência ficam distribuídos em bases operacionais nas ambulâncias básicas, ao longo da malha viária da concessão. “A descentralização tem como finalidade diminuir o tempo de resposta, pois as viaturas e suas equipes atendem em uma região pré-determinada”, explica a autora da dissertação.

Após a avaliação do grau de complexidade dos ferimentos, as vítimas são removidas para hospitais e pronto-atendimentos previamente visitados, avaliados e classificados pelos coordenadores médicos. É interessante observar, destaca Cleuza Vedovato, que o médico ou enfermeiro de plantão realiza contato diário com os hospitais e pronto-atendimento de cada cidade para verificar a disponibilidade de acolhimento, bem como os recursos materiais e equipamentos disponíveis para aquelas 24 horas.

“Quando há um aparelho quebrado ou falta de equipamentos fundamentais para o diagnóstico e manutenção da vida, a informação é repassada para o coordenador para que seja feita a regulação respeitando o déficit daquele serviço, sem prejuízo às vítimas atendidas”, esclarece. As equipes são capacitadas constantemente durante o horário de trabalho e de maneira informal. Elas recebem apostilas, manuais, vídeos e aulas a serem estudados e, na sequência, passam por testes de múltipla escolha ou por perguntas sobre o assunto.

O que ficou evidente, segundo a enfermeira, foi a diversificação na forma de gerir tais processos nas empresas concessionárias. Há aquelas que terceirizam o trabalho e apenas o coordenador é contratado, bem como outras em que todos os profissionais são contratados. Uma delas contrata o pessoal por horas trabalhadas.

Publicação

Dissertação: “Logística do atendimento do serviço pré-hospitalar móvel das concessionárias de rodovias”
Autora: Cleuza Aparecida Vedovato
Orientadora: Maria Inês Monteiro
Coorientadora: Ana Paula Boaventura
Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)